quinta-feira, 3 de março de 2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

Sul da ilha em luta pela água





Representantes das entidades do Conselho Popular do Núcleo Distrital do Campeche, mais o Movimento Saneamento Alternativo (Mosal) e Núcleo Distrital do Pântano do Sul, realizaram ontem, 02 de março, um ato de protesto em frente ao Ministério Público Federal onde também ofereceram denúncia contra o empreendimento “Campeche Beach Club”, que está drenando água do lençol freático desde há meses, num total de 130 mil litros por dia. É água pura que está sendo jogada fora e cujo rebaixamento do lençol pode provocar inúmeros problemas, inclusive a desertificação do bairro. As entidades denunciaram ainda que o empreendimento pretende burlar o Plano Diretor, construindo um subsolo, garantindo assim bem mais do que três pavimentos.

Os seres humanos são feitos 75% de água, logo, a água é fundamental para a vida, e esta que brota das torneiras não é coisa mágica. Ela precisa existir na natureza e estar em condições para o consumo. O Campeche tem um lençol freático de muita qualidade que tem servido para o abastecimento de toda a planície. Essa reserva não é inesgotável. Pode acabar se não for cuidada.

Hoje, as grandes construções em andamento no Campeche, para ganhar espaço no subsolo, têm drenado água, provocando o rebaixamento do lençol freático. Esse tipo de ação pode causar sérios problemas para todos os que ali vivem, tais como: redução da umidade média dos terrenos em volta, provocando a perda da exuberância dos jardins com flores e árvores podendo até secar; afeta a vitalidade da vegetação de grande porte que se utiliza da água do lençol; faz com que os terrenos próximos à obra afundem e os pavimentos rachem. Além disso, como estamos próximo do mar, a água que escorre 24 horas, caminha para o oceano e depois volta junto com a água do mar, provocando a salinização da água do aqüífero, destruindo a capacidade de abastecimento.

Os representantes das entidades estiveram reunidos com o procurador Eduardo Barragan que prometeu investigar o caso. As entidades também foram até o Ministério Público Estadual onde igualmente ofereceram denúncia. Agora, se espera que os órgãos competentes garantam o fim deste crime ambiental. Durante as conversas nos ministérios, as entidades deixaram claro que ali é a última alternativa de busca de ajuda, uma vez que os órgãos como SUSP, Fatma, Ibama e IPUF não tomaram qualquer atitude com relação aos empreendimentos. Também denunciaram que outras construtoras que estão agindo no bairro igualmente estão com planos de rebaixamento do lençol freático e lembraram que a água que é consumida na planície do Campeche vem do subsolo, e não apenas do complexo do Peri. “Cuidar da água é fundamental para a vida da comunidade”, finalizou Telma Piacentini, uma das representantes das entidades.


terça-feira, 1 de março de 2011

Os absurdos dos imbecis motorizados



O que aconteceu em Porto Alegre, quando um motorista atropelou dezenas de ciclistas que faziam um protesto pacífico, mostra o quanto é difícil essa relação entre a bicicleta, um dos melhores transportes do mundo, e os imbecis que viram monstros dentro dos seus carros. Que esse crime não fique impune!!! Vamos acompanhar.

O nome do "monstrorista" é Ricardo Neis, de 47 anos.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A vida, essa estranha!


Outro dia um amigo me saiu com essa: “não há gente triste na internet”. E eu fiquei a pensar... Pois não é? As mensagens no twitter ou no facebook são sempre de alegria e dão sinais de que tudo está bem. A cerveja no fim da tarde, os amigos, o vinho, a pizza, os bichos, o sol, os sonhos, enfim... Tudo remete a coisas boas e felicidades. Mas então por que na vida real as coisas e as pessoas parecem estar em escombros? Estarão estes seres querendo criar um espelho irreal para mudar o real? Ou estarão tentando enganar a si mesmos com uma felicidade de plástico? Não sei! ... Eu é que não consigo embarcar neste universo de alegrias. Vejo tudo tão sombrio.

Há pessoas que circulam em volta de mim que já não conseguem enxergar beleza na vida. “A impressão é de que quando a gente era jovem conseguia suportar melhor os golpes. Agora, parece não haver esperanças...” Outras tentam desesperadamente encontrar um porto seguro onde ancorar suas promessas de amor. Outras não conseguem viver dentro de um mundo que se faz vazio, outras se emaranham num tempo em que parece não haver devir. Olho para os lados e o que vejo são almas em ruínas, tentando alcançar alguma margem, ainda que não saibam qual. O sólido se desmanchando no ar...

Seria o espírito do tempo? Estes tempos pós-tudo, sem sonhos ou utopias? Seria a certeza da mortalidade que se aproxima e se faz cada dia mais real, conforme vamos nos aproximando do crepúsculo? Será a perda efetiva da probabilidade de um mundo melhor? Ou a triste certeza de que o niilismo venceu e não há saídas para o último homem?

Não sei, mas tal qual já apontou Nietzsche, creio que nos faz falta a meninice, essa coisa boa e tola de pular amarelinha, girar peão, jogar cinco marias, brincar de queimada e de escolher-fita, diabo-rengo, batatinha frita, um, dois três. Creio que precisamos dar mais cambalhotas, fazer castelos na areia, dar muita risada, pisar nas poças de água. Temos de reencontrar a alegria, a despeito de tudo. O riso servindo como um pirilimpimpim mágico, desfazendo as brumas.

Outro dia vi na televisão uma reportagem sobre uma pesquisa que se faz desde há 15 anos nos colégios públicos. Ela revela que as crianças estão mais gordas, mais tristes, com menos energia. E por quê? Porque não existem mais campinhos onde jogar bola, porque não se brinca mais na rua, não se corre, não se gasta energia. As crianças vão para a escola de ônibus ou de carro, comem doritos, jogam vídeo game e falam ao celular. Na hora do recreio não pulam nem suam para não estragar o “modelito”. São pequenos adultos sem vibração, prováveis almas em escombros logo ali adiante.

Eu, que chego aos 50, diante das ruínas, começo a perceber que é hora de voltar a brincar. Chegar a casa mais cedo, correr com o cachorro, fazer peraltices, suar em bicas, tomar água pura. Meus cântaros se esgotam e eu preciso viver o dia. Sim, há que lutar pela tarifa zero, pela educação, pela vida digna, pela universidade, pela paz no mundo. Mas também há que virar cambalhotas e gargalhar. Porque não quero, na noite da vida, observar a minha e outras tantas almas em escombros. Quero ser capaz do riso, e que ele seja uma lamparina, ainda que bruxuleante, a indicar que, mesmo em meio às sombras pode-se encontrar a beleza. Tal como ensinam os navajos, a beleza aí está, em cima, embaixo, nos lados, em frente... Viver é caminhar na beleza. Mas, a vida, essa estranha, insiste em nos desviar!