Eis que faço aniversário nesse dia 14 de maio. Surpreendentemente, essa frágil vida humana com a qual me presentearam Nelson e Helena, percorreu cinquenta e uma voltas de órbita solar. Ultrapassei mais um limiar. Sinto-me pronta para coisas que ainda não sei. Agora, no silêncio da casa quentinha, com os gatos a ronronar em língua felina, me chamou uma passagem do grande livro cristão que conta sobre os 40 dias de Yeshua no deserto. Por infindáveis horas ali ele esteve enfrentando as tentações, preparando-se para o que estava para vir.
Nesses dias lindos de maio, arranchada no meu Campeche, eu me aproximo daquele homem. Parece-me que, como ele, andei por anos a fio vencendo tentações. Mas, agora, ultrapassando o portal dos cinquenta, conforta-me a ideia de que também tenho conseguido vencer os desertos que se apresentam a cada tanto na vida. Tal qual Yeshua, já tive diante de mim um “daemon” a sussurrar sibilinas ideias que me perturbaram a alma.
Conta São Mateus que ao final do recolhimento de Yeshua e do embate com a voz interior (demônio), vieram os anjos e compartilharam com ele a vitória. Assim me sinto. Também vencedora de demônios, e acompanhada. Da janela da sala vejo as corujas da rua iniciando seu voo, os passarinhos buscando um canto onde dormitar, os gatos miando a minha volta, meus homens na azáfama diária, minha hóspede de além-mar pitando um palheiro, o cachorro perseguindo borboletas. Tomando meu café com leite, percebendo essas cenas cotidianas, vejo-os como anjos, tocando-me com suas asas de beleza e esperança.
Não há desertos possíveis se temos amigos. E os meus estão por aí. São poucos, mas mantêm permanentemente suas asas abertas, redes seguras, espaços de aconchego e comunhão. Sei onde estão e sei que posso contar com eles (mesmo quando se zangam)...
Feliz aniversário pra mim, tão cheia de bênçãos...
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