segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Do Brega

Foto: Rosane Lima


Verdadeiramente tenho uma espécie de compulsão pelo brega. Não sei ser chique. Mesmo quando quero, a coisa acaba descambando. Nas ruas, meus olhos tendem a buscar as lojinhas de roupas baratas e bregas. Não sei por quê. Outro dia fui ao xopim com minha amiga Jussara disposta a comprar uma calça jeans chique. Fomos às lojas da Levis e da Forum...Provei uns 20 modelos, não gostei de nenhum... Geralmente faço uma carinha de enfado, enquanto digo: feeeeiiiiiia. Depois, fui conferir os preços. Com o valor de uma única calça eu compraria seis nas Pernambucanas. Bah, não tem como. 

O pior que sou assim desde pequena. Quando morávamos em São Borja o pai abriu um crediário para nós na Loja Nemetz, uma das mais chiques da cidade. A gente podia ir lá e comprar o que quiséssemos. Minha irmã fazia a festa, comprava roupas, sapatos, bolsas, lenços, tudo o que havia na crista da moda. E eu olhava aquelas roupas esquisitas com a mesma carinha de enfado que faço hoje. Não comprava nada. Minha alegria mesmo era quando eu ia às Pernambucanas com a mãe. A gente ficava por lá uma tarde inteira olhando as fazendas, que era como chamávamos os cortes de tecido. Geralmente paninhos simples, coloridos e baratinhos os quais se transformavam em lindos vestidinhos bregas que a mãe mesmo fazia. Eu me sentindo o máximo. 

O mesmo passa com sapatos. Não consigo sair da tradição. Quando pequena eu usava só as Franciscanas, sandálias confortáveis usadas por freiras. Era tudo de bom. Usei até a fase adulta e só parei porque a fábrica se acabou. Nunca mais vi uma franciscana. Só de pensar eu choro. Como eram boas aquelas sandálias. Sem elas passei para as alpargatas de sola de corda. Usei por anos e ainda uso. Mas as preferidas são as havaianas. Uso o tempo todo, apesar de que agora gourmetizaram as bichinhas. Estão custando 70 reais. Um absurdo. Talvez seja hora de buscar algo mais raiz. Outro dia visitei as lojas de calçados em busca de uma sandália de verão.. mesma coisa de sempre. A cara de enfado e mãos vazias. Acabo no Mercado Público com algum modelito havaiana ou uma alpargata. No inverno até tento ser chique, mas não aguento muito tempo. Uso uma botinha bonitinha um dia e no dia seguinte lá estou de sandália de couro e meia. A alma é brega...  Tem jeito não... Tivesse eu dinheiro seria o fino do brega... exageradamente...



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