segunda-feira, 21 de abril de 2014

Joaquim, tu vives!



Joaquim nasceu em família de um abastado proprietário rural, o quarto de nove filhos. Mas, bem cedo perdeu os pais. Tinha onze anos quando se viu órfão. Foi levado por um tio que era dentista e lhe ensinou o ofício.  Também atuou em uma botica que dava assistência para o povo pobre na bonita e próspera Vila Rica. Ali, cuidava de doentes e atendia quem precisasse de um dentista, por isso ganhou o apelido de Tiradentes. Também trabalhou como minerador e conhecia como ninguém o terreno das Gerais. Foi contratado pelo governo para andar nos caminhos levantando a topografia da região. Por conta disso foi vendo a realidade com olhos críticos. Muita riqueza para poucos e tanta pobreza para a maioria. Não foi sem razão que esse homem se integrou ao movimento de luta contra a cobrança de impostos, iniciado por gente da elite de Vila Rica.  

O movimento contra a derrama era também uma luta pela República. Mas, precursores da independência, Joaquim e seus companheiros foram traídos, como soe ocorrer quase sempre. Presos como inconfidentes, traidores da coroa, apenas ele foi condenado à força.   Não tinha nome de família “de bem”, não tinha posses. Seu único erro foi acreditar que, unido com a elite local, poderia trazer coisas boas para sua Vila Rica. Não conseguiu, e acabou preso com todos os inconfidentes. Os filhos da classe dominante receberam perdão da rainha Maria I e foram condenados ao degredo. Sobrou Joaquim, o sem lugar, sem família, o que não pertendcia à maçonaria, o que não tinha nada além dos sonhos de liberdade e de vida boa para sua gente. Ele foi usado com um exemplo pela monarquia. Seguiu, condenado, em procissão pelas ruas de Vila Rica. Foi montado um “espetáculo” que durou 18 horas.

Assim foi o suplício do jovem Tiradentes, o alferes, o conhecedor de caminhos. Ele acabou enforcado e sua cabeça pendurada na entrada da Vila. Toda sua geração foi amaldiçoada. Seu corpo esquartejado foi jogado pelos caminhos e sua casa foi salgada para que lá, nada mais nascesse.

Ah, esses carrascos das gentes livres, Quão estúpidos são! O sangue de Tiradentes regou novas lutas, novos desejos de libertação. Até que, enfim, veio a República.

Mas, a República não mudou nada, ainda... E, nos caminhos de Minas ainda reverbera aquela ideia de justiça, de vida plena para a maioria. Joaquim vive na luta do povo pobre dos morros de Belo Horizonte, da Rocinha, da Maré, da ocupação Telerj. Joaquim vive bem aqui, na Ocupação Amarildo, na aldeia Itaty, nas ruas da cidade, onde outros homens e mulheres sonham com a libertação.

Joaquim, te recordo, com amor e com ódio. Amor pela proposta de vida livre que ousaste defender e ódio aos vilões do amor que te mataram!!! Por aqui, seguimos... Como tu... Sem posses, sem nada, apenas com nossos “corpos nus”, como diria Faermann.


Seguimos morrendo, mas tu vives para sempre! Assim como essa “imorrível” ideia de vida boa e bonita para todas as gentes...

Um comentário:

GilsonSampaio disse...

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