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O governo da Espanha está negociando com os Estados Unidos para que seja fechado um convênio que estabeleça a base de Morón, na cidade de Cadiz, como uma sede permanente das forças armadas estadunidenses visando o controle sobre a África. Essa negociação começou em dezembro quando o secretário de defesa dos EUA, Chuck Hagel pediu permissão para a movimentação de uma unidade da Marinha na base e também para o aumento do efetivo, que passaria de 850 para 3.000 soldados no local. Conforme informações do jornal El País, caso seja autorizada a função de permanente da base, esse número de soldados subiria mais 60%, passando a abrigar quase oito mil na porta da África.
Os motivos para tal aumento de efetivo seria “manter uma boa reserva para o caso de uma crise”, embora não se saiba sobre que “crise” se estaria falando. Possivelmente a proposta de fazer da base, que já usada pelos estadunidenses desde 2013, uma sede permanente, tem a ver com o que eles chamam de combate ao terrorismo, embora os movimentos sociais denunciem que se trata de ajudar a Europa a coibir a “invasão” de africanos por imigração legal ou ilegal.
Nas notícias divulgadas pelos jornais nenhuma autoridade fala sobre qual seria o papel desse grupo, chamado de Força Especial de Resposta de Crise do Corpo de Marines (SP-MAGTF Crisis Response). Quando ele foi instalado eram apenas 500 militares e havia a proposta de ficar por apenas um ano, com a alegação de que era necessário proteger os cidadãos dos Estados Unidos que estavam na norte da África durante os conflitos na Líbia.
Mas, o tempo passou e a base seguiu, inclusive aumentando o efetivo. Agora os Estados Unidos propõem colocar mais homens e se fazer de polícia da Europa e dos demais países da OTAN, “protegendo-os” se necessário. Nos últimos dias, essa força foi usada para intervenção na Líbia, para evacuação de cidadãos estadunidenses do Sudão do Sul e para algumas missões na Libéria.
A Espanha se diz contente com a base porque pode contar com ela para sua proteção. E sobre sua permanência também há acordo. Segundo a vice-presidente Soraya Sáenz de Santamaría, em entrevista ao El País, a base tem sido de fundamental importância para a cidade de Morón, assegurando, inclusive, muitos empregos. Pelo que se pode ver, os Estados Unidos vão reforçando seu poder em torno da África e do Oriente Médio, com o total apoio dos governos europeus.
Apesar de já ter saído dos noticiários, a epidemia do Ebola segue ceifando vidas na região ocidental do continente africano. Ainda que tenha havido uma caída no número de casos nos países mais afetados como a Libéria, Guiné e Serra Leoa, a situação ainda é considerada muito crítica pela Organização Mundial de Saúde, pois a movimentação de pessoas saindo dos países afetados é grande.
Segundo informações publicadas em jornais africanos, o representante da OMC, Bruce Aylward, afirmou que já foram registrados quase 22 mil casos da doença, com a morte de 668 dos infectados. Só nos últimos dias mais de 400 novos casos foram contabilizados em Serra Leoa, 109 na Guiné e 21 na Libéria. Os números estão reduzindo, mas ainda são considerados críticos. A maior preocupação da OMS é de que as autoridades baixem a guarda e, com isso, aconteça mais demora para chegar ao caso zero.
As dificuldades encontradas, além da falta de pessoal, é a falta de recursos. A organização diz que só para combater o Ebola, nos próximos seis meses, precisaria de um total de 260 milhões de dólares, quando todo o seu orçamento é de 350 milhões.
Hoje, dia 23 de janeiro, uma empresa da Bélgica, a GlaxoSmithKline (GSK),divulgou que foi enviado à Libéria um lote das primeiras doses de uma vacina experimental contra a doença. Desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Enfermidades Infecciosas e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, eles esperam contar com 30 mil voluntários, dos quais apenas 10 mil receberão a vacina. É na verdade um teste clínico, uma vez que não têm comprovada a eficácia. Para os que estão sob a ameaça da doença e acossados pelo desespero, servir de cobaia parece ser a única alternativa.