A batalha de hoje foi só mais uma na longa e tenebrosa luta para
garantir vida boa e bonita para todos.
A direção do Sintufsc cumpriu hoje um papel jamais visto na entidade.
Encerrou uma assembleia sem discutir ou
votar os encaminhamentos, abandonando seus filiados numa final de greve que
contou com todos os ingredientes conhecidos pelos mais importantes sindicatos
pelegos da história do país. Seria uma tragédia, não fosse a força da luta dos
trabalhadores que sabem muito bem que essa não é uma ação do
"Sintufsc", mas de uma direção, composta por pessoas que não tem
compromisso algum com a luta real dos trabalhadores. A farsa montada pela
direção da entidade recoloca o sindicato dos trabalhadores da UFSC nas trevas
do coronelismo. Vamos aos fatos:
. Os trabalhadores deflagram uma greve em cinco de agosto. Os
diretores são contra, mas perdem a votação e são obrigados s encaminhar as
atividades.
. Ao longo de todo o processo de greve, foram os trabalhadores
que tocaram o movimento, sempre encontrando forte oposição por parte da direção
do Sintufsc.
. Depois que a reitoria cortou o salários dos trabalhadores,
alegando "falta injustificada", o que é uma mentira, direção do Sintufsc chegou a lançar nota de
repúdio aos trabalhadores que realizaram um ato, aprovado em assembleia.
. Juntava-se assim, a direção, de maneira descarada, à administração
central, coisa que sempre foi uma prática das direções pelegas.
. Hoje, depois de realizar um encontro de aposentados e
convencer os colegas que já estão fora da UFSC de que era "um
absurdo" estarem descontando fundo de greve, conseguiram levar para a
assembleia um número expressivo de colegas aposentados, dispostos a votar
contra o desconto do fundo de greve, que é estatutário. Os discursos
"anti-solidários" são dignos de entrarem para a história.
. A assembleia resumiu seu debate entre descontar ou não os
aposentados, apostando na mesquinharia e na divisão, centrando foco num mísero
desconto de 1%. Uma aposentada chegou a dizer "essa luta não é minha",
mostrando que a solidariedade com os colegas não estava em questão. Normal, num
estado e numa cidade conservadora, marcada pela lógica do individualismo e
coronelismo.
. No meio desse debate, a direção da mesa colocou em
votação, sem permitir que houvesse defesa das propostas, o fim da greve.
Apresentou apenas a proposta do diretor do sindicato Dilton Rufino, que era
para encerrar o movimento. A direção da mesa não permitiu que se defendesse
contrário a propostas. Colocou em votação de maneira rápida, garantida pela
maioria formada por aposentados e trabalhadores que nunca antes tinham
aparecido nas assembleias. Foram chamados e levantaram o braço na hora
indicada. A velha prática do coronel.
. A direção do sindicato conseguiu, assim, num átimo e sem
discussão, encerrar a greve, de maneira completamente apolítica, sem permitir a
defesa da proposta de continuidade, atropelando todo mundo.
. Essas manobras autoritárias podem ser questionadas depois,
até na Justiça, mas são muito comuns em direções que não primam pela democracia
e pela liberdade.
. O mais grave foi que, terminada essa votação, e com todos
os "chamados para o voto" se retirando, a direção se negou a seguir
com a assembleia, para discutir o destino dos trabalhadores que estão com
salários descontados e com punições. Os três dirigentes que comandavam a mesa
se recusaram a discutir os encaminhamentos que visavam proteger os companheiros
e companheiras. Ou seja, abandonaram seus filiados aos leões, mandando inclusive
que fosse desligado o som.
. Essas são as pessoas que fazem discursos chamando seus
adversários de "fascistas". Hoje, desvelaram, em meio a farsa
montada, sua cara horrenda.
. De tudo o que se viu, e que será melhor narrado depois que
passar o estupor, uma única cena me ficou marcada na memória: colegas meus,
pessoas com as quais eu convivo diariamente na UFSC, que eu abraço, beijo e
quero bem, depois de votarem pelo fim de uma greve que nem sequer estavam fazendo,
pulavam, gargalhando, como se fosse um copa do mundo, comemorando o abandono de
seus companheiros de trabalho.
. Colegas celebravam não o fim de uma greve, que pode ser
conflituosa sim, mas a derrota de seus companheiros, a derrota deles mesmos
como trabalhadores. E mais, vibraram, de maneira cruel, pelo abandono dos
colegas que ficaram sem salário, que terão uma série de punições por terem se
levantado em luta, de maneira solidária e generosa, para garantir um direito
que se estenderia para todos.
Vencidos na batalha,
mas não derrotados
Os colegas nossos que tão logo votaram pelo fim da greve e
foram embora gargalhando não viram o que aconteceu depois. Então eu quero
contar.
. Os trabalhadores que estavam na greve - uma greve
histórica, generosa, bonita, criativa - se reuniram para discutir a situação.
Essas pessoas debateram, analisaram, fizeram planos. Essas pessoas se
abraçaram, vociferaram, sorriram e tramaram novas redes.
. A direção do sindicato promoveu o fim da greve, mas não
pode deter a continuidade da luta. Os trabalhadores estão organizados, seguirão
se reunindo e buscando caminhos para garantir uma vida boa e bonita para todos.
. Os trabalhadores técnico-administrativos da UFSC colocaram
na pauta da universidade uma questão que não pode mais ser escondida, ignorada
ou evitada: a necessidade política e humana das 30 horas. Ela já colou no coração e no cotidiano das
pessoas. Essa luta não acaba aqui.
. A greve interna colou também a nu a pequenez dessa gente
que hoje dirige a entidade histórica de luta dos trabalhadores, o Sintufsc.
Arrogantemente o diretor gritou no microfone: "nós vamos vencer as
eleições para o sindicato", mostrando que o movimento no qual eles estavam
não era o mesmo nosso. Ninguém ali estava disputando aparelho. A luta era para
garantir direitos. Eles estavam mesmo na luta errada.
. A greve mostrou ainda a incapacidade política da administração
central da UFSC em lidar com suas próprias promessas de diálogo e democracia. Tudo
isso foi ignorado, com autoritarismo e arrogância.
. Mas, para quem continua mobilizado, resta uma certeza. O
Sindicato é um instrumento importante na luta dos trabalhadores, mas quando
está contra os direitos das gentes e contra a beleza, ele precisa ser mudado.
A vida segue na UFSC e aqueles que lutam sabem que não estão
sozinhos. A roda do tempo gira e nada é para sempre. Nem a direção do Sintufsc,
nem a administração central. Unidos,
vamos atravessar a tormenta, porque é assim que é a vida.
Seguimos, companheirada... Foi bonito, e o que é melhor,
será ainda muito mais, porque estamos juntos!!!