A greve nas bases da Federação dos Sindicatos das Universidades Brasileiras (Fasubra) começou tímida, até porque a plenária que deliberou pelo movimento paredista teve uma votação bastante apertada. Mas, com o passar dos dias e os informes das bases novas universidades foram discutindo, debatendo e entrando em greve. Agora já são 43 IFES de um total de 49 filiadas. Os trabalhadores percebiam que o que estava apontado para o seu futuro era o congelamento do salário, a continuidade da enrolarão no que diz respeito aos problemas do Plano de Cargos, a imposição da lógica da previdência complementar privada e ameaças concretas ao conjunto dos serviços públicos e da sociedade como por exemplo, a privatização dos hospitais universitários. Não dava mais para contemporizar, até porque o governo seguia incapaz de dar uma resposta concreta a demandas que estavam sendo discutidas por anos.
Na UFSC os trabalhadores começaram o movimento grevista no dia seis de junho, acompanhando uma boa parte das universidades. Outras IFES ainda tiveram de se adequar ao seu ritmo e foram entrando aos poucos. Nesta semana grandes instituições como a Federal do Rio de Janeiro, depois de assembléias bastante concorridas, entraram na greve para valer.
O Rio Grande do Norte conseguiu uma negociação histórica. Mesmo com parte dos trabalhadores dos HUs ganhando um bom adicional por conta das APHs (Adicional por plantão hospitalar), o sindicato conseguiu com que os trabalhadores decidissem parar. A partir de agora 50% dos quatro hospitais estão com as atividades paradas, seguindo 50% ativo por conta dos serviços essenciais. Mas, mesmo com a metade funcionando, os trabalhadores estão conscientes de que é a luta que muda o destino de todos. O Sint-Med, de Uberaba que também tem na sua base 60% de trabalhadores de hospital também deliberou pela greve e já se organizar para garantir o atendimento emergencial. Ninguém mais duvida que neste governo a mão será pesada, mas também não dá para aceitar que se gastem bilhões com a construção de estádios para a Copa, em detrimento de investimentos na educação. E, nesse campo, salário digno e garanti do serviço público é fundamental.
Nesta semana um encontro dos dirigentes da Fasubra com o ministro Fernando Haddad, durante uma visita dele a Comissão de Educação da Câmara, buscou o diálogo, que foi interrompido de forma unilateral pelo governo, mas Haddad foi taxativo: só chama a Fasubra para conversar se a greve for suspensa. Alegou que havia uma mesa instalada e que a Fasubra rompeu o pacto. Não falou do fato de que o governo nunca apresentou qualquer proposta, apesar de a Fasubra ter suspendido o indicativo de greve por duas vezes seguidas, confiando de que viria um acordo.
Em Santa Catarina o movimento também começou tímido, com um percentual de 30% de paralisação. Mas, com o passar dos dias os trabalhadores foram parando. O Restaurante Universitário está fechado, sendo usado pelos trabalhadores em greve para garantir a alimentação durante o movimento. A Biblioteca, que começou funcionando precariamente também já fechou as portas. A gráfica da universidade está com 100% de adesão e muitas coordenadorias também já pararam. È certo que ainda há muita gente trabalhando, esperando para ver até onde vai o movimento, mas a esperança é que novas adesões aconteçam ao longo da semana.
Nesta quinta-feira, apesar de uma boa parte dos grevistas estar em Brasília para participar de um ato público, os demais trabalhadores se integram a um ato puxado pelos professores estaduais, também em greve, e que contará com a participação de estudantes e outras categorias do serviço público federal. A caminhada sai da frente da Assembléia Legislativa às 14h. Os trabalhadores públicos, de uma forma geral, ensaiam uma greve unificada porque o governo também se nega a negociar com as demais categorias. É bem possível que o movimento engrosse suas fileiras em bem pouco tempo.
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