O velho bar Assim-Assado sendo demolido
O bar era um lugar de encontros
No espaço de convivência havia espaço para os Centros Acadêmicos - aqui, uma hora feliz no CALE
Na universidade a gente não deixa de surpreender. Há quatro anos o Centro Sócio-Econômico destruiu um espaço de convivência no qual ficavam o bar e os centros acadêmicos. Ali, a vida fervilhava. Primeiro porque abrigava os espaços de luta dos estudantes e eles circulavam sem parar, conspirando, debatendo, tramando. E, em segundo lugar, porque era o espaço do encontro de todas as gentes: estudantes, técnicos, professores e visitantes.
Na universidade a gente não deixa de surpreender. Há quatro anos o Centro Sócio-Econômico destruiu um espaço de convivência no qual ficavam o bar e os centros acadêmicos. Ali, a vida fervilhava. Primeiro porque abrigava os espaços de luta dos estudantes e eles circulavam sem parar, conspirando, debatendo, tramando. E, em segundo lugar, porque era o espaço do encontro de todas as gentes: estudantes, técnicos, professores e visitantes.
As mesinhas vermelhas enchiam-se na hora do intervalo. As
pessoas conversavam, comiam, traçavam plano, se conheciam. Lugar para se estar
e ficar. Lugar para se demorar, no cara-a-cara com a vida e com as pessoas.
Convivência real.
Quando o prédio caiu, ficou a expectativa de que no lugar
dele – onde surgiria o prédio da pós-graduação – também renasceria o velho
espaço da convivência, porém mais bonito e mais acolhedor. Engano. O prédio se
ergueu sem planejamento nenhum para o encontro das gentes. Só as salas frias de
aula e administrativas. Gente tem de trabalhar e estudar. Que coisa é essa de
se encontrar? Perigoso, talvez!
Eu esperei a revolução. Como podia os estudantes ficarem sem
lugar para sua organização? Sem salas do Centro Acadêmico, sem espaço de convivência,
a única reação possível era a rebeldia. Pois não veio. Passaram-se os anos e eu
segui sozinha numa cruzada por um centro de convivência. Nada.
O tempo passou e os estudantes foram se adequando ao cenário
de comer rapidamente, na porta do centro, os lanches que alguns vendedores
decidiram trazer. Os poucos minutos em que se engole a comida não servem para o
encontro. É só a manutenção da vida.
Agora, poucos dias antes da eleição para diretor de centro
anuncia-se a colocação de um carrinho de comida, desses do tipo estadunidense,
os chamados “fuditruqui”, que já contém no nome a natureza da sua qualidade.
Quem conhece um pouco das terras do norte sabe que, lá, é
bastante comum os trabalhadores não almoçarem. Eles comem um lanche rápido, um
cachorro-quente, um hambúrguer, coisa assim. E o fazem na beira do carrinho, em
pé, sem muita mastigação, porque, afinal “time is money” e a roda da fortuna não pode parar. Pois é
isso que os dirigentes da universidade parecem querer para todos nós. Nada de
encontros, nada de junção de gente, nada de ficar conversando, fruindo a beleza
da vida. Rápido, rápido, comer rápido e voltar. Não é sem razão que os lugares
de convivência estão morrendo em toda UFSC. Até mesmo o velho e pungente Centro
de Convivência hoje é um lugar vazio de vida. Time is money, aqui também....
Alguém vai dizer que a gente é sempre do contra, que um
carrinho de “fuditruqui” é bem legal, que isso não impede a convivialidade, e
tudo mais. E eu então digo, leiam Milton Santos. O espaço interfere radicalmente
no modo de vida. A organização do espaço organiza as gentes. Tudo está ligado.
Dito isso, insisto: quero de volta o lugar do encontro. Que dizem os candidatos??? Que fazem os
estudantes? Qual a atitude dos professores e técnicos?
A minha é clara: espaço de fruição e de luta é necessário e
urgente. Vamos lutar por isso, companheirada.
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