Foto: Rubens Lopes |
O povo brasileiro vai às urnas nesse domingo, numa de suas maiores eleições. É que não apenas elege o presidente ou presidenta da nação, mas também todo o Congresso Nacional, senado e deputados federais, bem como as câmaras legislativas, nos estados. Gente demais, e uma gente que definirá os rumos do país por mais cinco anos.
Os últimos anos foram marcados pelo turbilhão. Um governo se elege com 54 milhões de votos, o derrotado (Aécio Neves) não aceita o resultado e começa um processo de desestabilização que vai desembocar no golpe de 2016, quando Dilma é retirada do cargo numa armação jurídico/legislativa, fartamente amparada pela mídia comercial. Mas, a jogada do PSDB encontra uma pedra no caminho: a figura de Jair Bolsonaro, um deputado federal que ao longo de mais de 20 anos de vida pública passou por nove partidos diferentes, feito uma biruta de aeroporto, para lá e para cá, embora todos dentro do mesmo espectro da direita brasileira.
Ancorado na falta do radicalismo político que a população pedia, assoberbada por tantas denúncias de corrupção, ele passou a nadar de braçada, tomando para si o papel da crítica. Uma crítica sem fundamento, mas espetaculosa, expressa em declarações rasas e polêmicas, que foram aparecendo como uma alternativa para boa parcela da população que não queria mais do mesmo. Mão dura, ditadura militar, armamento para todos, moralismo. Começou a parecer “o cara” que iria botar ordem na bagunça.
Para uma população que vive cotidianamente acossada pelo discurso do medo imposto pela mídia comercial, o personagem durão e violento caiu como uma luta. Seria o salvador da pátria, o que acabaria com o comunismo do PT (?) e com a corrupção. Mas que, na verdade, em seu programa, aponta para a submissão completa à política dos Estados Unidos, aos latifundiários locais e aos banqueiros. Uma mesma farsa já vivida pelo Brasil em 1989 pela triste figura do “caçador de marajás”, Collor de Melo.
Agora, já no século XXI, chegamos às eleições premidos por outras formas de comunicação, as quais tornam qualquer pessoa capaz de produzir conteúdo. As redes sociais públicas, como o facebook e as privadas, como as do uatizapi, se transformaram num espaço de mentiras e invenções grotescas, com conteúdos grotescos e violentos. O uso de robôs para reproduzir todo esse chorume também é impressionante, o que faz com que a realidade criada dentro das bolhas seja magnificada.
Um exemplo concreto é a montanha russa causada pelas pesquisas realizadas por institutos de conhecida parcialidade. Cada resultado diário gera um estardalhaço nas redes, e as pessoas se movimentam como baratas enlouquecidas, deixando de lado seus princípios e ideais, buscando respaldar um pragmatismo sem cabeça.
O enfrentamento à candidatura proto-fascista e ultraliberal de Bolsonaro vai se fazendo nas redes, quando a vida real nos aponta que há uma multidão de indecisos que precisam unicamente de uma boa conversa cara-a-cara para pensar seu voto. Uma gente que vaga pelos terminais urbanos, pelas padarias, pelos mercadinhos dos bairros, pela vizinhança e que acaba não encontrando ninguém para dividir suas angústias.
No facebook pós último debate a gritaria generalizada é contra a barbárie que pode chegar caso vença Bolsonaro, e em alguns casos parece até que muitos já jogaram a toalha.
Não é o caso. O povo brasileiro tem a sua racionalidade e sabe fazer seu cálculo. Mas, é preciso que haja gente capaz de fazer a conversa olho-no-olho, que é a única que pode fazer com que a pessoa se sinta realmente tocada. O bom e velho trabalho de base, do casa a casa, do pessoa a pessoa, o encontro humano, tão poderoso.
Não é hora de largar a toalha ou enlouquecer no facebook. É hora de sair para a rua, encontrar o vizinho, o amigo, o companheiro, os parentes. É hora de fazer o embate real, amoroso e sincero.
O Brasil não está ladeira abaixo. Mas, pode ir. Cabe a nós, os que historicamente têm feito a luta por um Brasil livre e soberano, impedir essa queda. É tempo de subir a ladeira. Como sempre fizemos.
Bora lá, pessoal.
Um comentário:
Obrigada pelo discernimento e espírito leve em meio à tempestade.
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