domingo, 2 de dezembro de 2018

Violência de quem, cara pálida?


"Chamam violento o rio que tudo arrasa, mas não as margens que o oprimem". Li hoje um comentário sobre os protestos na França. A pessoa dizia que aquilo tudo ( a violência) era fruto do multiculturalismo. Ou seja, uma racista que evitava dizer ser culpa dos negros e árabes. Como se fossem só eles os que protestam. 

Os que protestam na França são os pobres, os que vivem o cotidiano da fome, da desnutrição, do desemprego, da violência mais vil. O aumento do preço da gasolina tem reflexos em toda a cadeia de preços. A vida fica pior. E coisas assim detonam toda a dor, todo desespero. A luta que muda o curso das coisas sempre é violenta, porque violento é o modo de vida que põe milhões na miséria para que meia dúzia vivam à larga. 

Os fatos na França não têm a ver com o "multiculturalismo", até porque os negros e árabes que ali estão hoje apenas buscam viver um pouco do bem viver que lhes foi tirado por um país que tornou colônia muitos povos, que roubou e matou para extrair as riquezas desses povos. Os fatos tem a ver com o momento em que uma pessoa diz: basta, não posso mais.  E responde como pode aos opressores. 

Como no Brasil de 2013, os manifestantes não estão ligados a partidos, e realizam atos marcados via redes sociais, aparentemente sem coordenações centralizadas, mas os partidos já estão pegando carona no movimento. Todos os que são contra Macron já mostram as unhas. Macron já sinalizou que é preciso prestar atenção às reivindicações do protesto social, porque sendo ou não espontâneo ele expressa reivindicações de grande parcela da sociedade. 

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