sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Banco Mundial, Criança Feliz e luta



O programa “Criança Feliz”, lançado pelo governo Temer, não é uma proposta que sai da linda cabeça daquela que foi apontada como a “madrinha”. Não. Ele faz parte das metas do Banco Mundial para o que chamam de “investimento na infância para a produtividade futura dos indivíduos e para a competitividade econômica dos países”. Sim, isso mesmo, bem assim. Não tem aí nenhum fundamento humanitário. Trata-se de negócios. E isso pode ser visto na Conferência sobre Capital Humano, organizada pelo Banco, nessa quinta-feira, dia 6 de outubro. (http://envivo.bancomundial.org/cumbre-sobre-el-capital-humano-invertir-en-la-infancia-para-lograr-crecimiento-y-productividad).

Depois da divulgação do relatório sobre a pobreza no mundo, no qual se observa que 385 milhões de crianças vivem em famílias que ganham até 1,90 dólares por dia, portanto, em pobreza extrema, o Banco Mundial quer que os líderes nacionais se comprometam a reduzir a desnutrição infantil crônica e a ampliar o acesso aos serviços de desenvolvimento da primeira infância. Segundo seus representantes, isso é para que até o ano de 2020 seja assegurado a todas as crianças crescer sem dificuldades. Nesse objetivo está contido todo o processo de controle do Banco Mundial sobre os chamados países em desenvolvimento.

Ou seja, ao Banco Mundial  interessa que a pobreza se mantenha sob certas regras. Nem tão pouca, que permita a rebeldia. Nem tão grande, que acabe matando o futuro trabalhador. Uma máxima já apontada por Mandeville, em 1714, no seu livro A fábula das abelhas: “Não se deve deixar os pobres morrerem de fome, mas tampouco se deve dar coisa alguma que lhes permita economizarem... Para tornar feliz a sociedade e para que o povo viva contente, mesmo em condições miseráveis, é necessário que a maioria permaneça ignorante e pobre”.

O projeto “Criança Feliz” segue essa lógica ao estabelecer como objetivo a garantia do  cuidado à criança empobrecida, desde a gestação até os seis anos, facilitando o acesso das gestantes, crianças e famílias às políticas públicas. Segundo o documento do projeto, existem hoje no Brasil 18,8 milhões de crianças entre zero e seis anos. Destas, 7,1 milhões são atendidas pelo programa Bolsa Família, e é para esse extrato que o Criança Feliz é voltado. Portanto, passa a ser um reforço.  

Os recursos voltados ao cuidado das crianças ainda são pífios no contexto do orçamento nacional: 27 milhões. Quase como uma gota no oceano uma vez que, para esse ano, apenas 140 mil crianças seriam beneficiadas.

Para quem precisa da política pública é claro que mesmo a migalha sempre é bem vinda, afinal é da natureza humana o desejo da vida. Mas, como ensina Karl Marx, para o sistema capitalista de produção o que interessa não são os desejos dos trabalhadores e sim que apenas eles permaneçam vivos para que sua força de trabalho possa ser usada, viabilizando assim a acumulação de riquezas por parte de um grupo muito pequeno de pessoas, que são aquelas que são donas dos meios de produção. Logo, manter a pessoa com as condições mínimas é o que interessa. Já dizia o economista inglês John Bellers:  “Um vez que são os trabalhadores que fazem os ricos, quanto mais trabalhadores, mais riqueza. O trabalho do pobre é a mina do rico”.

É por isso que no contexto do capitalismo, as políticas públicas  - seja no governo de quem for – sempre serão para apaziguar o pobre, mantendo-o minimamente em condições de ser explorado. Não é sem razão que parte da esquerda sempre criticou o próprio Bolsa Família, como sendo uma política ainda inconclusa. Não basta dar o recurso para a família sair da pobreza extrema, é necessário também criar as condições para que essa família se emancipe, não apenas economicamente, mas também politicamente e culturalmente, passando a participar da vida política, reivindicando direitos e transformando a sociedade. Só assim a política pública pode ter sentido, sempre tendo como horizonte a mudança do estado de coisas.

Mas, se isso já estava distante no governo de Dilma – que, de certa forma ainda mantinha alguma sensibilidade social – no governo do PSDB, disfarçado de PMDB, é que não haverá qualquer possibilidade de construção de políticas públicas inspiradoras da emancipação. Logo, não causa qualquer surpresa o retorno do assistencialismo escancarado, personificado na figura da primeira-dama caridosa e pura de espírito. A filantropia com os empobrecido é a mesma velha e hipócrita política que se mantém desde os primórdios do capitalismo: manter em mínimas condições a força de trabalho que gerará a riqueza de alguns.

O fato de alguns trabalhadores escaparem do seu trágico destino e adquirirem consciência de classe capaz de levá-los à luta organizada é o resultado da também histórica luta que os expropriados travam desde o início do modo de produção capitalista, que transformou o corpo humano em mercadoria. Muito mais do que uma falha na Matriz, a luta pela transformação é um processo coletivo, histórico, que não deve se deter diante do autoritarismo e da ganância dos poderosos.

A lição histórica para os trabalhadores segue sendo a mesma: estudar, organizar, resistir e lutar pela transformação.


Sim, queremos políticas públicas, mas também queremos diversão, balé, tempo livre... e uma nova sociedade. Isso não é coisa que se pode esperar dos que governam. Isso tem de ser arrancado na batalha renhida. 


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Sioux: os irmãos do norte


Acampamento reúne várias etnias 

Os povos originários de Dakota do Norte, nos Estados Unidos, conseguiram uma trégua com relação às obras de um oleoduto que - conforme se prevê  - atravessará todo o território Sioux, causando profundas alterações no ambiente e na vida das comunidades. Houve muita luta contra essa obra na região de Standing Rock e criou-se um acampamento de resistência, que conta a presença de representantes de várias etnias originárias, próximo ao canteiro de trabalho da companhia. Na última investida, os tratores começaram a cavar bem em cima de um espaço sagrado, no qual os povos Lakota e Dakota (Sioux) reverenciam seus antepassados. Com a reação dos manifestantes a empresa chegou a usar até cachorros para barrar as gentes. Foi duro, mas as obras pararam.

Ainda assim, o acampamento, chamado de Oceti Sakowin, em honra dos sete fogos da tribo Sioux, deve continuar. A experiência tem sido bastante rica, pois além de juntar os próprios Sioux - jovens e anciões - numa luta conjunta, conseguiu ainda reunir outras etnias, não apenas dos Estados Unidos, mas de toda América Latina. Não bastasse isso, os povos originários também contam com o apoio e a participação na luta dos pequenos  proprietários rurais da região. Eles sabem que igualmente sofrerão com a passagem do oleoduto por suas terras.

A obra do oleoduto foi estimada em 3,8 milhões de dólares e prevê uma tubulação que cruzará 1.200 milhas, levando aproximadamente 500 mil barris de petróleo desde o estado de Dakota do Norte até Illinois e Texas, passando por baixo do Rio Missouri, importante veia hídrica que, com o oleoduto fica também ameaçada de contaminação.

Apesar da trégua, com a suspensão dos trabalhos, os indígenas não pretendem arredar pé. Sabem que o inverno está chegando e que não será fácil viver no acampamento. Naquelas áreas onde hoje estão (centro norte dos EUA, fronteira com o Canadá) os termômetros podem chegar até 20 graus abaixo de zero. Por isso eles se preparam para a “longa noite” e confirmam: não saem de lá enquanto não houver o compromisso com a definitiva paralisação das obras. 

Autodenominados “protetores”, os povos originários insistem em dizer a sua palavra e estão dispostos a ir até as últimas consequências para impedir que seu território seja mais uma vez invadido e destruído. Na primeira grande investida dos colonos ingleses em terras originárias, no século 16, houve um genocídio. Aqueles que eram mais de 10 milhões de almas estão reduzidos a 250 mil. Mas, ainda assim, a resistência tem sido sistemática. E, de certa forma, o acampamento de Standing Rock também tem servido para bons debates e espaços de articulação.

Apesar de o movimento no estado de Dakota do Norte estar sistematicamente bloqueado na mídia comercial, os meios de comunicação alternativos estão atentos e, por conta disso, a história de resistência tem se espalhado e mobilizado cada dia mais pessoas em toda América Latina. “Todos temos lutas parecidas e são os povos indígenas que se levantam com o despertar do espírito para dizer que é chegada a a hora de proteger o que temos de mais valioso: nossa terra mãe”, diz Dave Archimbault, chefe da tribo Sioux de Standing Rock. Há pouco tempo uma luta parecida conseguiu impedir outro oleoduto na região de Keystone, Colorado, centro do país. Agora, o propósito dos Sioux e seus aliados é também garantir uma vitória. “As crianças não podem beber petróleo”, insistem.

Ainda que os povos indígenas sigam sendo demonizados pelos meios de comunicação comercial, um fato concreto não pode ser negado: são eles os que estão garantindo a proteção ao planeta, o que significa que protegem não apenas a terra, mas também tudo o que vive, bichos, gente e plantas. Ainda que conformem pouco mais de 4% da população das três américas (Abya Yala) é a gente originária que guarda mais de 80% da biodiversidade.  

O ataque contra os territórios indígenas em toda América Latina diz respeito à expansão do capital. Espaços antes protegidos são violados em busca de petróleo ou minérios. Para garantir a extração das riquezas e a transformação disso em mercadoria todos os acordos têm sido quebrados e leis desrespeitadas.  O direito à consulta sobre qualquer investida sobre o território indígena, ainda que um consenso internacional, é letra morta. Em nome da riqueza, as empresas e os governos repetem 1492. Extermínio, violência e roubo.

A oposição organizada contra as mineradoras, papeleiras, hidrelétricas e empresas de extração de petróleo, tem sido a grande luta do início desse milênio. Em praticamente todos os países da imensa extensão de Abya Ayala (que vai da Terra do Fogo ao Alaska) esse tem sido o embate mais significativo. A terra para o homem branco só tem valor como espaço de especulação. Já para os povos originários ela é morada dos deuses, dos ancestrais, fonte de vida. Daí a força que adquire a luta por protegê-la.  

A batalha que os Sioux travam hoje em Standing Rock é semelhante a luta dos Mapuche, dos povos da Amazônia, dos Shuar, dos Guarani, dos Pataxó, dos Aymara, dos Quéchua, enfim, de todas as etnias originárias, guardiãs da vida. Compreender o significa que tem o território, na perspectiva indígena, não é coisa fácil para os não-índios, engravidados desde sempre com o ódio e com a desinformação sobre os povos originários. Mas, está mais do que na hora de as gentes começarem a entender. Sem terra, sem alimento saudável, sem água pura, a vida se extingue. Não se sobrevive comendo ouro ou bebendo petróleo. É tempo de virar o jogo.

O sistema capitalista de produção, no qual a vida de 99% das gentes não faz qualquer  sentido,  tem sido bastante eficaz na sua pedagogia de sedução, levando as pessoas a crer que os indígenas são inúteis e atrapalham o progresso. Mas, uma boa olhada na história e todos poderão perceber que são os povos autóctones os que protegem a terra. Não com a visão utilitarista de um certo movimento ambiental sustentável. Mas com a visão sagrada de que tudo precisa estar em equilíbrio, não apenas para o homem, mas para tudo o que vive.

No próximo dia 12 de outubro, o movimento originário celebra a luta incessante contra a destruição do seu mundo. Esse dia marca a data da invasão, em 1492. E os povos celebram, não pela chegada dos violentos europeus, mas pela a capacidade de resistência. Por isso soa como bênção essa pequena vitória Sioux. Ainda não está definitivamente descartado o oleoduto da empresa Energy Transfer Partners. Mas, a luta contra ele já garantiu novas alianças e novos adeptos. E quando vários povos se unem para defender a Terra, o mundo das mercadorias treme. Só as gentes unidas contra o capital garante a continuidade da raça.



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Danilo




Ali estávamos, técnicos e estudantes, na vigília contra o atraso. Nosso Centro, o de Ciências Econômicas, estava para votar o fim do voto paritário. Um retrocesso que viabiliza o domínio completo dos professores nas consultas eletivas. A desqualificação total dos trabalhadores técnicos e dos estudantes. Coisa do tempo das trevas.

Durante dias os estudantes haviam mobilizado seus pares, bem como os técnicos. E naquela sexta-feira, estavam ali os de luta, os de sempre, os que não se acovardam. Dentro da sala rolava o debate, no segredo. Os professores não permitiram a entrada dos manifestantes. Então, o povo aguardava, do lado de fora, esperando pela hora da votação.

Foi então que vivemos um momento estelar. Essas frações de segundos que valem uma vida. Esses momentos de profunda emoção que nos fazem humanos de verdade. Vindo, devagarinho, no final do corredor, assoma o Danilo. Ele não é estudante, nem técnico, nem professor concursado. Mas é mestre.

Militante do movimento Tortura Nunca Mais, ele foi um guerreiro contra a ditadura. Participou da luta armada, esteve no Araguaia, foi preso, torturado, teve seu corpo marcado para sempre e até hoje sofre as consequências da maldade humana concretizada no ato da tortura. Mas, é um homem que não desiste. Seu conselho diário é: “estudem, estudem e estudem!”

E isso é coisa que ele faz. Lê oito horas por dia, paciente e sistemático. Por volta das três horas da tarde chega ao Iela, de onde sai só lá pelas dez da noite. Pesquisa, conversa, ensina. Em volta dele juntam-se os estudantes e o ouvem, embevecidos e reverentes. É amado e respeitado como um mestre. Não precisa usurpar 70%, para ganhar a atenção e a consideração dos estudantes e dos trabalhadores. Ele se faz imprescindível por sua prática, seu exemplo. É amado como guru.

Por isso, aquele momento, no dia da votação, foi estelar. Porque quando ele assomou no final do corredor, caminhando lento e seguro na direção dos estudantes, a reação foi imediata. A atenção que estava voltada para a sala onde os “professores” decidiam de maneira antidemocrática sobre a vida de todos, virou-se para Danilo. Todos pararam de conversar, o violão emudeceu, e principiaram as palmas. De mansinho, em meio o frenético bater de mãos, todos começaram a gritar: Danilo, Danilo, Danilo...

E ele foi se chegando, com um riso tímido diante da reverência, misturando-se ao movimento, fazendo-se gota no rio. Com sempre faz, de mãos dadas com a maioria, com a justiça, com a luta. Mesmo na derrota – porque é claro que fomos derrotados – é bonito demais viver coisas assim. 


Danilo é mestre, e nem precisa de diploma... 


terça-feira, 4 de outubro de 2016

A riqueza como meta




Joãozinho Trinta, um dos mais importantes carnavalescos do Brasil, foi muito criticado quando disse a frase que ficou célebre: "O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual". Naqueles dias, ao defender o luxo nas escolas de samba, ele já intuía que numa sociedade capitalista, que trabalha sistematicamente com a pedagogia da sedução, a qual define como bom o que é branco, magro, culto e rico, a única meta possível para a maioria das gentes fosse justamente tornar-se o que insufla a propaganda.  

O pensador Ludovico Silva, no seu livro “A mais-valia ideológica” mostra com maestria como se forma o consenso sobre as coisas do mundo a partir da televisão. Sentada, diante da tela, a pessoa consome uma proposta de mundo que está visceralmente ligada ao modo de produção hegemônico, o capitalista. Assim, nas propagandas, nos programas de entretenimento, nas novelas, nos jornais, o que se apreende é que só se dá bem na vida quem é rico e “bonito”, dentro dos padrões estabelecidos pelo próprio sistema. 

Esse é um elemento que talvez explique o profundo fascínio que as pessoas têm pelos ricos, que, afinal, não passam de 1% da humanidade. Como entender que uma revista como a CARAS, que tem como objetivo mostrar as pessoas ricas se divertindo à larga, seja um fenômeno de vendas? O que leva alguém a pagar para ver como os milionários passam as férias? E como explicar o sucesso de programas televisivos como os que mostram a vida de festas e viagens das Kardashians ou dos jovens ricos de Beverly Hills? A usina de ideologia fumegante que é a televisão não pode ser descartada como importante elemento de sedução. 

Isso também talvez possa explicar por que mais da metade das grandes cidades brasileiras definiram, em primeiro turno, por candidatos a prefeito que estão no patamar de “milionários”.  Segundo informações da mídia comercial (G1), dos 37 prefeitos eleitos em cidades com mais de 200 mil eleitores, 23 deles declararam patrimônio maior do que o de um milhão de reais. João Dória, que venceu em São Paulo, é um exemplo. Declarou uma fortuna de quase 200 milhões de reais. E Vottorio Medioli, de Betim, declarou um patrimônio de mais de 300 milhões. Outro milionário que se deu bem junto aos eleitores foi o neto de ACM, na Bahia. E por aí vai. São figuras que representam bem o padrão “bem sucedido”.

Aloísio Silva, que trabalha numa empresa de limpeza, defende o voto nos ricos. “Eles já tem bastante dinheiro, aí não vão roubar da cidade e sobra pra investir na educação, na saúde”. Raciocínio lógico perfeito. Para uma população que foi bombardeada com a formulação do consenso de que o político é corrupto por natureza, os candidatos que aparecerem descolados da política tradicional acabaram aparecendo como as melhores opções. 

Fato muito parecido acontece nos Estados Unidos, onde o candidato ultra milionário, racista e misógino, Donald Trump, aparece como favorito para as eleições presidenciais. Nas fotos divulgadas pela mídia, vê-se o candidato com a família na sua mansão, que mais parece um cenário de cinema. Na sala, o filho pequeno montado num leão. Eu disse: um leão. Empalhado, mas um leão. Coisas que o dinheiro pode comprar. E isso é visto como o suprassumo da chiqueza. Suas piadas racistas e a depreciação das mulheres são vistas como “gracejos sem maldade”, afinal, ele é um homem da alta sociedade.

Claro que essas figuras bizarras não estão descoladas da política, mas a usina ideológica, a fábrica de propaganda, assim os mostra. O que não mostra é que justamente por estarem colocadas no topo da pirâmide social, essas pessoas defenderão com unhas e dentes os interesses do 1% que lhe é próximo. Aos 99% restantes serão jogadas as migalhas, como sempre foi na casa-grande.  

Ainda há uma longa estrada para percorrer no processo de desvelamento da realidade. Sem meios de comunicação massivos e sem um trabalho de base sistemático - que nos falta há tempos  - fica muito difícil enfrentar a pedagogia da sedução capitalista. A proposta de um mundo de riquezas repartidas não encontra eco e aparece como muito chinfrim no imaginário popular. As pessoas querem ter a vida do Dória ou do Trump. Sem essa de repartir. Claro, ninguém nasce assim, egoísta e desprovido de altruísmo. 

Esse é um consenso construído que precisa ser derrubado. Coisa difícil. Quando os programas mais vistos na televisão são os shows de realidade nos quais as pessoas são levadas a “eliminar” os concorrentes, e os que assistem também participam “eliminando” o outro, isso significa que a fábrica ideológica está a todo vapor. 

Ainda assim, seguimos, apostando na vida comunitária e na construção de outra sociedade, na qual não existam classes e todos desfrutem das belezas da vida. 



segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O cinema do Campeche
























Ademir é nascido em ratones, mas vive no Campeche há 25 anos 

Será nessa sábado, dia 8 de outubro, a apresentação de mais um documentário do cineasta  Ademir Damasco, o "neném". Ele mostrará à comunidade, como sempre faz, o seu mais recente trabalho: o filme A Origem, de 42 minutos. 

Nesse trabalho Ademir foca no Surf que, apesar de ser um esporte visceralmente ligado à natureza, utiliza equipamentos de uma indústria altamente poluidora. O que o documentário mostra é a proposta de um conceito de equipamento totalmente natural, sustentável e biodegradável, contribuindo assim para um mundo melhor. Nele, Ademir conta como plantou e colheu uma prancha totalmente natural.

O Campeche e suas belezas são mostrados no vídeo, bem como a possibilidade de se viver o surf de uma forma bem mais integrada com a natureza. Não apenas no mar, mas também na terra, promovendo um legado de proteção e vida. A origem é o começo de um surf sem poluição. 

O filme de Ademir Damasco já está fazendo seu caminhos pelos festivais do mundo, tendo sido selecionado para os seguintes prêmios:


Seleção Oficial Surf at Lisbon Fest - SAL - Lisboa, Portugal.
Sagres Surf Culture - SSC - Vila de Sagres, Portugal
Festival Internacional de cinema de Surf e Skate - MIMPI - Rio de Janeiro, RJ
Festival Latino Americano de Cinema Ambiental - Porto Velho, Rondonia
Festival de Cinema Sócio Ambiental - Cinecipó - Belo Horizonte, BH
Festival Internacional de Cinema Independente - Festicini - Sumaré, SP -
Premio Melhor média Metragem.

A atividade de lançamento do documentário integra uma grande programação cultural na Capela São Sebastião, no Campeche. A movimentação começa as seis horas da tarde, com a missa. Logo em seguida tem o Boi de Mamão do Campeche e o lançamento do livro "Um lugar chamado Campeche", com imagens da comunidade. 

Às oito e meia começa a projeção do filme. Vale a penas conferir!!! 

O Neném é uma das figuras mais queridas do Campeche, sempre com sua câmera voltada para a nossa cultura e nossa comunidade. 

Um gostinho do que virá...