sexta-feira, 27 de abril de 2018

O crime do padre Amaro- Defender a vida e o direito à terra para os camponeses



Já se vão trinta dias de mais uma prisão injusta no Brasil. Seria apenas uma estatística, afinal, isso é mais regra que exceção. Mas, para os lutadores sociais do Pará e de toda a região norte, o preso em questão não é só um número. Ele tem nome, sobrenome e trabalho junto aos empobrecidos. É o padre Amaro, cujo pecado cometido não tem nada a ver com o do romance do Eça de Queirós. Seu “crime” é atuar ao lado dos camponeses e ser uma das principais lideranças da equipe da Pastoral da Terra da Prelazia do Xingu, na paróquia de Santa Luzia do Anapu, Pará. Amaro era o braço direito da missionária estadunidense, Dorothy Stang, que foi assassinada em fevereiro de 2005, justamente por enfrentar os fazendeiros da região.

Pois o padre Amaro foi preso no dia 27 de março, também na lógica de prisão preventiva, por conta de uma investigação sobre supostos crimes de extorsão, ameaça, assédio sexual e ocupação violenta de terras. Quem conhece o trabalho do padre junto aos camponeses e empobrecidos afirma com certeza de que essas acusações não passam de um grande golpe dos latifundiários locais, para tirar o padre da luta pela terra. “A gente acredita que é armação, porque ele é um exemplo de vida inquestionável, com seu compromisso histórico em defesa da justiça e do povo. Sabemos do contexto de conflito de interesses onde ele trabalha e querem criminaliza-lo como líder e a sua luta", afirma Tiago Valentim, da coordenação da CPT do Pará.
  
Amaro trabalha desde 1998 na Paróquia Santa Luzia, onde é líder comunitário e coordenador da Pastoral da Terra (CPT) e nessa sexta-feira se completam 30 dias que ele está encarcerado no Centro de Recuperação Regional de Altamira/PA, onde também está o assassino de Irmã Doroty. Segundo a Irmã Irene Lopes, secretária executiva da Rede Eclesial Pan Amazônica-Brasil, a prisão do padre Amaro faz parte de um longo processo de perseguição de agentes de pastoral e de direitos humanos que cotidianamente são criminalizados, sofrem ameaças ou são mortos na região. 

Na última semana, os advogados do padre tentaram uma liminar para garantir sua soltura, uma vez que ele é conhecido na região, tem residência fixa, não havendo qualquer necessidade de prisão preventiva, num caso de uma investigação que não foi concluída ainda, mas a liminar foi negada pela desembargadora Vânia Lúcia Carvalho da Silveira, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará/TJE.

Hoje o Pará se mobiliza em ação e oração pela liberdade do padre Amaro. 

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Precisa-se de um sindicato

Luta contra as OSs, Florianópolis  - Foto: Rubens Lopes


Há um filme francês, “Dois dias, uma noite”, que conta a saga de uma mulher trabalhadora, demitida, e que precisa pedir a ajuda dos colegas para poder permanecer no emprego.  A proposta do patrão é de que ela convença os colegas a abrir mão de um bônus. Assim, em vez de pagar o bônus aos demais trabalhadores ele a manteria no emprego. Uma perversidade. A mulher passa dois dias e uma noite indo de casa em casa, falando com os colegas, com toda a carga dramática que isso tem, afinal, cada família tem suas necessidades e precisa do bônus.

O filme é uma porrada. Mostra a solidão de uma trabalhadora, desguarnecida de tudo. Não há um sindicato, não há um apoio. Não há nada. Só ela e seu desespero individual. 

Vivemos tempos assim. Poucos são aqueles que ainda têm ligação e confiança com seu sindicato. Os que ainda permanecem filiados o são por alguma benesse, como o plano de saúde, os convênios, ou coisa assim. É uma filiação ritual. Não se espera nada. Os sindicatos amargam uma fraqueza sem fim. Na UFSC, ontem ainda,  pude comprovar a dor pungente de um colega que vive sendo massacrado no local de trabalho, sem apoio algum. Disse a ele: vá ao sindicato. E ele me olhou com olhos de profundo desespero. Não consegue ver no sindicato um espaço de acolhimento de suas demandas. Não confia. Não acredita. 

Faz-se necessário parar e pensar sobre por que as coisas estão assim. Por que uma ferramenta tão importante da luta coletiva está tão desgastada? Por que as pessoas não acreditam mais na força da organização gremial? 

Não estudo esse tema, mas penso sobre isso. E tenho algumas intuições. Nada é sistematizado ou científico. São impressões que jogo aos companheiros e companheiras para o debate.  

Temos vivido muitas derrotas na atual conjuntura. Fomos às ruas gritando “não vai ter golpe”, e teve. Gritamos “não passarão”, aos formuladores da reforma trabalhista, e passaram. Uma a uma nossas batalhas foram sendo perdidas. E enfrentamos agora mesmo, em Florianópolis, a derrota das OSs. Temos acreditado demais nas instituições, na Justiça da classe dominante, na ordem do sistema. Ora, esse povo não está por nós. Está contra nós. E nosso grito de protesto tem se dado também dentro da ordem, na passeata arrumadinha, na difusão do mesmo velho discurso, que parece não tocar mais ninguém. Acredita-se que com uma postagem no facebook tudo esteja resolvido e a informação espalhada. As redes sociais tomam o espaço da presença. Não é suficiente. 

O trabalhador está, como quase todo mundo nesses tempos atuais, mergulhado numa rede de luzes e bits, que emana palavras e sons, mas não deixa nada. E nesse turbilhão, perde muito das referências sobre a vida que se expressa no chão da rua. A solidariedade de classe não existe, porque a mais-valia ideológica prepara as pessoas para competir e não para amar. 

Desde os tempos do governo Lula, quando o sindicalismo começou a se acomodar de maneira mais rápida, tenho apontado esses elementos. Um sindicato não pode esperar que um governo - mesmo que seja o seu – lhe garanta os ganhos. Sindicato é espaço de luta, de crítica, de reivindicação e de organização da luta de classe. Não se trata de conseguir uma coisinha aqui ou ali no campo corporativo. É necessário criar e fortalecer os laços com as lutas maiores, de toda a classe trabalhadora. E ainda que estejamos no socialismo, esse momento de transição, haveremos de ter críticas e demandas de classe. Não se pode acomodar, nem domesticar. O sindicato é faca afiada da luta, e se perde o gume, como fazer?

Posso ser apontada como uma velha senhora do século XX, mas ainda acredito na força do sindicato. Ainda creio que esse é um instrumento valioso de organização e de corporificação das lutas coletivas. Mas, não esse que vemos aí. O sindicato que precisamos é o que se reinventa conforme caminha a conjuntura. É o que aprende com os erros, o que faz autocrítica, o que inventa novas formas de luta a partir das novas demandas, o que surpreende, o que acolhe, o que forma para a batalha, o que se mostra e age como uma ferramenta da luta da classe trabalhadora. 

O sindicato desses tempos tem de voltar a se conectar de verdade com os trabalhadores. Cara-a-cara, face e face, mas esse "face" como cara e não como "feice", de Facebook. Precisa vida sindical na porta da fábrica, na porta do jornal, do centro de ensino, na porta da loja, em cada setor onde tiver um trabalhador. Sindicato que é visto, que pode ser tocado, com dirigentes que escutam, que acolhem, que olham, que abraçam e dizem: “Não temas, estamos aqui”. 

Eu vejo essa massa da nova geração de trabalhadores, os diaristas, os intermitentes, os informais, os que têm carteira assinada e morrem de medo de perdê-la, todos com esse olhar de desamparo. Temem e não acreditam que possa haver um lugar, ou alguém, que esteja com eles. E se pensarmos bem, não estão errados.  O que se vê são dirigentes burocratizados, em cima dos caminhões de som, em momentos pontuais. Distantes, inacessíveis, intocáveis. 

Os sindicatos são espaços que conquistamos a custa de muito sangue de companheiros e companheiras. Ele deve ser espaço de construção de lutas, lutas renhidas, ferozes, mortais, contra os “vilões do amor”, como dizia Cruz e Sousa. Mas, para isso, é preciso outro tipo de sindicalista, sem temor, sem expediente de horário comercial, entregue, comprometido, disposto a tudo. Esse é o drama. Ser alguém assim exige demais, e poucos estão dispostos. 

Mas, se não for assim, acabaremos todos como aquela moça do filme francês: sozinha e desesperada na dor. No filme, o final sugere que ela venceu o drama. Mas, eu creio que não. Pode até ter saído daquela experiência mais forte como pessoa, mas não como classe. E a guerra contra o capital não se vence no plano psicológico, nem no plano pessoal. A gente vence coletivamente. 

É o nosso desafio. Precisa-se de um sindicato. Sim, precisa-se! E já!

Alguém pode dizer que as lutas podem se fazer sem aparelhos, sem direção, sem hierarquia, como já mostram muitos movimentos vividos no Brasil. Eu digo: sou uma velha senhora do século XX. Não creio nisso. Movimentos são importantes e travam grandes batalhas, mas a classe trabalhadora precisa estar organizada, em todos os campos. E os sindicatos são estruturas perfeitas para essa missão.  


quarta-feira, 25 de abril de 2018

Os cartórios me assombram




Fui ao cartório requerer uma certidão, porque agora elas estão disponíveis no éter, ou na nuvem, ou em algum lugar não sabido. O fato é que podem ser acessadas de qualquer lugar, não sendo necessário viajar até a cidade de origem ou pedir para mandar por correio. Pois não é que, às vezes, a modernidade é legal? Lá fui eu, serelepe. Peguei a senha e esperei, intermináveis minutos. Cartório está sempre cheio.

- Não, não podemos procurar por nome. Tem de trazer os dados, número da folha do cartório, registro etc...
- Mas eu não tenho a certidão. Como vou saber? Se tu entrar no sistema, não acha pelo nome.
- Não senhora, preciso dos dados do registro.

Toda alegria se foi. E agora? Como achar os tais dados? Volta para casa, e  toca ligar para o cartório da cidade de origem. Toda uma algaravia sobre ter perdido a certidão, não ter os dados, recusas, pedidos desesperados. Até que a garota decidiu liberar as informações.

Dia seguinte volta no cartório, já não mais serelepe. Pega a senha, espera, espera e espera. Entrega os dados, espera. A guria vem e diz que a certidão virá em até 15 dias. Oi? 15 dias? Mas, não está no éter?

- Até 15 dias, senhora – responde, monocórdia.
- Quanto custa?
- 70 reais e 20 centavos.
- Mas como, tudo isso? A coisa não tá no éter, vem pelo éter, porque esse custo todo?
- É o custo, senhora.

Porra, porra, porra. Pago. Fazer o quê? Viajar até Uruguaiana sai por uns 600 reais.

No ônibus indo pra casa, vou verificar o recibo. Paguei $22,80 pela materialização. Mas, o que é isso? Deve ser pela aparição da bichinha na tela do computador da moça do cartório de Uruguaiana. Ela materializa e envia pelo éter a certidão. Ai, quando ela chega ao cartório de Florianópolis, eu pago $34,90 para a moça do cartório materializar aqui na capital catarinense. Depois, eu pago 12,50 pela taxa de emissão, que equivale a materialização em papel que eu vou pegar na mão. Somando tudo, são os $70,20.

Vai daí o meu assombro. Esses cartórios lucram demais, não é mesmo? Esse é um tipo de serviço que deveria ser público.

Ah, lá vem aquelas comunistas, estatistas... É, pois é. Sou.

domingo, 22 de abril de 2018

Crônica de um fracasso


Fracasso de uma gestão que, eleita para melhorar a vida da cidade, entrega os serviços públicos ao setor privado. 

Ação da polícia no final da votação
Gás foi jogado dentro da câmara, sufocando as pessoas 


A Câmara de Vereadores aprovou nesse feriado de Tiradentes, por 16 votos contra seis, o projeto do prefeito Gean Loureiro que entrega para as Organizações Sociais - na prática empresas privadas -  a administração dos serviços públicos da cidade. O argumento é que com as OSs será bem mais fácil contratar pessoal e garantir o atendimento na saúde e na educação. Pelo menos essa foi a propaganda divulgada nos meios massivos de comunicação. Mas, quem conhece a história das OSs e acompanha como elas tem se comportado no trato da coisa pública sabe muito bem o que irá acontecer. Maus serviços, corrupção, malversação de recursos e a população entregue a si mesma. Quem tem dinheiro para contratar serviço particular está tranquilo, que não tem vai se lascar. É uma crônica anunciada.  

Durante os dias que seguiram a apresentação da proposta e o pedido de urgência na votação da mesma, os trabalhadores públicos iniciaram uma greve. A lógica do prefeito, de pedir urgência, é o mecanismo que garante a não discussão do tema com a sociedade. Fosse um projeto normal, seguiria o rito de ser debatido nas comissões, poderia haver audiências públicas para que a sociedade soubesse em detalhes o que está em jogo. Mas, não. Urgência urgentíssima define votação imediata, sem qualquer debate. E foi o que sucedeu. Não adiantou os trabalhadores pararem os serviços e encherem o largo do prédio da Câmara exigindo discussão. Mais de seis mil pessoas alçadas em protesto. Foram ignoradas.

A tática dos vereadores foi jogar a votação para o feriado, apostando na desmobilização. Mas, não funcionou. Mesmo com os ônibus em horário de domingo – o que é praticamente imobilidade – e com o feriado bonito de sol, que poderia levar as gentes à praia, o largo da Câmara se encheu outra vez. Milhares de pessoas se manifestando, exigindo discussão, debate, conhecimento do processo. Os poucos vereadores de oposição fizeram o possível para informar às gentes. Vinham no caminhão de som, traziam notícias, mas, o que todos ali sabiam era que a maioria dos vereadores já estava com o voto pronto. Não importaria qualquer argumento que viesse dos vereadores de oposição. Para os aliados do prefeito,  o embate travado dentro da câmara não tinha nada a ver com a cidade, com as pessoas, com a saúde ou a educação. Estavam ali para apoiar o projeto, fosse ele qual fosse. O compromisso dessa gente nunca foi nem nunca será com seus eleitores. Logo, a crônica da votação também estava anunciada. Todos ali em frente a câmara sabiam que, tendo votação, o projeto passava.

Ainda assim, as milhares de pessoas em frente à Câmara seguiram com a manifestação pacífica, cantando, dizendo palavras de ordem, ouvindo discursos sobre o mal que vai se abater sobre a cidade com a entrada das OSs. Os vereadores chegaram pela porta dos fundos do prédio, escoltados pela Polícia Militar. Não houve qualquer tentativa de barrar a entrada, pois a repressão estava com todas as suas ferramentas, prontas para intervir. “Aqui temos crianças, pessoas de idade, não estamos para o confronto”. A população em protesto na frente do prédio apostava na capacidade de mudar o voto dos vereadores apenas com a pressão da presença e do grito. Não foi suficiente.

Com os vereadores lá dentro, o processo seguiu. Reuniões-relâmpago das comissões, com os vereadores impacientes e entediados. Queriam votar logo e voltar para seus churrascos de feriado. Para a maioria ali dentro, pouco importavam aquelas pessoas lá fora. Seus gritos eram irrelevantes. No processo de venda da cidade, tudo o que importa são os bolsos cheios ou as graças futuras que alcançarão. O jogo político todos conhecem. É o toma-lá-dá-cá. Pelo menos na nossa democracia liberal, ou ditadura do capital, melhor dizendo.

A sessão iniciada às 16 horas foi como sempre é. Discursos raivosos contra sindicalistas, trabalhadores e povo em luta. Tentativas de convencimento dos vereadores da oposição. O jogo conhecido e com resultado já antecipado. Não passariam dos seis votos aqueles que seriam contrários ao projeto. O jogo já estava ganho pelo prefeito antes mesmo de começar.

Ainda assim, lá fora, a multidão seguia na esperança de que os vereadores seriam convencidos pelo discurso. Quando a votação começou já era noite, passava das seis. E os votos a favor foram saltando, um a um. Na impotência completa, visto que a tática era a do pacifismo, as pessoas começaram a gritar, dentro e fora do prédio. A polícia então fez sua entrada triunfal, já esperada. Dentro da Câmara tratou de acalmar os ânimos com gás de pimenta, e aí sobrou pra todo mundo, manifestantes e jornalistas. Foi o caos. Pessoas sem ar, trancadas na sala. Lá fora, também premidos pela impotência, apesar de estarem em maior número, os manifestantes tentaram uma reação, mas igualmente foram impedidos pela polícia. E a velha receita de sempre funcionou. Polícia batendo, chutando, jogando gás, “tudo normal”.

A votação continuou, impávida, e os vereadores votaram, aprovando o projeto. A cidade agora terá sua saúde e educação administrada pela iniciativa privada. Começará na UPA do Continente, depois em algumas creches, e, com o tempo, irá se imiscuindo em tudo. O Brasil do golpe se consolidando, em todas as instâncias. Viveremos o tempo do cidadão-cliente, ou seja, só poderá usufruir da cidade e dos serviços públicos aquele e aquela que tiver dinheiro para pagar. A acumulação capitalista seguindo seu curso, se fazendo sobre a vida das gentes.

Os vereadores de oposição buscarão na justiça alguma brecha para anular a votação, visto que foi num feriado e depois das seis da tarde, o que seria ilegal. Mas, quem afinal crê na justiça? Temos visto, depois do golpe, todos os dias, os exemplos de que nada se pode esperar do poder judiciário, marcadamente dominado pela classe dominante e decidindo sempre a favor dela. Esse vai e vem no judiciário é só um ritual patético, cujo resultado final todos já conhecemos.

Na semana que inicia os trabalhadores públicos definirão seu movimento, decidirão se continuam a greve ou não, visto que ela começou para garantir a luta contra o projeto que, na prática, também vai eliminando a figura do servidor público. E a proposta é essa mesmo. Garantir que os serviços públicos sejam administrados pelo setor privado, com trabalhadores precarizados, geridos pela nova lei do trabalho, que não garante mais nenhum direito.

Agora, com o projeto aprovado, quais serão os rumos do movimento grevista? É uma difícil decisão. Mas, os municipários têm força, são milhares. Talvez possam empreender novo ritmo à greve e garantir algum ganho nesse processo. Tudo é uma incógnita visto que a tática é a da manifestação dentro da ordem.

Já a população iniciará a semana como sempre. Completamente alheia ao que acontece na vida da cidade até o dia em que precisar de um atendimento de saúde e tiver de pagar, até a hora em que aconteça algo com seu filho na creche, então despertando do torpor, atrasada e impotente. Mas, todo esse povo apático não é o “vilão”. Até porque faz muito tempo que os partidos políticos, os sindicatos e os movimentos sociais abandonaram a prática de manter o povo informado. Hoje, publica-se no facebook e acha-se que todo mundo está sabendo das coisas. Mas, não. O facebook informa só o que o sistema quer. A maioria ainda recebe a “verdade” pela televisão, e a televisão mente. A comunicação dos movimentos sociais é débil e ineficiente. E os partidos e sindicatos que deveriam inovar nas práticas comunicacionais, enfrentando a mentira e a desinformação, não o fazem. São tempos sombrios.

Os poucos que saíram às ruas lamberão as feridas e se prepararão para novas batalhas, porque sabem que a resistência é necessária. Mas, talvez fosse hora de as gentes que lutam começarem a pensar que só resistir não basta. O tempo no qual vivemos, de ataque total do capital, exige novos caminhos, novas táticas, novos métodos.  É preciso constituir uma proposta eficaz de ataque também do nosso lado. Ou isso, ou sucumbimos.