skip to main |
skip to sidebar
As redes sociais e seus demônios
Dias há que não consigo passear pelas postagens de alguns seres humanos que compartilham informações e notícias comigo. Muitos desses seres são pessoas boníssimas, que fazem coisas lindas, que gostam dos animais, que conhecem livros fundamentais, que amam seus filhos. Mas, por algum motivo, são também criaturas abjetas, com ideias estranhas, desumanas, fascistas.
Sim, bem sei. Somos seres de luz e sombra e a nenhum de nós escapa essa dicotomia. Ainda que não seja comum, vez ou outra assoma algum pensamento ruim, uma maldade. Mas, tratamos de superar. E, no geral, quando isso acontece nos envergonhamos de tal maneira que jamais pensaríamos em verbalizar publicamente esses sentimentos. E, depois, nos consumimos em remorsos por dias.
Então, me pergunto, como algumas pessoas podem compartilhar coisas tão horríveis, publicizando sentimentos que nos fariam corar se ousássemos sentir? Outro dia vi um desses que mostrava uma foto de vários negros haitianos e, embaixo, o texto gritava: Por que essas pessoas chegam aqui sozinhas? Onde estão suas famílias? Seus filhos? E aventava a possibilidade de eles estarem aqui para roubarem empregos e coisa assim. Enregelei ao ver tamanha maldade.
Entendo que muitas pessoas não conhecem nada do Haiti. Não sabem que foi o primeiro e único estado no mundo no qual uma rebelião de escravos garantiu a liberdade. Que teve grandes líderes, os que, inclusive, ajudaram de maneira fundamental a acontecer a libertação de toda a América Latina da mão dos espanhóis. Não sabem que, desde então, os haitianos vem pagando muito caro por isso, com ditaduras sanguinárias e agora com uma ocupação interminável.
Talvez também esses seres não saibam que todas essas criaturas vindas do Haiti sem família, sem filhos, buscam desesperadamente garantir a vida dos seus parentes, enviando daqui dinheiro. Buscam eles mesmos sobreviver ao terror cotidiano da pequena ilha onde estavam largados para morrer.
Mas, creio que quem cria essas postagens não é um ignorante, como muitos que as reproduzem. Faz isso por que realmente não suporta negros, nem pobres, nem dividir aquilo que pensa ser unicamente seu, no caso o território brasileiro. E creio que disseminar o ódio e a intolerância seja a forma que encontra para manter seus pequenos privilégios. Quanta maldade podem provocar.
Penso ainda que é por conta desse tipo de pensamento que vimos gente linchando gente, que vimos gente maltratando animais, gente pedindo cadeia para crianças, gente que não percebe que um menino que mata é um menino que já foi morto na sua meninice. Gente que não consegue fazer as ligações sobre a realidade.
"Leva pra casa os bandidos", nos dizem. E não percebem que são eles mesmos os que os criam com a intolerância e com o ódio. Por isso dias há em que eu não quero fazer parte dessa rede de absurdos e dores. Falta-me força e eu desabo, buscando amparo na solidão. Sei que a fuga não é o melhor caminho, mas, vez ou outra é necessária, até para que possamos nos fortalecer.
Diz Rubem Alves num de seus textos que todos nós temos dentro da gente uma legião de demônios, com os dentes arreganhados, prontos para sair o tempo todo, provocando desastres. A batalha diária é essa: segurar as rédeas desses monstrinhos e fazer com que se deitem, quietos. E o que vemos nas redes é que essas legiões não estão mais sendo domadas...
Olhando para tudo isso, assomam os meus, prontos para saltar. Não bastassem todas as lutas, mais essa...
Um comentário:
-Olá, companheira Elaine.
-Somos constituídos do que há de mais sofisticado ja produzido pelos engenheiros das estrelas.
É possível constatar -através de "O-PARTS", que outros de Nós já estiveram presentes, nos mesmos lugares onde habitamos e também em ambientes hoje inóspitos. (provocado pelas mudanças geo-mórficas e climáticas ocorridas remotamente).
A dificuldade está em assimilar todas as facilidades contidas em nosso dia a dia, considerando que esse avanço tecnológico não representa (nem de longe) a ascenção que deveriamos buscar.
Quando mantemo-nos diariamente conscientes do propósito de nossa existência, sabemos que vivemos dentro de uma rede maior, onde somente a ajuda mútua, a compreensão dos estágios diferenciados em que se encontram as sociedades, são problemas a serem resolvidos por todos habitantes do planeta.
Nossa vivência quotidiana impõe-nos "trabalhar" inicialmente, dentro de nossos setores, expandindo gradualmente nosso raio de atuação, escapando assim de um "clichê" induzido pela intolerância de preguiçosos individualistas.(gerada em Nós mesmos sem que percebamos, na fonte desanimadora do egoísmo, em mesma proporção que o tamanho dos desafios).
Um objetivo prático -não utópico- para milhões de seres em aprimoramento espiritual, é como converter pensamentos e interpretações deformadas em ações que geram bem estar social generalizado.A felicidade só é completa quando compartilhada.
A seriedade no enfrentamento ao impasse vivido pelo "outro" é o que somente nos aliviará paulatinamente, das discrepantes realidades mentais, -de insensíveis não humanos e de traidores de nossa raça - que fogem da tarefa iluminada pelo criador, que busca criar a harmonia necessária para que os diferentes estágios humanos, e compartilhar os espaços que originalmente são de todos os que chegam e vivem por durante apenas alguns pares de décadas no endereço que estamos. A pequena "Milk Way".
Postar um comentário