quarta-feira, 11 de setembro de 2019

"Vão estudar".

Foto: CSE com o bloco de aulas fechado pelos estudantes.

Os estudantes da UFSC realizaram assembleia e definiram por realizar uma greve contra os cortes nas universidades e a proposta de privatização do governo federal. A notícia saiu na mídia comercial, como sempre toda retorcida e sem a devida contextualização. Nos comentários, o horror. Toda a sorte de lugares comuns e preconceitos historicamente plasmados contra os estudantes e a universidade. Para uma boa massa de pessoas comuns o povo que frequenta universidade é tudo maconheiro, vagabundo e vive fazendo greve porque gosta de fazer bagunça em vez de estudar.

A verdade é o seu contrário. O povo que faz greve é justamente aquele que quer estudar e não pode. O corte efetuado pelo governo federal inviabiliza o ensino e todo o trabalho de pesquisa e extensão da universidade. E o governo ainda está ameaçando com mais cortes. Esse ano já cortou 30% do orçamento e ano que vem vai cortar mais, chegando a quase 50%. Ou seja, Com isso, não há universidade e ninguém poderá estudar. Ou melhor, só os mais endinheirados, que podem pagar por uma escola privada. Então, a maioria estará fora. É por isso que os estudantes estão em greve. Porque querem estudar.

Uma greve não acontece porque as pessoas são vagabundas. É o contrário também. Trabalhador que faz greve quer trabalhar e ganhar um salário que permita viver. Estudante que faz greve quer uma escola melhor para poder ser melhor.

Fico pensando se essas pessoas que falam mal dos estudantes conseguem perceber que quando vão a um médico, a um dentista, quando precisam de um engenheiro, um arquiteto, um enfermeiro, um professor ou quando usam alguma máquina ou eletrodoméstico, estão diante de algum “vagabundo” que um dia estudou para garantir saúde, educação, segurança, moradia, conforto?

Será que não conseguem ligar os fios e entender que a universidade é o lugar onde se formam profissionais que vão atuar no cotidiano de cada um, onde se fazem as pesquisas que vão impactar a vida de cada um? Sem a universidade não tem gente capacitada para exercer determinadas funções que são importantes para a toda a sociedade.

Portanto, em vez de xingar os estudantes, as pessoas deveriam cobrar do governo federal o cumprimento da Constituição. Porque descumprir a lei magna sim é que vagabundagem e vilania. E a Constituição determina que todos os brasileiros têm direito a educação superior com garantia de permanência. Se é assim, como o governo corta os valores que garantem a manutenção das federais?

Então, em vez de ofender quem está lutando por um país melhor, procure se informar e apoiar a luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Ela é um direito, inclusive, teu.


segunda-feira, 9 de setembro de 2019

O mito do fracasso do socialismo em Cuba.



Algumas informações sobre Cuba que nos permitem observar o quanto a proposta socialista de vida daquele país não é algo a se temer, e sim algo a se almejar:

Cuba é o primeiro país do mundo a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho.

Cuba é o primeiro país do mundo a criar uma vacina contra o câncer de pulmão.

Cuba é o país com mais médicos, professores, atletas, artistas per capita no mundo. Entenda-se bem: Do mundo!

Cuba treinou mais de 20.000 médicos de vários países pobres do mundo gratuitamente em sua Escola Latino-Americana de Medicina; apesar de suas limitações econômicas.

Cuba tem o dobro de médicos que a Inglaterra, apesar de ter uma população quatro vezes menor.

Cuba é uma fábrica de médicos, engenheiros, atletas, poetas.

Cuba é um dos países com as menores taxas de mortalidade infantil do mundo.

Cuba é o único país latino-americano sem trabalho infantil, sem crianças dormindo nas ruas ou se prostituindo.

Cuba é o país com o maior índice de desenvolvimento humano da América Latina.

Cuba é um dos poucos países do mundo sem desnutrição infantil.

Cuba é um dos poucos países do mundo sem problemas com drogas e drogados.

Cuba foi o primeiro país latino-americano a erradicar o analfabetismo.

Todas essas conquistas foram alcançadas, apesar do bloqueio criminoso e do assédio de todos os tipos aos quais o pequeno, mas heroico país do Caribe, foi brutalmente sujeito.

Então: qual país capitalista da América Latina ou do mundo conseguiu alcançar todas essas conquistas sociais?

Que país latino-americano ou mundial tem níveis tão baixos de criminalidade ou insegurança que Cuba tem?

Fala-se da miséria de Cuba, quando nas cidades dos países latino-americanos ainda faltam os serviços básicos para a grande maioria da população.

Nega-se a grandeza do socialismo, alegando que é um fracasso. Mas veja o que o capitalismo produz: 

Um bilhão de famintos, um bilhão de analfabetos, bilhões de escravos no século XXI, que mal sobrevivem com menos de um dólar por dia, exploração, guerras, invasões, prostituição, tráfico de armas, tráfico de drogas, morte, poluição dos oceanos, rios, desmatamento, aquecimento global, milhares de armas nucleares, capazes de acabar com toda a vida no planeta, terrorismo, doenças. 
Então, quem fracassou?

(Texto: MML) 

domingo, 8 de setembro de 2019

A Rádio Campeche e sua representatividade


No último sábado, dia 07 de setembro, a Rádio Comunitária Campeche celebrou a inauguração do estúdio novo, um espaço de mais qualidade para a transmissão da voz da comunidade. Também festejou os 20 anos de existência com a apresentação de um vídeo que conta um pouco dessa história. Durante todo o dia os braços comunitários já se preparavam arrumando o cenário da festa. Coisa simples, mas delicada. Bancos, mesas, barracas, fios, tudo foi se constituindo. No final do dia foram chegando as gentes com suas sacolas. Um pão, uma geleia, uma pasta, um bolo, um salgadinho, refrigerante, vinho, cerveja, café. Cada um trazia um pedaço de si para compartilhar. Isso chama-se comunhão.

Quando tudo já estava ajeitado e a mesa farta, foi a vez de olhar cada rosto que ali se juntava para celebrar conosco mais um passo na luta popular e comunitária. Velhos lutadores sociais, companheiros fundadores da rádio, pessoas do bairro que simplesmente gostam da rádio, juventude, militantes das lutas populares, sindicalistas, companheiros da mídia independente, gente que chegou ontem e que já se juntou ao projeto, enfim, rostos de pessoas que sabem dar valor ao trabalho que se faz de maneira solidária e conjunta. Rostos de companheiros e companheiras.

Quando tudo se armou para ver o filme dos 20 anos, o sentimento era de muita alegria. Porque ali estavam, reunidos sob o céu emburrado, as pessoas mais importantes da luta comunitária dessa cidade. Gente que nunca esmoreceu, nem nos piores momentos, gente que se manteve firme na luta e na parceria com a nossa rádio que nasceu para isso mesmo, ser o espaço onde a voz das lutas sociais do bairro e da cidade pudessem se expressar.

E quando da tela grande foram pulando as caras dos fundadores da rádio, dos que deram o pontapé nesse projeto lindo, não foi possível controlar as lágrimas. Essas pessoas tornaram possível que, mesmo no meio da mais dura realidade social, outras pessoas pudessem caminhar, soltando a voz, informando, noticiando, criando conhecimento. Naquele burburinho de gente pudemos constatar: isso é comunidade! Pessoas que se juntam para construir um tempo melhor, um lugar melhor. Tem-espaço, sentipensar.

A Rádio Campeche, comunitária e livre agradece a presença de toda a gente que veio festejar, e também aos que não vieram, mas mandaram suas energias. Quem participou levou junto um tijolinho de adobe, presente nosso, para que saibam sempre que são, tal como o tijolo que sustenta a rádio, sustentáculo de toda essa proposta generosa de comunicação popular.

Obrigada pessoal. Foi, como sempre, uma linda festa comunitária.