sábado, 27 de agosto de 2011

Os homens da cozinha



As greves sempre nos reservam surpresas, afinal, é um tempo em que trabalhadores de diferentes setores se juntam para as atividades do dia a dia. Então, a gente acaba descobrindo coisas que jamais pensáramos. Singelas informações sobre a vida pessoal, sobre os sonhos, as indignações. Assim, os dias que se arrastam sem negociação com o governo, se revelam momentos de fraterno e, às vezes, até de emocionantes encontros.

Na semana passada , quando boa parte da categoria estava em Brasília, na caravana, me surpreendi com uma cena na cozinha. Aquele é o espaço das mulheres. São elas que, no dia a dia da greve, tomam conta das refeições. Elas preparam o café, os sanduiches, o almoço, os lanches. Já ficou familiar observar o pequeno grupo delas a reinar sobre o setor de alimentação.

Mas, naqueles dias de caravana, quem toma conta do espaço são os homens. Marcelo, Fúlvio, Daniel, João Maria e Antônio. Eles escolhem as verduras, cortam, refogam, fritam e preparam as delícias que sustentam o corpo dos que estão em luta. Quietos e reservados, eles não fazem alarde. Apenas, generosamente, oferecem seu trabalho de cozinheiros. E é bonito de ver quando a panela, fumegante, vai para a mesa e a fila se forma, o orgulho indisfarçável e a alegria que se explicita no rosto de cada um.

São essas pequenas coisa que tornam a greve um momento pedagógico. Apagam-se as fronteiras dos grupos políticos, se desfazem os rancores causados pelas divergências e rompem-se os preconceitos. São momentos bonitos em que a face solidária de cada um assoma e permanece.

Os homens da cozinha nos enchem de amorosa gratidão.

Governo brasileiro se nega a conversar com trabalhadores das universidades


Diz um amigo meu que o momento de êxtase de um burocrata se dá quando ele nega algo a alguém, baseado apenas no seu pequeno poder de negar. “Não pode”, “não dá”, “não tem”. Não há argumento para a negativa, há apenas o exercício gozoso do seu poder de negar. E a pessoa, colocada diante do poder do burocrata, fica absolutamente sem chão. Alguma coisa assim como Josef K, da obra perturbadora de Kafka, “O Processo”. Pois é nessa perplexidade que estão os trabalhadores das universidades federais, em greve desde o dia 06 de junho deste ano.

Que se explique: a greve foi a única medida possível depois de os trabalhadores serem submetidos a contínuas e intermináveis reuniões que apenas marcavam outras reuniões, sem que fosse discutida, verdadeiramente, a pauta e as demandas. Colocados diante de pequenos burocratas, os trabalhadores se viam, a cada reunião – que o governo chamava de negociação – submetidos ao jogo perverso do “não pode”, “não dá, “não tem”. E saíam das salas acarpetadas dos burocratas de plantão, desorientados e sem chão.

Mas, essa desorientação chegou ao fim, afinal, os trabalhadores das federais não são Josef K. Eles são uma coluna coletiva de gente que sabe muito bem o que quer. E, assim, diante do pequeno poder dos burocratas do ministério da educação (assim, com minúscula) eles se levantaram em luta. Porque no mundo capitalista é assim: quando o patrão não se digna a conversar e propor melhorias, os trabalhadores precisam lutar, já que só possuem sua força de trabalho para barganhar.

Mas, para a surpresa dos trabalhadores a lógica do burocrata não parou nos terceiros escalões do governo de Dilma Roussef. Ela se expressa na própria dirigente que, ao calar-se, respalda a idéia obtusa dos pequenos burocratas que se negam a conversar. E, afinal, quem é que comanda a burocracia dos escalões menores?

Nesses quase 90 dias de greve muito se falou da intransigência de um dos menores, um burocrata do ministério do planejamento chamado de Duvanier (Satânier no imaginário da turba insurgente). Incorporou-se na categoria a idéia de que era ele, o Duvanier, o responsável pelo travamento das negociações. Surgiu até a informação de que o mesmo teria dito que se houvesse negociação do governo com a Fasubra, ele se demitiria. Penso que isso deva ser lenda. Um burocrata do terceiro escalão não teria esse estofo. Ou teria?

Acredito que quem está pensando as estratégias para confrontar a greve dos trabalhadores da Educação é o governo federal, o Estado constituído. E esse Estado tem uma dirigência maior, que não é o Duvanier. Impossível crer que a presidente do Brasil desse a um burocrata menor todo esse poder.

É hora dos trabalhadores compreenderem que a questão da greve não está condicionada a uma pessoa, embora esse senhor se preste – por livre vontade - a esse serviço sujo. Essa é uma política do estado, comandada pela presidência da república. Há uma atitude deliberada de não reconhecer o direito de luta dos trabalhadores. Há a decisão explícita de não conversar com categoria que está em greve, impondo assim um terror calculado nas demais categorias que pretendam se levantar em luta. Até mesmo os professores que ensaiaram um movimento contentaram-se com uma proposta rebaixada.

O governo insiste que não tem recursos para atender aos trabalhadores. É que os dirigentes sabem que a hora fatídica chegou. O “crescimento econômico” parece dar seus aportes finais. É chegado o momento de injetar dinheiro nas obras da Copa, na construção de Belo Monte, na salvação de empresários falidos, de latifundiários em crise. Por isso essa luta que se trava nas universidades é uma luta contra o capital. Porque o que vai para os capitalistas está sendo tirado da boca dos trabalhadores. É mesma velha luta de classe.

O que dizer de um governo que permite que quase 50 universidades públicas estejam há quase 90 dias em greve? Que dizer de um governo que permite que os alunos estudem sem biblioteca, sem RU? Que governo de trabalhadores é esse que não conversa, não dialoga? Que governo é esse que escolhe sustentar os desejos do capital, arrochando os trabalhadores? Essas são questões a se pensar, observando o verdadeiro inimigo.

A greve é uma batalha legítima do trabalho contra o capital. E essa batalha não pode ser tripudiada pela burocracia estatal. Talvez seja hora de os dirigentes sindicais trilharem novos caminhos. Há quase 90 dias em greve, quase implorando por negociação, tudo o que recebem é indiferença. Assim como os povos ribeirinhos do Xingu, os índios, os aposentados. Indiferença total. A porta é fechada pelos burocratas, os que dizem não sem nem saber por quê. Já basta!

Que as gentes saibam: nas universidades os trabalhadores estão em luta porque querem condições de vida dignas. Os estudantes estão em luta porque querem uma universidade de qualidade. São três meses com as universidades paradas e parece que ninguém se importa. O que isso pode significar? Que a universidade tampouco tem importância no nosso país. Que a educação é coisa menor comparada com a sede de lucros da elite local, amparada e financiada pelo governo federal. Estado mínimo para as gentes e máximo para o pequeno grupo de poderosos.

A dureza do governo é tão grande que ele não quis conversar nem com as centrais sindicais, que se mobilizaram para mediar as negociações. “Não há conversa com os trabalhadores em greve”, dizem os burocratas. E, aqueles que de força só tem a sua capacidade de trabalho é quem são os “intransigentes”.

A greve nas universidades continua. E agora, a luta deve passar a outro escalão. Que se manifeste a presidente!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sindicato dos Jornalistas de SC: Vence a chapa 2


Ao que parece, o mundo caminha mesmo para a cooptação e para a mal intencionada idéia de que é possível humanizar as relações entre trabalho e capital. Patrão é escolhido para organizar a vida de trabalhador... Venceram os mencheviques... Durma-se...

Por que votar na Chapa 1 - Olsen Jr.


Por Olsen Jr. (*)

O dramaturgo alemão Bertolt Brecht afirmava “... Os tempos de máxima opressão são aqueles em que quase sempre se fala de causas grandiosas. Em tais épocas, é necessário ter coragem para falar de coisas pequenas e mesquinhas como a comida, a moradia dos que trabalham, no meio do palavreado homérico em que o espírito de sacrifício é agitado como estandarte glorioso”...

Transpondo aquela “opressão” e as “causas grandiosas” para o nosso tempo, do que mesmo estamos falando? E aquelas “coisas pequenas e mesquinhas” dissimuladas no “palavreado homérico” daqueles que nos impõe “o espírito de sacrifício” amarfanhado “como estandarte glorioso” enquanto enriquecem com a força de nosso trabalho, do que mesmo estamos falando?

Onde está a verdade deste progresso?

Coragem senhores.

É preciso discernimento para reconhecer a verdade.

Do que estamos falando?

Véspera de uma nova eleição para o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina: duas Chapas protagonizam o embate democrático.

Quando gente valorosa em ambos os lados se propõe a um confronto para viabilizar o que imaginam seja o “melhor” para a categoria, não é demais lembrar que a luta para implantar este “ideal” sempre foi a mesma e que no fundo (ou só na superfície) sempre nos debatemos pelo básico, pelas condições mínimas e que lá na frente, o “inimigo” a ser convencido de “nossas” necessidades é invariavelmente o mesmo. Portanto, nossa energia nesta batalha não deveria ser dilapidada contra as nossas próprias forças porque estimular o conflito interno para expor diferenças de método é fazer o jogo daqueles a quem não interessa enfrentar uma classe unida e disposta a não dar tréguas para que se reconheçam seus direitos, sejam eles de ordem profissional ou de mera convivência entre os contrários.

Do que estamos falando?

Reconhecer as “diferenças” é alimentar o corpo que fortalece a democracia. Desta consciência não podemos transigir. Mas não é menos verdade de que, na medida em que nos dividimos, estamos possibilitando a fragmentação de uma resistência que poderia ser decisiva na busca do “ideal” comum. Corremos o risco. Preferimos fortalecer o sistema (que é democrático) a modificá-lo porque implica em renúncia e ninguém suporta perder nada. O sacrifício sempre deve ser o do “outro”, daquele que pensa diferente. Faltou diálogo, o debate anterior que poderia evitar o desgaste do confronto... Mas, espera-se que sobre a lealdade para revitalizar a convivência e com esta, reacender o espírito de classe capaz de nos tornar respeitados e dignos de ser recebidos em uma mesa de negociação onde deve triunfar direitos coletivos e não aspirações individuais.

Do que estamos falando?

Ao votar na Chapa 1,o colega jornalista está apoiando a defesa da formação superior para o exercício das atividades de jornalista no serviço público estadual (o Sindicato atuou para derrubar o veto do governador no projeto de lei que exige o diploma nas contratações do Estado); a implementação de lei municipal em Blumenau, que exige formação superior para os cargos de jornalista na FURB – Fundação Universitária da Região de Blumenau; elevação do piso da categoria em 7,5% acima da inflação nos últimos anos (nunca o piso da categoria em Santa Catarina havia tido ganho real em toda a sua história); o empenho para o fim do oligopólio dos meios de comunicação no Estado ao lado do Ministério Público Federal e pela primeira vez em SC, o SJSC propõe negociações coletivas para assessores de imprensa, com estabelecimento de piso e a determinação para fazer de nossa Instituição um verdadeiro Sindicato também para os jornalistas dos pequenos e médios municípios não medindo esforços, percorrendo milhares de quilômetros para estar presente onde o jornalista associado vive e trabalha e finalmente, o Sindicato dos Jornalistas sempre estará presente em atos de movimentos sociais que envolvam a luta de trabalhadores catarinenses.

É desta realidade que estamos falando!

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(*) Jornalista, escritor recentemente eleito para a Academia Catarinense de letras e membro do Conselho de Ética do SJSC.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A s cores das flores

Porque sempre é possível ver...


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vida triste, a nossa



No sul da ilha de Florianópolis é assim. No geral não têm paradas de ônibus com abrigos para as pessoas se protegerem do frio ou da chuva. Nas poucas que têm, como essa na rua do Gramal, a obra é tão mal feita que alaga toda nos dias de chuva. Aí a parada fica vazia e as pessoas ficam na chuva... Eta vidinha, meu deus!!! Quem quer levar o Dário???? Diga um número, por favor....

Um papo para os jornalistas de SC

É hora de decidir! Sindicato para lutar...

Companheiros e companheiras. Ontem, andando por aí fazendo campanha, conversei com uma jornalista que levantou o seguinte argumento: “Esse sindicato não me representa”. Perguntei: Por quê? “Porque não se fala nos diagramadores, não se mostra que eles também são jornalistas”. Perguntei então se ela era filiada ao sindicato. Disse que não. Aí respondi: Bom, talvez por isso não saibas que temos realizado uma série de conversas e debates sobre a questão dos não diplomados, e muitos diagramadores se encontram aí. E por aí correu a conversa.
O que quero dizer com isso? Muita gente fala o tempo todo que o sindicato não faz nada. Mas, também, muita gente, sequer sabe o que anda fazendo o sindicato. Não lê os emails, não vê a página, não lê o jornal. Uma boa parte sequer é filiada. Aí fica bem fácil falar mal.

O sindicato não é perfeito, e muito menos a diretoria o é. Somos passíveis de erros, esquecemos coisas, damos luz a determinados assuntos e não a outros, muitas vezes somos atropelados pela conjuntura. Mas o que posso dizer é que procuramos fazer o melhor pela categoria. Somos até capazes de conviver, forças muito diferentes, posições políticas diferentes, tudo para garantir que o mais importante seja a categoria. Seria bom dar uma olhada nas coisas que andamos fazendo nesses três anos para poder falar que o sindicato não faz nada. Fizemos muito, com todas as dificuldades.

Agora é hora de eleição e muita gente que andou afastada, que priorizou outras coisas quer assumir a direção. Coisa muito legítima e nada condenável. As pessoas têm todo o direito de sair da luta por um tempo. O que não podem é dizer mentiras. Isso não é legal. O demais é coisa da política, seja equivocado ou não.

Cada um de vocês tem todas as condições de observar os fatos e fazer um julgamento. Espero que façam isso. O que está em jogo não é destino de um grupo de amigos. É a defesa da categoria. É a luta dos jornalistas.

Eu fiz parte da direção que se despede. Com eles fiz coisas legais, importantes. Talvez não tenhamos podido fazer tudo o que era necessário. Mas demos o que tínhamos de melhor. Agora, meus companheiros seguem a luta e euvenho pedir o seu voto. Porque com eles andei e sei do compromisso de luta de cada um. Tem aí gente nova e disposta. Gente que está no cotidiano das lutas, que é trabalhador, que sente na pele a opressão patronal. Essa chapa (CHAPA 1) não tem patrão.

Espero que cada um e cada uma possa votar seguro. E que o faça a partir de sua consciência e não por ser amigo deste ou daquele. Um sindicato é um instrumento de luta e precisa de gente aguerrida, capaz de circular por todo o estado de Santa Catarina, capaz de se comprometer com as dores e as demandas de todos. Esse é o povo da Chapa 1. Já deu mostras disso e vai continuar... Com o seu voto!!

VOTE CHAPA 1
O Luta Fenaj/SC está com a Chapa 1

Seminário sobre Constituição e questão indígena

Novo Constitucionalismo, Indígenas e Pluralismo Jurídico

O Programa de Pós-Graduação em Direito promove nessa sexta-feira, dia 26 de agosto, um dia inteiro de discussões sobre o Novo Constitucionalismo na América Latina, Estado Plurinacional, Cosmovisão Indígena e Pluralismo Jurídico. A luta do povo venezuelano, boliviano e equatoriano – desde o início dos anos 90 - levou à formação de Assembléias Constituintes e conseqüentemente a mudanças muito significativas na organização da vida.

Particularmente na Bolívia e no Equador, foram os povos indígenas os que impulsionaram as mudanças, garantindo direitos à natureza, o Estado Plurinacional e multiculturalidade. Temas ainda pouco debatidos no Brasil e que agora, o Programa de Pós Graduação do Direito, em parceria com o IELA e o Núcleo de Pesquisa e Práticas Emancipatórias, traz para conhecimento geral. As atividades, com entrada livre, no Auditório do Centro de Ciências Jurídicas, começam às 9h e seguem até o final da tarde. Vale a pena conferir. Veja a programação!

Programação

26/ago - Sexta-feira

9:00 – Abertura

9:20 – Profª. Dra. Milena Peters – Universitá Degli Studi Suor Orsola Benincasa – Napoles/Itália – O neoconstitucionalismo e o novo constitucionalismo latino-americano

10:10 - Prof. Dra. Caroline Proner – UniBrasil, UNIA/UPO-Espanha - O Estado Plurinacional e pluralismo constitucionalizado: a experiência da Constituição Boliviana.

11:00 - Intervalo

11:10 - Profª. Dra. María Rosario Valpuesta Fernández – UPO/Espanha - Diversidade e Cidadania nas constituições latino-americanas.

12:00 – Intervalo para almoço

14:00 - Prof. Dr. Antonio Carlos Wolkmer - UFSC – Pluralismo e Constitucionalismo na América Latina

14:50 - Profª. Dra. Thais Luzia Colaço - UFSC– A questão Indígena na América latina e a Constituição Brasileira de 1988

15:40 - Coffee break

15:50 – Elaine Tavares (Jornalista AGECOM/CSE/IELA) - Pluralismo Étnico na América Latina

16:40 - Encerramento

terça-feira, 23 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vigília na UFSC

Estudantes ocupam a reitoria e querem garantia de direitos

domingo, 21 de agosto de 2011

O Saci.. eu já vi!!!

Anda por aí, rodopiando... nesses dias de vento no Campeche...