Os trabalhadores das universidades federais em greve já há mais de 70 dias esperam que nessa semana que se inicia o governo de Dilma Roussef reconsidere sua posição autoritária e chame uma negociação. Desde o dia 06 de junho que a base da Fasubra (Federação dos trabalhadores), composta por mais de 170 mil trabalhadores deflagrou um movimento paredista por não compactuar mais com a política de enrolação que vinha sendo praticada desde 2007. Sem qualquer proposta para suas demandas, os trabalhadores das universidades cruzaram os braços, exigindo do governo uma posição. Mas, até agora, nem mesmo um aceno foi feito.
Na semana que passou Brasília foi palco de um grande acampamento dos trabalhadores das universidades. Mais de mil pessoas, de todos os estados do país, empreenderam uma jornada de três dias inteiros de luta, conversa e barulho. Todos os dias, os trabalhadores circularam pela frente dos ministérios da Educação e do Planejamento, fizeram visita aos deputados, caminhadas, protestos. O que eles queriam era unicamente a possibilidade de sentar e negociar algum avanço nas suas reivindicações.
Os trabalhadores entraram em greve porque parte dos acordos da greve de 2007 jamais foi cumprido, tampouco há qualquer proposta de reajuste salarial e ainda tramita no Congresso um projeto que congela os salários por 10 anos. O ministro do Planejamento tem dado entrevistas na imprensa comercial dizendo que a crise que se instalou no mundo com os problemas financeiros dos Estados Unidos têm repercutido aqui e por isso não há possibilidades de reajustes salariais do funcionalismo. Uma desculpa muito esfarrapada para um homem tão inteligente. O Brasil sangra do seu orçamento, a cada mês, 45% só para pagamento de juros da dívida pública. Não bastasse isso empresta bilhões a empresários para que salvem suas empresas privadas, como foi o caso de Abílio Diniz que levou 4 bilhões par a fusão de sua empresa com um mercado francês. Então, como não há dinheiro para os trabalhadores?
Os trabalhadores da UFSC que estiveram em Brasília avaliaram o acampamento como um momento muito bom para fortalecer a greve. Responsáveis pela Banda Parei, que deu o tom durante os atos públicos e caminhadas, eles chegaram cheios de vontade de manter o movimento e garantir a vitória. A decisão da Justiça em expedir uma liminar para que 50% dos trabalhadores voltassem ao trabalho, afiançando um atendimento mínimo, está sendo cumprida e não há no horizonte qualquer vislumbre de que seja julgada a ilegalidade da greve.
A caravana em Brasília conseguiu uma reunião com o Ministro da Educação que prometeu intermediar um encontro com o povo do Planejamento que é, na verdade, quem toma as decisões. Agora é esperar e ver se o governo federal vai mesmo permitir que o semestre letivo comece sem restaurante, sem livros, sem trabalhadores. Mas, nas universidades, ninguém pensa em esmorecer.
Um comentário:
Pois é, acho difícil essa greve ter alguma consequência sem o apoio dos estudantes e professores.
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