domingo, 11 de março de 2018

30 anos de amizade




Conheci essas duas num março de 1988 e lá se vão 30 anos.

Uma delas vislumbrei na porta da sala de aula, no Curso de Jornalismo, com seu cabelo enroladinho e roupa hippie. A conexão foi imediata. Iriamos partilhar juntas toda a aventura de estudar jornalismo, lendo e discutindo texto pelas noites a fio, com pipoca e chimarrão. Vez em quando ainda meio bêbadas, chegando das domingueiras do Clube 15, depois de nos esbaldar na lambada. Desde aquele março vivenciamos belezas e dores, sempre juntas. Passamos por amores, viagens, noitadas de samba e cumplicidades. Brigamos, ficamos sem falar, mas a amizade sempre foi maior que a zanga.

A outra entrou na minha casa pela mão de um companheiro que morava comigo na república do Itambé. Namorou com ele, terminou, mas seguimos amigas. No primeiro dia em que a vi, não gostei. Carinha de entojada e filha de militar. Pacote perfeito para a exclusão. Mas, não sei por que cargas d´água, acabamos acertando os ponteiros e nunca mais nos separamos. Enfrentamos tormentas e alegrias. Ela é a única pessoa no mundo que me procura quando está transbordando de felicidade. Uma qualidade ímpar. Brigamos, ficamos sem falar, mas a amizade sempre foi maior que a zanga.

Todas duas têm suas diferenças e dessemelhanças. Por vezes já se estranharam entre si, mas nossa unidade sempre prevaleceu. O tempo passa e a gente segue se acompanhando, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Vivemos longe, mas estamos perto.

Ontem encontrei essa foto, de um dia de 2004, quando elas vieram conhecer minha casinha, a primeira e única, meu cafofo, o sonho de uma vida inteira, conquistada com a dificuldade de sempre na vida de um trabalhador. E só foi possível, paradoxalmente, depois de uma demissão. Com a grana da rescisão, ergui a casinha.  Foram elas as primeiras a encher de boas energias minha morada. Talvez por isso tenha tanta alegria aqui.

Nesse março celebramos 30 anos de amizade verdadeira, dessas que não se quebra. É uma vida inteira, uma vida de partilha e de comunhão. Com elas, aprendi e ainda aprendo, todos os dias. Com elas, a vida fica leve. Com elas, pretendo seguir até que a ceifadora venha me levar. Porque juntas sempre somos melhores.

Amo vocês...  Feliz “Bodas de Pérolas” para nós... 30 anos, não é bolinho!



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