É sempre assim. Eu entro na reitoria e fico procurando pelas
paredes aquela arte que sempre mobilizou nossas greves. Não há mais. Charges,
desenhos, frases de efeito, tudo muito bem pensado entre o engraçado e o
crítico. Uma linguagem única, feita por alguns traços e cores. Assim era o
trabalho realizado pelo nosso querido guru, Antonio Carlos Silva, que, inclusive foi imortalizado num livro editado pelo Sintufsc. Durante os anos em que atuou na UFSC, como
arquiteto, ele nunca faltou a um movimento de luta. E mais, ele foi um dos que,
junto com outro ícone da luta na UFSC, Manoel Arriaga, iniciou todo o processo
de discussão de organização dos trabalhadores pela esquerda. Com eles, nasceu o
Movimento Alternativa Independente, o MAI, que mudou a cara da UFSC. Com seu jeito meio tímido, discreto, ele agigantou a luta política de tal maneira, que
desse criadouro nasceram inúmeras lideranças que fizeram história na
universidade.
Pois com o Silva era assim, bastava eclodir um movimento
grevista e lá estava ele com suas tintas e pincéis. Sempre disposto ao trabalho
coletivo. Ele desenhava as charges e a galera fazia as pinturas, em manhãs e
tardes de puro contentamento. Assim a greve sempre assumia aquele aspecto de
arte, alegria e compromisso. Os imensos desenhos, ironizando os governantes, os
reitores, os pelegos, depois de pintados eram pendurados por toda a UFSC. E,
nas reuniões de comando, que aconteciam todos os dias, lá estava ele, fazendo
sua análise, construindo a política. Um
homem completo. Imprescindível.
Há poucos anos ele se aposentou. E, sem ele, os movimentos
grevistas da UFSC perderam muito em beleza e em alegria. Artista plástico de
reconhecida competência, ele segue por aí fazendo seus desenhos, pintando suas
telas. Mas, nós, na UFSC, ficamos órfãos, e não apenas de sua arte. Mas, também
do seu sorriso de menino e da sua lucidez.
Minha homenagem de hoje vai para esse homem. Colega, amigo,
companheiro, fazedor de mundos. Sim, sentimos sua falta, mas temos sua arte e sua ternura marcadas em nós de maneira
indelével. Sabemos que está bem feliz curtindo seu tempo de livre das pressões
do trabalho cotidiano. E eu, do fundo do meu coração quero dizer obrigada. Por
ter nos ensinado tanto, por ter tido a paciência de trabalhar com os mais
jovens, por iluminar nossa UFSC com a beleza que criava no papel.
Antônio Carlos Silva, guru, mestre, amigo, um ser especial.
Obrigada por tudo!!!
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