quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

A luta diária no transporte coletivo


Na foto, eu, com cara de monstra...

Quem me conhece sabe, eu amo essa minha Meiempibe. Mas, por outro lado, eu odeio o transporte coletivo desintegrado. Não é possível que uma administração pública possa impor tanto estresse aos trabalhadores. No meu caso, o transporte é a fonte número um do meu desespero. Nada o supera. Nada. Todos os dias o mesmo infindável drama de perder quase três horas da vida só no retorno do trabalho. E pasmem. Da UFSC até a minha casa são 16 quilômetros. Apenas dezesseis parcos quilômetros. E eu tenho de pegar três ônibus, eu disse três... TRÊS ÔNIBUS... Um verdadeiro inferno. E a desgraça não é a baldeação, mas o tempo que se espera entre um e outro, que vai consumindo nossa vida, gastando nossa alegria, destruindo o bom humor. Existe uma linha que passa na UFSC e vem até o Rio Tavares, mas os horários são poucos e quase nunca eles passam na hora que indica o aplicativo. Ou seja, é sempre um arriscar-se. E perder um horário significa ter de se mover para o outro lado da UFSC, em outra parada, o que consome ainda mais tempo. É a pura treva.

Houve um tempo que eu me arriscava de bicicleta, mas agora já estou velha, não tenho mais como enfrentar o perigo que são essas ruas estreitas com motoristas apressados. Só me resta o coletivo, pois fazer os 16 quilômetros à pé levaria as mesmas três horas.

Hoje foi assim. Saí correndo da UFSC para estar na parada pelo menos uns 10 minutos antes do Tirio/Titri passar. No aplicativo ele não aparecia, mas como não dá pra confiar, fui assim mesmo. Chego na parada e nada o ônibus. Outras duas pessoas estavam lá, esperando como eu. Mexe no aplicativo e nada, até que aparece: 35 minutos. Já fazia uns 10 que estávamos lá e e pelo horário da tabela não fazia sentido. Fazer o quê? Toca esperar. Pois ali ficamos 40 minutos esperando o ônibus. Uma tortura chinesa sob o sol escaldante numa parada com cobertura de plástico – que faz aumentar o calor -  e com bancos feitos de dois tubos de ferro, no meio dos quais a bunda afunda. Eu juro por deus que eu queria colocar uns desses caras que planejam as paradas sentado ali um dia inteiro para pagar por isso. 

Uma coisa eu sei, quem pensa o transporte nessa cidade não anda de ônibus. Mas, não mesmo. Deve ser um bando de automóveisdependente, desses que têm ar condicionado. Malditos sejam para sempre. 

Depois de esperarmos 40 minutos, lá vamos nós. Um engarrafamento da. E o ônibus quase parado. Todo mundo com cara de triste ali dentro. Sim, porque toda alegria se apaga. O motorista agora também tem de fazer a cobrança e cada um que entra sem cartão, leva um tempão para pagar. E quando tem cadeirante, o pobre motorista tem de parar o ônibus, descer, vir para a outra porta, descer o elevador, que sempre emperra, e trazer o cadeirante. Depois voltar, sentar ao volante e seguir. Imagino o tanto de estresse que não passa a criatura.

E assim vamos. Um motorista emburrado, com mais uma penca de gente emburrada, no calorão de janeiro, no qual uma parcela bastante significativa está indo para a praia enquanto a gente tenta chegar a casa, Ah, Dante, o inferno é aqui...

Sinceramente não sei como é possível que a população aceite isso tão mansamente. E a gente paga seis reais. Seis reais... Como pelo voto nada muda nesse canto, eu, de minha parte, já comecei a fazer bonecos para espetar agulhas. Topázio e sua trupe. Assim que se pularem na cadeira de seus automóveis confortáveis, podem estar certos de que sou eu. Não haverá paz...

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