terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

A terra-mãe



A terra, como ensinam os povos originários não é só um lugar onde nós, os humanos, caminhamos.  Ele é viva, interage e se comunica. Viver em equilíbrio com ela é valor que faz parte de qualquer filosofia originária, de qualquer etnia dos povos antigos. Pacha é espaço e tempo, sem divisão. E nós, somos parte desse universo pulsante, aqui, hoje, ontem e amanhã.

Não descobri isso agora, há tempos comungo desse sentipensar, ainda que tenha de ver tudo isso ser ridicularizado por gente que nos chama de “pachamamistas”, ou “bicho grilo” ou “hippie” ou qualquer outra coisa de conotação depreciativa. Não importa. Creio nisso e sigo no meu caminho respeitando essa poderosa mãe.

Lá em casa tenho por costume dar pago à terra todos os dias. Cuido dela, alimento, acarinho, porque sei que ela também cuida de mim. Porque somos uma coisa só, parte da mesma grandeza infinita.

Percebi que no meu quintal desde alguns anos brotaram determinadas plantas que não havia lá: melissa, alecrim, fisalis, maracujá.  Ontem, sentada à sombra, com meu pai, tomando chimarrão, entendi que a terra que vibra em mim mandava mensagens. Todas essas plantas têm a ver com calmante e memória, duas coisas de que necessito agora, quando vivencio o processo de perda de memória do pai. Uma dura caminhada de aprendizado sobre a finitude.

Certa feita, lá no planalto central, caminhando na imensidão das terras secas, ouvi de um conhecedor das ervas essa verdade: a terra dá o que precisamos. Basta olhar ao redor e ali estarão as plantas que são vitais para nossas dores. Ontem, assim, num átimo, me surpreendi com a concretude dessa máxima.

Tudo está ao nosso alcance. Basta saber enxergar. Alegrei-me por ainda saber ver. E agradeci!


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