sábado, 9 de março de 2024

A penúltima aventura com seu Tavares


Ontem fez sete dias que o pai encantou. Como ele era católico devoto eu decidi mandar rezar uma missa de sétimo dia. Durante a semana tentei contato com várias igrejas, mas tudo fechado e sem atender telefone. A única que atendeu foi a Igreja da Trindade, aí o jeito foi mandar rezar a missa lá. Longe pra dedéu, mas tudo bem. Ontem o dia amanheceu chuvoso e não deu trégua alguma. Pensei: vou chamar um Uber para ir até a Trindade. Quando deu perto das seis horas fui buscar o Uber, estava dando até meia hora para chegar um aqui em casa. Desisti. Pegar um ônibus não daria tempo. Tentamos pedir carona pra alguém, mas as possibilidades falharam, então o Renato vaticinou: vamos no Furioso. 

O Furioso é o Fiat Uno dele, que está que é só a capa da gaita. Não sei como anda. Com a chuva, pingava água por tudo e parecia chover dentro do carro. Ainda assim, fomos. Quando chegou na SC o limpa-vidro emperrou. Não limpava mais. Não enxergávamos um palmo diante do nariz. A chuva a mil. Não havia como seguir com o Furioso. Decidimos parar e tentar um Uber outra vez, desta vez mais lá perto do terminal. O engarrafamento era monstro. Deixamos o Fiat na UPA e pedimos o Uber. Demorou 10 minutos para chegar. Certamente nos atrasaríamos. O motorista, um baiano da gema, assegurou que chegaríamos na igreja às sete e três. E lá fomos nós, já molhados até o talo. 

Minha amiga Catarina estava junto e nem falava, tamanho espanto. O Gleidson nos deixou na porta da igreja, assim, como se fôssemos noivos, às sete e três. Eu desci correndo, a missa já havia começado. Quando entrei na igreja o padre estava falando: onde estão os familiares do senhor José Nelson Tavares? Eu e o Renato, molhados e com a sombrinha ainda aberta, entramos correndo com os braços erguidos: aqui, aqui. A igreja toda nos olhando. O padre falou palavras bonitas. Mais calmos e aliviados por termos conseguido chegar, sentamos e acompanhamos a missa.  

Rezamos pelo seu Tavares e saímos bem contentes. Pegamos o ônibus direto Titri/Tirio, molhados como pintos, mas serenos pelo dever cumprido. Chegamos no terminal e fomos pegar o Furioso. A chuva não dava trégua e nós fomos, bem devagar, praticamente sem ver nada, até que avistamos um cachorro-quente. Bora parar? Bora. Compramos os cachorros e voltamos para a estrada, até conseguirmos finalmente chegar. Nem sei como conseguimos. Mas, deu tudo certo. Era hora então de nos lambuzarmos com os doguinhos, não sem antes pensar que o seu Tavares teria se divertido com mais essa aventura. Foi a penúltima porque ainda vamos levar o pai até o Ibicuí, onde está a mãe… Que seja menos aventuroso… Ou não.. Afinal, nunca foi fácil, porque agora seria?