Com Nildo Ouriques, pela revolução brasileira
Era 2004. Tudo conspirava para uma acomodação por conta da
eleição de Lula. Eu estava na direção do Sintufsc, e começamos uma luta feroz
contra o governo por conta da reforma da previdência. Nossa crítica a Lula nos
custou muito. Perdemos amigos, enfrentamos a fúria de colegas que eram
parceiros históricos. Mas, tínhamos claro que nosso primeiro compromisso era
com os trabalhadores. Nunca nos furtamos a isso. Combatemos sem piedade. Fomos
derrotados. Tudo bem. A vida seguiu.
Naqueles dias vivíamos, eu e outra colega, um processo difícil
de censura e assédio moral na Agecom, onde trabalhávamos. Estava duro. Então,
recebemos o convite para começar um trabalho de estudo sobre a América Latina,
coordenado pelo Nildo Ouriques, com a participação de Beatriz Paiva. Não
hesitamos e lá fomos nós construir uma história de belezas.
Foi no mês de julho de 2004 que nasceu o Observatório Latino-Americano,
espremido numa pequena salinha do Serviço Social. Ali, começamos essa experiência
incrível que desembocou na criação do IELA, em 2006. Remando contra vento e
maré, fomos realizando coisas. Pesquisas floresceram, trabalhos de extensão
foram criados, diálogos com a sociedade foram iniciados, a América Latina sendo
exposta como esse espaço geográfico cheio de maravilhas, até então praticamente
desconhecido. O IELA transformou-se em um lugar de criação do conhecimento e,
para além dos trabalhos de investigação e de extensão, começou a recuperar os
mais importantes pensadores do continente em uma coleção editorial chamada
Pátria Grande.
Cada dia desses 13 anos de trabalho foi um desafio, cumprido
com alegria, com entusiasmo, com profundo amor pela Pátria Grande.
E o motor de todo esse processo sempre foi Nildo Ouriques. Um
sonhador, um realizador, uma criatura de extrema generosidade, comprometido com
a partilha do conhecimento. Um cara de uma capacidade de trabalho incrível,
motivador, instigante, capaz de superar, com incrível tranquilidade, todos os
obstáculos, que nunca foram poucos.
E assim, no IELA, cada sonho sonhado foi se fazendo, ora aos
trancos e barrancos, ora mais suave. Mas, tudo que nossa mais louca imaginação
apontou se fez, por mais impossível que parecesse. Porque havia paixão, havia
compromisso. E segue havendo.
Sempre comparei o Nildo com uma pandorga, esse instrumento
da meninice que nos ensina a brincar e amar o infinito. E assim ele é, feito a
pandorga, voado alto no céu, loucamente girando ao sabor das tormentas, mas sempre
firmemente preso a terra, à realidade, ao mundo que precisamos mudar.
Nesses anos todos de parceria no IELA travamos muitas
batalhas, demos muitas risadas, choramos, atravessamos os difíceis pântanos da intolerância
e da incompreensão. Nunca esmorecemos.
Por isso, agora, ver o Nildo disputar a candidatura para a
presidência da República pelo PSOL não me surpreende. Porque essa ousadia é a
marca do Nildo. Sempre apontando para o horizonte, para o infinito, tal qual a
utopia. O impossível se realizando, o caminho se abrindo, e ele avançando.
Espero firmemente que o partido que ele escolheu para sua militância não se
intimide e acolha sua candidatura. Tenho certeza absoluta que será como um
vento forte, varrendo a mediocridade da pequena política. Porque conheço e
respeito essa capacidade abissal que o Nildo tem de enfrentar a vida e os
problemas. Sei do seu brilhantismo, da sua capacidade, da sua força e do
profundo amor que ele tem a esse país, aos trabalhadores e a essa ideia
generosa de Pátria Grande.
Com ele eu vou, por qualquer caminho, sem titubeio.
Construindo a revolução brasileira. E vou segura, porque sei quem ele é e o que
é capaz de fazer.
Que o PSOL escolha o Nildo. Vai ser bom!
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