Foto: Felipe Maciel Martínez |
Quero falar de uma pessoa que indefectivelmente me emociona por sua paixão pelas coisas que faz. Pode ser uma simples aula, ou a construção de um livro, ou o cuidado com o gato. Ele está sempre inteiro nas coisas, mergulha em profundidade, se entrega com dedicação desmedida. Raramente o vejo de mau humor ou reclamando de algo. Pelo contrário. É alto astral, engraçado e sempre cheio de novidades. Parece uma cornucópia, derramando planos.
Nasceu num reduto italiano, Nova Veneza, no sul do estado, e desde gurizinho carrega essa marca de olhar com agudez para o mundo ao seu redor. Tanto que até escreveu um livro sobre sua infância chamado “O menino que vê o mundo”, onde relata suas impressões de guri numa comunidade racista. Foi padre, sempre alinhado com os trabalhadores, com “los de abajo”. Depois, entendeu que não seria ali, na Igreja, onde ele seria feliz. Saiu fora e foi trilhar os caminhos da educação. Hoje é professor titular no Curso de História da UFSC, onde passou a lidar com a história a contrapelo, seguindo seu espírito crítico.
Ama a América Latina com profunda intensidade, mas não esconde que tem uma preferência: o México. Ali fez seu doutorado e mergulhou mais ainda nesse continente iluminado. Gosta de viajar, tomar um bom vinho e fofocar. Agora está dirigindo a Editora da UFSC deixando ali uma marca indelével. Porque não apenas divulga os livros, mas faz de cada livro lançado ou anunciado um ato político. Tem lotado a igrejinha da UFSC às sextas-feiras à noite, coisa surpreendente. E toma cada edição como uma jornada épica, o que me provoca grande ternura. Reúne escritores, estudiosos, estudantes, amantes do livro, em concorridos saraus, os quais comemora como se fosse um gol de campeonato.
Tenho a alegria de caminhar com ele no IELA desde os primeiros anos da nossa história, contando com seu compromisso militante e seu amor pelo continente. Já são mais de 20 anos ao seu lado, desde as memoráveis lutas da Apufsc, numa amizade sólida e risonha. Porque sim, ele ainda é um menino, sempre disposto ao riso e a brincadeira. Sempre que me encontra pergunta: “Elaine Tavares, estás com deus”? E eu respondo... “Estou com jesusinho”.
Waldir Rampinelli é um cara extraordinário, um desses imprescindíveis.
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