Foto: Rubens Lopes - Em Florianópolis a greve reuniu mais de 20 mil pessoas
Digam o que disserem os meios de comunicação comercial, a
greve geral desse dia 28 foi um sucesso. Desde a madrugada os trabalhadores
começaram a se mobilizar em cada canto do país. Das grandes cidades até os
recantos mais escondidos saltaram as vozes e as bandeiras de luta. Os trabalhadores
sabem muito bem o que está em jogo: fim da aposentadoria, fim dos direitos. É
simples.
Agora o desafio é manter a mobilização acesa. A reforma trabalhista
já passou na Câmara dos Deputados e deve passar pelo Senado, possivelmente com
a mesma velocidade. Isso significa que em uma semana tudo poderá estar
decidido. Como os atos dessa sexta foram na maioria pacíficos, talvez não sejam
suficientes para tocar os senadores. E ainda que o presidente da casa tenha se
manifestado, aparentemente contra a retirada dos direitos, quem pode saber?
Quantos jantares no palácio não rolarão e quantas notas verdinhas não passarão
por baixo do pano? Vai-se saber... Por isso não dá para baixar a guarda.
A movimentação desse dia 28, que a televisão golpista
insistiu de chamar de “confusão” mostrou que a população está atendendo ao
chamado da luta. Por alto, mais de 35 milhões de pessoas foram às ruas, fora
aquelas que não chegaram aos atos, mas que, mesmo em casa, estavam apoiando. Gente
demais para ser ignorada.
Apesar de a ideologia dominante ainda manter cativas algumas
pessoas na ideia de quem estava na rua
era “vagabundo”, uma mirada cuidadosa na realidade já mostra que não foi bem
assim. Vieram para as ruas os padres, as freiras, os trabalhadores do metrô, os
motoristas, os funcionários públicos, as faxineiras, os estudantes, o pessoal
do escritório e até os comerciários. As grandes cidades ficaram com seus
centros vazios, as lojas não abriram, aeroportos não funcionaram. E bueno, se
as coisas não funcionaram é sinal de que precisa ter alguém para fazê-las
funcionar. Logo, os que pararam não são vagabundos, são os trabalhadores, os
que verdadeiramente geram a riqueza de qualquer país.
O tamanho do inimigo finalmente juntou toda a esquerda e os
atos aconteceram de forma unificada. A força da mobilização foi tão grande que
quebrou a empáfia de alguns governantes que anunciaram antes que iriam fazer e
acontecer. Tiveram que se curvar ao povo em luta. Foi o caso do prefeito de São
Paulo.
No Rio de Janeiro a batalha foi feroz. E não é para menos,
os trabalhadores estaduais vem enfrentando sistematicamente os atrasos nos
pagamentos de salário. No mês de março, o dinheiro saiu só no dia 18, enquanto
todas as contas são cobradas até o quinto dia útil. Era certo que lá haveria
grande disposição. E, como sempre, também grande disposição da polícia em criar
o tumulto. Tem sido assim desde o ano passado quando começou o atraso nos
salários. Em vez de resolver o problema dos trabalhadores, o governo manda a
polícia bater naqueles que protestam, indignados. E ainda há gente que acuse os
cariocas de “vandalismo”. Ficar sem o salário para pagar as contas não seria um
vandalismo maior?
Certamente nos meios de comunicação esse será o tema
principal. Os “vândalos” do Rio.
Nas mídias, que seguem paternalmente amparadas pelo dinheiro
público da publicidade governamental, o discurso reproduzido à exaustão será de
que o movimento só causou transtorno, que as pessoas “de bem” foram impedidas de
trabalhar por conta da ação de vagabundos, e que a reforma trabalhista é boa e
vai aumentar as chances de emprego. Mentiras que não poderão se sustentar diante
da realidade. Quem teve acesso a outras informações pelas redes sociais, ou
mesmo aqueles que viram passar as gigantescas manifestações em todos os lugares
saberão que nesse dia 28 as gentes se levantaram e que estão contra as reformas
de Temer e do “bonde” do Congresso.
Agora, é fazer esse bolo crescer e transbordar, para que os
políticos sintam que estão esticando demais a corda. Ou para a reforma ou os
trabalhadores saberão o que fazer. O ensaio foi bonito.
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