quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Da informação e da fé



Quando eu era adolescente e ouvia sobre o nazismo nas aulas de história eu sempre saia estupefata. E me perguntava, repetidas vezes: como as pessoas puderam permitir? Como os alemães puderam realmente acreditar nas bobagens ditas por Hitler sobre pureza de raça e sobre a necessidade de exterminar judeus, ciganos, comunistas?  A resposta que me parecia mais plausível era de que a maioria deles não sabia o que estava acontecendo, provavelmente eram enganados com mentiras e não havia meios que pudessem divulgar sobre aqueles crimes. Faltava informação. 

Hoje, vendo o que acontece na Palestina, com a informação saltando na palma da mão a cada segundo, consigo perceber que não era falta de informação. Era fé. De alguma maneira aquele tipo perverso que era Hitler conseguiu encantar o povo alemão e eles o seguiam baseados na fé. Ou seja, nenhuma informação ou argumento racional podia romper aquele casulo. Nos dias de hoje, quando me deparo com um cara usando uma bandeira de Israel na sua motocicleta, na minha cidade, milhares de quilômetros distante daquele malfadado e artificial país, dou-me conta que nenhuma informação pode penetrar naquele corpo fechado pela fé. O cara nem é judeu, mas acredita piamente que Israel é o país do povo eleito porque quem disse isso foi algum pastor ou então o boneco escroto que um dia foi presidente. Ele crê e basta. 

Nos dias que correm, Israel, além de destruir Gaza e dizimar o povo palestino, decidiu agora atacar o Líbano. E toca a mandar bombas para aquele país argumentando que o faz para se defender dos “terroristas” que vivem lá. Ora, é óbvio que isso é uma mentira. É óbvio que tudo o que Israel quer é enfraquecer qualquer possível aliado dos palestinos. Isso é guerra. E guerra se faz assim, com mentiras, incitando um povo contra o outro. Algo tão antigo quanto o mundo. Também é obvio que as lideranças do mundo ocidental sabem muito bem qual é a intenção de Israel, bem como sabem que ter Israel como aliado é bom para os negócios. Então, danem-se as pessoas. Danem-se as crianças morrendo como moscas, danem-se os árabes terroristas. Onde puder florescer os dólares, lá estarão no apoio. Nunca serão julgados como o que são: criminosos. Mas, as pessoas comuns, como esse cara em Florianópolis com a bandeira de Israel, realmente pensa que tudo isso é uma cruzada humanitária contra os “demônios”. Ele acredita e ponto final. Nenhum argumento contrário balançará sua fé. 

Dias há em que o desespero bate forte. Tanta impotência nos põe doentes. De útil tenho apenas as palavras e elas não são chave para abrir a caixa da ignorância reforçada pela fé. Mas, como bem diz o professor Nilso Araújo de Souza, temos de seguir denunciando e lutando para mudar as coisas. É o que nos cabe nesse mundo estranho, ainda que pareça ser a tarefa de Sísifo, empurrando uma pedra que, sabemos, voltará a cair... 


terça-feira, 24 de setembro de 2024

Coroné sabe: quem planta colhe


Hoje vamos falar dos jornalistas esportivos. A maioria, não todos, é paga pelos coronéis para escrever e falar. É o cartolão quem define como pautas. E o coronel sabe: quem planta, colhe. E o que é plantado? Só abrobrinhas. Nada crítico. Fofocas e sensações. Antigamente não era assim. Tínhamos gente boa falando de futebol. Comentário de Nilso Ouriques no Programa Campo de Peixe, da Rádio Comunitária Campeche. (20.09.2024).