sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Aos colegas da UFSC e aos companheiros de luta


A batalha de hoje foi só mais uma na longa e tenebrosa luta para garantir vida boa e bonita para todos.

A direção do Sintufsc cumpriu hoje um papel jamais visto na entidade. Encerrou uma assembleia sem discutir  ou votar os encaminhamentos, abandonando seus filiados numa final de greve que contou com todos os ingredientes conhecidos pelos mais importantes sindicatos pelegos da história do país. Seria uma tragédia, não fosse a força da luta dos trabalhadores que sabem muito bem que essa não é uma ação do "Sintufsc", mas de uma direção, composta por pessoas que não tem compromisso algum com a luta real dos trabalhadores. A farsa montada pela direção da entidade recoloca o sindicato dos trabalhadores da UFSC nas trevas do coronelismo. Vamos aos fatos:

. Os trabalhadores deflagram uma greve em cinco de agosto. Os diretores são contra, mas perdem a votação e são obrigados s encaminhar as atividades.

. Ao longo de todo o processo de greve, foram os trabalhadores que tocaram o movimento, sempre encontrando forte oposição por parte da direção do Sintufsc.

. Depois que a reitoria cortou o salários dos trabalhadores, alegando "falta injustificada", o que é uma mentira,  direção do Sintufsc chegou a lançar nota de repúdio aos trabalhadores que realizaram um ato, aprovado em assembleia.  

. Juntava-se assim, a direção, de maneira descarada, à administração central, coisa que sempre foi uma prática das direções pelegas.

. Hoje, depois de realizar um encontro de aposentados e convencer os colegas que já estão fora da UFSC de que era "um absurdo" estarem descontando fundo de greve, conseguiram levar para a assembleia um número expressivo de colegas aposentados, dispostos a votar contra o desconto do fundo de greve, que é estatutário. Os discursos "anti-solidários" são dignos de entrarem para a história.

. A assembleia resumiu seu debate entre descontar ou não os aposentados, apostando na mesquinharia e na divisão, centrando foco num mísero desconto de 1%. Uma aposentada chegou a dizer "essa luta não é minha", mostrando que a solidariedade com os colegas não estava em questão. Normal, num estado e numa cidade conservadora, marcada pela lógica do individualismo e coronelismo.

. No meio desse debate, a direção da mesa colocou em votação, sem permitir que houvesse defesa das propostas, o fim da greve. Apresentou apenas a proposta do diretor do sindicato Dilton Rufino, que era para encerrar o movimento. A direção da mesa não permitiu que se defendesse contrário a propostas. Colocou em votação de maneira rápida, garantida pela maioria formada por aposentados e trabalhadores que nunca antes tinham aparecido nas assembleias. Foram chamados e levantaram o braço na hora indicada. A velha prática do coronel.

. A direção do sindicato conseguiu, assim, num átimo e sem discussão, encerrar a greve, de maneira completamente apolítica, sem permitir a defesa da proposta de continuidade, atropelando todo mundo.

. Essas manobras autoritárias podem ser questionadas depois, até na Justiça, mas são muito comuns em direções que não primam pela democracia e pela liberdade.

. O mais grave foi que, terminada essa votação, e com todos os "chamados para o voto" se retirando, a direção se negou a seguir com a assembleia, para discutir o destino dos trabalhadores que estão com salários descontados e com punições. Os três dirigentes que comandavam a mesa se recusaram a discutir os encaminhamentos que visavam proteger os companheiros e companheiras. Ou seja, abandonaram seus filiados aos leões, mandando inclusive que fosse desligado o som.

. Essas são as pessoas que fazem discursos chamando seus adversários de "fascistas". Hoje, desvelaram, em meio a farsa montada, sua cara horrenda.

. De tudo o que se viu, e que será melhor narrado depois que passar o estupor, uma única cena me ficou marcada na memória: colegas meus, pessoas com as quais eu convivo diariamente na UFSC, que eu abraço, beijo e quero bem, depois de votarem pelo fim de uma greve que nem sequer estavam fazendo, pulavam, gargalhando, como se fosse um copa do mundo, comemorando o abandono de seus companheiros de trabalho.

. Colegas celebravam não o fim de uma greve, que pode ser conflituosa sim, mas a derrota de seus companheiros, a derrota deles mesmos como trabalhadores. E mais, vibraram, de maneira cruel, pelo abandono dos colegas que ficaram sem salário, que terão uma série de punições por terem se levantado em luta, de maneira solidária e generosa, para garantir um direito que se estenderia para todos.   

Vencidos na batalha, mas não derrotados

Os colegas nossos que tão logo votaram pelo fim da greve e foram embora gargalhando não viram o que aconteceu depois. Então eu quero contar.

. Os trabalhadores que estavam na greve - uma greve histórica, generosa, bonita, criativa - se reuniram para discutir a situação. Essas pessoas debateram, analisaram, fizeram planos. Essas pessoas se abraçaram, vociferaram, sorriram e tramaram novas redes.

. A direção do sindicato promoveu o fim da greve, mas não pode deter a continuidade da luta. Os trabalhadores estão organizados, seguirão se reunindo e buscando caminhos para garantir uma vida boa e bonita para todos.

. Os trabalhadores técnico-administrativos da UFSC colocaram na pauta da universidade uma questão que não pode mais ser escondida, ignorada ou evitada: a necessidade política e humana das 30 horas.  Ela já colou no coração e no cotidiano das pessoas. Essa luta não acaba aqui.

. A greve interna colou também a nu a pequenez dessa gente que hoje dirige a entidade histórica de luta dos trabalhadores, o Sintufsc. Arrogantemente o diretor gritou no microfone: "nós vamos vencer as eleições para o sindicato", mostrando que o movimento no qual eles estavam não era o mesmo nosso. Ninguém ali estava disputando aparelho. A luta era para garantir direitos. Eles estavam mesmo na luta errada.

. A greve mostrou ainda a incapacidade política da administração central da UFSC em lidar com suas próprias promessas de diálogo e democracia. Tudo isso foi ignorado, com autoritarismo e arrogância.
. Mas, para quem continua mobilizado, resta uma certeza. O Sindicato é um instrumento importante na luta dos trabalhadores, mas quando está contra os direitos das gentes e contra a beleza, ele precisa ser mudado.

A vida segue na UFSC e aqueles que lutam sabem que não estão sozinhos. A roda do tempo gira e nada é para sempre. Nem a direção do Sintufsc, nem a administração central.  Unidos, vamos atravessar a tormenta, porque é assim que é a vida.


Seguimos, companheirada... Foi bonito, e o que é melhor, será ainda muito mais, porque estamos juntos!!! 


Carta aberta à comunidade universitária



Os trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAEs) estão em greve desde o dia 05 de agosto. Decidiram por deflagrar esse movimento depois que a reitora Roselane Neckel, rompendo um processo de negociação que vinha sendo construído desde a greve de 2012, baixou uma portaria, definindo, de maneira unilateral e autoritária, como deveria ser a jornada de trabalho da categoria, desconsiderando todo a construção de um grupo de trabalho criado pela própria administração para discutir a reorganização da vida laboral na UFSC. Surpreendidos com a medida, que abarcava apenas os TAEs, os técnico-administrativos entenderam que a atitude se configurava uma retaliação pela participação dos trabalhadores na última greve da Fasubra, encerrada em junho desse ano.

Assim, depois de muito debate, os TAEs optaram por deflagrar um movimento de greve que chamaram de “ocupação”. Ou seja, a greve fugia da lógica tradicional, de paralisação dos serviços, e se apresentava com a proposta de ampliação dos serviços, uma vez que boa parte dos estudantes fica excluída do atendimento da UFSC, já que os setores fecham no horário do meio-dia e também à noite, quando muitos cursos têm aulas.  Os trabalhadores não aceitaram a decisão antidemocrática de estabelecer um horário comercial para uma única categoria que, tal e qual os colegas professores, produz trabalho imaterial, fora da lógica da produção.  

A greve, histórica, por ser a primeira greve interna da UFSC decidiu, como metodologia de luta, implantar os turnos corridos de seis horas, mantendo os setores abertos por mais de 12 horas, enquadrando-se assim na lei que permite a jornada de 30 horas, caso haja o atendimento ininterrupto. Era uma forma de mostrar à reitora que já estava na hora de a UFSC ser exemplo nesse processo que está em curso, com lutas semelhantes em praticamente todas as instituições federais. E assim foi feito.

Imediatamente, os trabalhadores encaminharam pedido de abertura de negociação. Queriam retomar o diálogo interrompido com a medida autoritária. Conseguiram garantir três mesas de negociação, ainda que sem a presença das reitoras, que, infelizmente, recusam-se a negociar cara-a-cara com os trabalhadores desta universidade. De qualquer forma, os TAEs se dispuseram a conversar, colocando na mesa a necessidade de uma discussão ampla em toda a universidade, não só sobre a jornada dos trabalhadores, mas todo o processo de organização laboral, incluindo também os professores, já que também são servidores federais, e os estudantes. Apenas na terceira mesa ouviram do chefe de gabinete que a proposta de debates costurada ao longo da greve estava aceita.

Mas, para surpresa de todos, um dia antes da assembleia que iria discutir a proposta acordada na última mesa de negociação, a reitora baixa uma ordem de notificação de desconto de horas dos trabalhadores em greve. Alega a dirigente da UFSC que os trabalhadores estão sendo “impontuais”. A reitora se recusa a reconhecer que os TAEs estão em greve. Manda cortar salário sem levar em conta o movimento. Não bastasse essa ser uma decisão também histórica - jamais um reitor cortou horas de trabalhadores em luta  - ela se faz sem qualquer base material. Ficou a cargo das chefias estabelecerem o número de horas “faltantes”. Mas, como saber quantas horas um trabalhador trabalhou se as chefias não ficam o tempo todo no setor? Muitos chefes estão enviando boletins de frequência com informações falsas, já que não têm como provar se o trabalhador estava ou não no setor.

Nesse contexto de “caça aos TAEs” deflagrado pela reitora Roselane Neckel, muitas são as diferenças de tratamento. Como a universidade não é uma fábrica e os setores precisam atender em horários diferentes, tem sido prática corrente os acordos, nos quais chefias e trabalhadores estabelecem seus horários levando em conta as necessidades dos setores. Alguns desses acordos estão se dando em bases ilegais, com os trabalhadores assinando a folha ponto com um número de horas que não corresponde a realidade. Mas, como estão “sob acordo”, tudo fica bem.

Muito tem sido dito pela atual administração central sobre legalidade. Observamos um movimento contínuo de Roselane Neckel de esconder-se atrás da Procuradoria Federal, e recusar-se a realizar os debates no campo da política. Lamentavelmente, muita desinformação sobre legislação vem sendo difundida pela gestão atual, que se recusa a discutir casos de IFES em que reitores, exercendo a autoridade administrativa que lhes é cabida, autorizaram a redução da jornada de trabalho com ampliação de atendimento. O caso de Pelotas é emblemático, mas, também recentemente, a reitoria do IFSP instituiu tal medida, demonstrando, mais uma vez, que cabe ao administrador máximo de cada instituição tomar esse tipo de decisão.

Mais lamentável ainda é o fato de a atual gestão que se pauta numa suposta “legalidade” quando assim convém, mas fechar o olho para irregularidades quando necessário para levar a cabo suas políticas. É o que se evidencia quando cria um órgão deliberativo próprio, o suposto “Fórum dos diretores”, sem participação estudantil ou dos TAEs, transformando o Conselho Universitário num espaço meramente formal. Ilegais também são as ordens emitidas pela reitoria às chefias dos setores, para que se adulterem os documentos de registro de frequência dos TAEs, retirando deles qualquer menção da palavra “greve”.

Os trabalhadores não querem compactuar com corrupção, nem querem acordos individuais, que os aprisionam em redes de favores e privilégios, ao bel prazer dos chefes. Os trabalhadores em greve querem um debate amplo na UFSC sobre a organização do trabalho na universidade. Um debate honesto, levando em conta todas as especificidades de cada Centro, cada setor. E que a universidade, como instituição autônoma, decida sobre seu funcionamento, sem se render a ordens de outras entidades. Só a UFSC sabe como deve gerir sua vida. É isso que os trabalhadores querem: uma decisão coletiva, autônoma e honesta.

A reitora insiste em punir com corte de salário os trabalhadores que estão exercendo seu direito legítimo de greve, e, neste caso, sem prejudicar o funcionamento da UFSC, uma vez que estão trabalhando normalmente.  E mais, busca promover acordos individuais para que saiam da greve. Caso desistam do movimento, propõe, terão o “perdão” do desconto. Isso é desonesto com os trabalhadores e com a sociedade. Não queremos acordos, nem enganos. Queremos que a sociedade saiba que o trabalho que realizamos pode e deve ser feito em turnos ininterruptos, garantindo atendimento de qualidade, sem exclusão.

Nossa batalha não é contra o registro de frequência. pelo contrário, temos propostas concretas para isso, que não passam pela ultrapassada folha ponto, nem pelo ponto eletrônico, igualmente ineficaz para o tipo de trabalho que se produz na universidade. Temos propostas e queremos ser ouvidos. Essa é a luta!

Pedimos o apoio de todos nessa luta. Que a comunidade se levante contra os “acordos secretos”, que não aceite a ilegalidade, a falsidade ideológica. Que haja os debates, amplos e em todos os Centros, Reitoria e nos campi, para que possamos apresentar nossas demandas e defender nossas ideias. Essa é uma universidade democrática e permitir uma arbitrariedade com os TAEs hoje, é abrir caminho para o fortalecimento do autoritarismo. A mão que hoje golpeia os TAEs pode golpear qualquer um amanhã.

Queremos que a reitora reconheça nossa greve, que suspenda as punições e que abra o debate sobre a jornada de trabalho. Que comporte-se com a dignidade que o cargo exige, e seja coerente com a plataforma política com a qual se elegeu.

Técnico-administrativos em Educação em greve
OUTUBRO/2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O AI-5 na Academia





Livro conta como o manual do lead, dos jornalistas, foi usado para punir o ensino do jornalismo


A jornalista Roseméri Laurindo lança quinta-feira, dia 30, às 17 horas, em Florianópolis, o livro “AI-5 na academia: o Manual do Lead usado pelos golpistas de 1964 para punir o ensino de Jornalismo”, com selo da Editora da FURB (EdiFurb). Nos 50 anos do Golpe Militar e nos 50 Anos das Ciências da Comunicação no Brasil, a autora revela, pela primeira vez em livro, como o Decreto 477 do Governo Militar Brasileiro (o AI-5 da Academia) foi usado para a demissão do catedrático José Marques de Melo da Escola de Comunicação da USP, em 1974.

O lançamento será no salão interno de recepção do Plenário da Câmara de Vereadores da Capital (Rua Anita Garibaldi, 35 - Centro), logo depois da inauguração do monumento do projeto “Trilhas da Anistia – Marcas de Caravanas e Recontes de Histórias”, atividade promovida pela Comissão da Verdade da Câmara Municipal de Florianópolis.

O livro, como destaca o texto da EdiFurb de divulgação, mostra como, sob a alegação de que, ao ensinar a técnica do lead, Marques de Melo estivesse incitando os alunos à subversão, os agentes do governo exigiram a demissão sumária do professor, sem direito à defesa ou seus benefícios trabalhistas.

O manual pode ser visto no Arquivo do Estado de São Paulo, entre os documentos resgatados do Deops (Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo), como prova da repressão política que houve no país. Histórias para serem conhecidas e ajudarem no combate ao autoritarismo que volta e meia ronda as instituições, ressalta a EdiFurb.

O prefácio da obra é do reitor da FURB, João Natel Pollonio Machado. Para ele "o livro de Roseméri Laurindo descreve uma dessas barbáries perpetradas nesta época e traz um pouco de luz sobre a vassalagem que se instalou nas universidades, principalmente públicas. Mas não é apenas mais uma. A expulsão do professor José Marques de Melo da Universidade de São Paulo e as restrições e negativas do exercício do seu trabalho em outras instituições, como educador da incipiente área do jornalismo, foi marcante pela futilidade dos argumentos, e ceifou gerações inteiras do verdadeiro jornalismo, investigativo e construtivo, necessário à construção da cidadania".

Natural de Blumenau, Roseméri é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com mestrado pela UFBA, doutorado pela Universidade Nova de Lisboa e pós-doutorado pela Umesp. Atualmente, é Coordenadora do Curso de Jornalismo da Universidade Regional de Blumenau, primeiro curso criado no país, em 2014, com base nas Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino de Jornalismo no Brasil. Em 2014 Roseméri foi a vencedora do Prêmio Luiz Beltrão, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), na modalidade Liderança Acadêmica.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dia Nacional do Saci-Pererê será comemorado na Capital em 31 de outubro






 Dia do Saci - 2013
















A Celebração do Dia Nacional do Saci-Pererê será no dia 31 de outubro, sexta-feira, das 15h30 às 17 horas, na Esquina Democrática, em frente à igreja São Francisco, na Capital. A promoção é da Revista Pobres & Nojentas, com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc), Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do Estado de Santa Catarina (Sintrajusc), Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina (Sindprevs/SC) e Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região (Sinergia). No dia haverá música, contação de histórias, brincadeiras e distribuição de “sacizinhos”.

A lenda é assim! Basta que exista um bambuzal e, de repente, de dentro dos caniços, nascem os sacis. É como eles vêm ao mundo, dispostos a fazer estripulias. Conta a história que esses seres já existiam bem antes do tempo que os portugueses invadiram nossas terras. Ele nasceu índio, moleque das matas, guardião da floresta, a voejar pelos espaços infinitos do mundo Tupi-Guarani. Depois, vieram os brancos, a ocupação, e a memória do ser encantado foi se apagando na medida em que os próprios povos originários foram sendo dizimados.

Quando milhares de negros, caçados na África e trazidos à força como escravos, chegaram no já colonizado Brasil, houve uma redescoberta. Da memória dos índios, os negros escravos recuperaram o moleque libertário, conhecedor dos caminhos, brincalhão e irreverente. Aquele mito originário era como um sopro de alegria na vida sofrida de quem se arrastava com o peso das correntes da escravidão.

Então, o moleque índio ficou preto, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho, símbolo máximo da liberdade. Ele era tudo o que o escravo queria ser: livre! Desde então, essa figura adorável faz parte do imaginário das gentes nascidas no Brasil.

O Saci-Pererê é a própria rebeldia, a alegria, a liberdade. Com o processo de colonização cultural via Estados Unidos – uma nova escravidão - foi entrando devagar, na vida das crianças brasileiras, um outro mito, alienígena, forasteiro. O mito do Haloween, a hora da bruxa e da abóbora, lanterna de Jack, o homem que fez acordo com o diabo.

A história é bonita, mas não é nossa. Tem raízes irlandesas e virou dia de frenéticas compras nos EUA e também no Brasil. Na verdade, a lógica é essa. Ficar cada vez mais escravo do consumo e da cultura alheia. Jeito antigo de colonizar as mentes e dominar. É por isso que a Pobres & Nojentas quer recuperar o Saci, o brasileiro moleque das matas, guardião da liberdade, amante da natureza que hoje está ameaçada de destruição.

Queremos vida digna, um país soberano na política, na economia, na arte e na cultura. Cada região deste Brasil tem seus próprios mitos. Caipora, Boitatá, Curupira, Bruxa, Negrinho do Pastoreio... São os amigos do Saci que estão presentes na atividade do Dia do Saci Pererê, saudando e buscando a liberdade.

Por isso, venha comemorar o Dia Nacional do Saci-Pererê e seus Amigos!