quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Lino


Conheço o Lino faz tempo, desde que entrei na UFSC como trabalhadora em 1994. Desde sempre um professor pé-no-chão. Um homem que ensinava – e ensina – a arquitetura a partir da cidade real. Andando pelos caminhos, conhecendo cada cantinho, observando cada transformação, amando a cidade. Esse é Lino. Um cara cheio de amor pelo espaço urbano, espaço da vida das gentes. Um cara que vê a periferia não como lugar para ser melhorado, mas lugar para ser transformado porque todos têm direito a viver uma vida boa e bonita. 

O Lino é a reminiscência do antigo PT, aquele dos primórdios, da práxis, que juntava a teoria com a prática. O Lino é um homem extraordinário, ainda cheio de pureza. Muitas vezes, seus adversários dizem que ele é só um tarefeiro, e que isso é alienante, porque a luta política não é só estar fazendo coisas pelos empobrecidos. Mas, o Lino não é um bocó. Ele é professor universitário, bastante afeito à teoria. Só que ele sabe que existem coisas que precisam ser feitas e ele faz. Isso é o que me encanta e emociona. 

Agora, quando essa loucura da pandemia começou, lá estava ele no apoio concreto às ações de solidariedade, de manhã, tarde, noite e fim de semana. Carregando cestas básicas, produtos de limpeza, agindo. Ah, mas isso não muda nada. Muda sim. Muda a vida de algumas famílias. Isso significa que ampara dezenas de universos, porque cada ser é um. O Betinho dizia que a fome não podia esperar, e que pessoas mortas não fariam a revolução. Por isso criou a campanha contra a fome, e também foi criticado. Cristão, lhe xingavam. Pois é. O Lino é assim. 

Ele reúne os indígenas, os sem-teto, os moradores de rua, o povo de terreiro, o pessoal de ocupação. Ele caminha na cidade empobrecida, ele faz o que tem de fazer. E não é pra buscar voto, não. Porque ele sabe que nesse Brasil patriarcal, ainda uma fazenda, os empobrecidos acabam votando nos políticos que dão coisas urgentes como uma carrada de barro, ou telhas, ou alguns trocados. Ele não dá isso. Ele dá atenção, ajuda a organizar, discute em profundidade os problemas. Ele luta pelo dia em que as pessoas votarão num cara porque tem com ele um projeto. Mas, não é assim. Ainda não. Por isso ele trabalha com formação e seu gabinete de vereador tem sido esse espaço de estudo, de encontro, de construção de novo tempo. 

O Lino constrói com a gente um projeto de cidade, ele escuta, ele repensa, ele aprende. Eu, quem nem sou mais do PT voto nele e tenho vontade de vê-lo prefeito dessa cidade. Porque a cidade do Lino é a minha cidade. Essa que se vê desde o chão vivido e pisado. Sei que é difícil. São tantas as traições, as punhaladas nas costas, o abandono, o desdém. Mas, sigo crendo. Dia virá que os puros de coração comandarão a terra, dia virá a revolução.  Tô contigo, Lino. Sempre...


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