quinta-feira, 21 de julho de 2011

Bão!

Leiteiro em ação: Foto de Rubens Lopes


No interior de Minas a vida ainda vai devagar. Há leiteiros, alfaiates, costureiras, mercadinhos, açougues com carne exposta. É uma beleza. Tudo aquilo que as grandes cidades excluíram, destruiram, desfizeram, por ali perdura. A gente anda na rua e as pessoas, conhecidas ou não, olham nos olhos, sorriem e dizem: Bão? A gente então faz o mesmo, sorri e responde. Bão! Nos campinhos de terra vermelha a gurizada empina pipa e no final da tarde sentam à calçada jogando conversa fora. Andam de bicicleta e carrinhos de rolimã.



É certo que a loucura da babilônia também já colocou seus ovos por ali também. Na periferia viceja o tráfico de drogas. Há um certo cansaço de quem não tem horizontes. João Pinheiro tem vivido problemas demais. O prefeito quase foi expulso por passar a mão no dinheiro público. O povo se mobilizou (coisa rara), fez passeata, protesto, mas uma reunião da Câmara de Vereadores que deveria votar o impedimento acabou contra as gentes. O prefeito ficou. E com ele ficou também uma desesperança, uma apatia. "Aqui não acontece nada com quem tem dinheiro", dizem as pessoas, perdidas de sonhos. Campo fértil para mais tristeza.


De qualquer forma, nesses lugares pequeninos, onde o cheiro de pão de queijo parece ser algo que faz parte da natureza, há um quê de pureza ainda. É espaço de enternecimento, de gente que espia das portas, mas que tem o coração do tamanho do cerrado. Minas é sempre uma rede onde descanso minha alma em escombros...

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