Mesmo sendo uma concubina de escalão inferior,
acabou assumindo o comando do país quando deu a luz ao único filho do imperador
Xianfeng. Contam que ela era implacável e intolerante. Tanto que nunca aceitou
qualquer modernização no país. Quando a alvorada do século XX prenunciava
transformações em todo o mundo, Cí Xí esmagou a tentativa do príncipe Gong, em
1884, de modernizar a China. Ele acabou preso no próprio palácio, impedido de
sair. E ela seguiu regendo os destinos da China, por 47 anos, sendo a
responsável por mais de 12 milhões de mortes durante o seu reinado.
A história registra que foi ela quem incentivou o
chamado “Levante dos boxers” (em 1900). Essa rebelião foi liderada por uma
sociedade secreta, adepta de lutas marciais, que lutava contra tudo o que fosse
estrangeiro no país. O levante, no início do século XX, matou quase 300
estrangeiros e outros tantos chineses cristãos, o que provocou a formação de um
exército internacional que entrou em Pequim e saqueou a cidade. A realeza, que
havia patrocinado a barbárie, só se salvou porque entregou os boxers e pagou
indenização à força estrangeira. Desde aí, a ocupação estrangeira só aumentou.
O tiro de Cí Xí saiu pela culatra.
Contam que ainda assim ela seguiu vivendo na
riqueza. Em seu palácio de verão, todos os dias, eram colocadas à disposição da
imperatriz mais de 10 mil frutas. Ela não comia qualquer delas, apenas gostava
do cheiro. Na sua cozinha, esperavam, diariamente, 100 diferentes pratos. Ela só
escolhia o que ia comer na hora da refeição.
Beliscava um e outro. O resto ia fora. Nunca tocou em nada da terra.
Apenas comia o que vivesse no mar ou no ar. Chegou a construir um barco, todo
em mármore, que ficava fixo no rio, onde ela costumava ver o pôr-do-sol. O seu
palácio ostenta o passeio mais longo do mundo, com 778 metros, que ligava a
casa principal ao rio. Dizem as más (ou boas) línguas, que quem desfrutou de
tudo aquilo foi o seu amante, sempre protegido.
Cí Xí morreu em 1908 e o seu neto seria o último
imperador da China, caindo durante a revolução comandada por Mao Tsé Tung.
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