terça-feira, 26 de abril de 2022

O banho


Quem cuida de velhinho com Alzheimer sabe, o banho é um momento difícil. Mas, a gente vai aprendendo. Demorei muito pra entender que o chuveiro jamais pode ser usado, eles sentem medo, um medo profundo. Então, tem de usar o chuveirinho e ir molhando devagar, desde o pezinho até chegar ao pescoço. Mas, até chegar ao box dá um eito. 

Na fase atual do pai ele está com muita dificuldade de andar, então já não consegue mais sair correndo. Eu procuro levar ele para o banheiro logo que acorda, quando ainda está meio atordoado, despertando. É só ver que ele sentou na cama, já chamo o Renato, ele o ergue e vamos levando para o box. Aí é só lavar. Ele briga um pouquinho, mas logo relaxa.

Mas, se ele desperta bem despertadinho, a coisa complica. Ele finca pé e o jeito é dar o famoso banho de gato. Eu desenvolvi uma boa técnica de limpeza, tem dado conta, mas, claro, nada substitui um bom banho bem demorado. Hoje, a parada não deu certo. Cheguei atrasada e ele já estava com toda a pilha.

- Então seu Tavares, vamos tomar um banho agora?

- Olha, no momento, não. Muito obrigado. 

Hahahahaha, depois dessa, nem pensar... Seu Tavares é homem de opinião!