Quando pararemos de chorar? Conheci o Pepe no começo dos anos 1990. Ele chegava de longe e já se misturava com a luta por moradia que rolava aqui na capital. Apresentados pelo Padre Vilson nós já começamos a trabalhar juntos. Ele fazendo imagens e eu fazendo entrevistas e roteiro para vídeos sobre as ocupações. Produzimos juntos o “País dos Sem”, um dos primeiros trabalhos em vídeo sobre a grande batalha que se travava pelo direito de morar na cidade. Caminhamos pelos mesmos caminhos por muito tempo: luta pela moradia e o MST.
O Pepe também esteve na Ocupação Amarildo, um marco na luta pela agricultura urbana e ali ficou morada, seguindo depois com o grupo para Águas Mornas. O Pepe era um maluco beleza, um furacão de ideias. Recebo a notícia de seu encantamento com profunda tristeza. É mais um dos nossos que se vai. Teve uma vida dura, mas nunca desistiu de sonhar com a possibilidade de vida plena e digna para todos. Fica a dor da ausência, mas também o registro de que o Pepe foi um lutador, um grande companheiro de trabalho, um amigo dos mais queridos. Que seja bem-vindo na casa da beleza.