quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Um guerreiro da soberania comunicacional





Foi no mês de agosto de 2007, que na fria cidade de Fraiburgo, num galpão da igreja, um grupo de pessoas se reuniu para discutir comunicação popular. Eles sabiam que nos meios comerciais as lutas sociais das quais eram semente e fruto jamais teriam espaço para se expressar. Então, no diálogo amoroso e solidário com outros companheiros jornalistas e comunicadores, eles começaram a esboçar uma proposta de comunicação comunitária, autônoma, soberana, capaz de ser o lugar da voz daqueles que realmente fazem o mundo andar.


E foi assim que nasceu a Agência Contestado de Notícias Populares, articulando 18 entidades e organizações sociais da região. Em pouco tempo acumulando seguidores e produzindo notícias locais. Essa bonita experiência brotou da ação concreta de pessoas como Roberto Bohnenberger, Cássio Giovani Turra e Jilson Carlos Souza.

Atuando desde a Associação Paulo Freire de Educação Popular, Jilson Souza foi o que mais profundamente se apropriou do conceito de soberania comunicacional, levado por mim e pelo companheiro Raul Fitipaldi, a partir das vivências com a experiência popular venezuelana. E não sem razão esse militante social de profundo compromisso com a construção de uma nova sociedade, assumiu a coordenação dessa visionária Agência de Notícias, a Agecon. Ali estava toda a carga da luta do Contestado, da militância dos pequenos produtores, do MST, dos comunicadores populares, dos negros, enfim, de toda essa gente que batalha e faz nascer o mundo sonhado.

Freirianamente, Jilson tem atuado na APAFEC e também na coordenação da Agecon, passo a passo tornando real esse conceito de soberania comunicacional. Que é a proposta de se apropriar dos meios, não apenas os alternativos ou populares, mas de todos os que existem, para que a verdadeira comunicação se faça. Não apenas democratizar os meios comerciais, garantindo um pouquinho mais de negros, ou de índios, ou de homossexuais, ou de mulheres, mas lutar para que esses espaços sejam produzidos pela maioria das gentes, expressando a voz dos que, hoje, são impedidos de dizer sua palavra viva. 

Jilson é uma dessas pessoas que fazem a vida valer apena. Pela força que carrega, pela capacidade de luta, de resistência, de produzir a beleza. Com ele partilhei a mesa de discussão da mídia no Primeiro Acampamento de Juventudes do Campo e da Cidade, e é sempre uma alegria infinita perceber que os velhos companheiros seguem o caminho com o mesmo passo seguro, na direção do grande meio-dia. Esse momento único em que tornaremos real o mundo solidário, amoroso e cooperativo pelo qual temos lutado uma vida inteira. 

Repartir a vida com gente assim é uma benção.   

Conheça a Agecon: http://www.agecon.org.br/
  

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