sexta-feira, 25 de março de 2011

Mover-se em Florianópolis não é para qualquer um

Florianópolis completou 285 anos no dia 23 de março e muito pouco há para a maioria da população comemorar. Cada dia que passa a cidade vai se perdendo cada vez mais das gentes. No governo de Dário Berguer, atual prefeito, foi decidido fazer um Plano Diretor Participativo e as pessoas, nos bairros, chamadas a pensar e planejar a cidade a partir de seus pontos de vista e necessidades. Foram quatro anos de reuniões, debates, oficinas, encontros e audiências públicas. Algumas comunidades mais, outras menos, mas todas elas foram constituindo seu projeto de bairro e de cidade. Tudo caminhava para um feliz final quando o prefeito decidiu suspender tudo. E aquilo que havia sido construído coletivamente pelas forças em movimento na cidade, foi entregue a uma empresa privada. Outro plano surgiu, sem a cara e sem as demandas do povo. Um plano artificial, sem participação comunitária. Por isso, no dia da audiência pública, em 18 de março de 2010, que iria referendar o plano da prefeitura, as comunidades se uniram e barraram o processo. Agora, passado um ano desta vitória histórica, o plano diretor de Florianópolis ainda não foi votado pela Câmara.

Mas, isso não significa que o governo municipal não esteja agindo. Na prática está movendo o plano pensado pela empresa privada, segundo os interesses dos grandes empresários. Não é sem razão que os órgãos “competentes” seguem liberando licenças para construções e a cidade continua sendo planejada sem levar em conta o que foi construído pelas comunidades.

Exemplos desta ação do governo no sentido dos interesses dos grandes empreendimentos podem ser vistos no Campeche e no Pântano do Sul onde pululam construções de condomínios por toda a parte. Obras sem licença ambiental, fora dos padrões da lei vigente, verdadeiras bombas destruidoras do ambiente e da qualidade de vida. Há cerca de duas semanas a comunidade do Campeche, por exemplo, conseguiu, com a ação da polícia ambiental, fechar várias bombas que drenavam água do lençol freático sem qualquer licença, num condomínio que planejava garagens subterrâneas, burlando visivelmente a lei. Ainda assim, só depois de três meses de intensa luta as bombas foram desativadas. Agora, a empresa tirou os trabalhadores do local e água está afetando as casas vizinhas. Uma irresponsabilidade total que se faz sem qualquer punição.

Outro exemplo foi a realização de um mega-show com o músico estadunidense Ben Harper, planejado sem qualquer licença, em áreas de proteção ambiental. Apenas a denúncia insistente da comunidade fez com que alguns mecanismos de proteção do ambiente fossem efetivados. Mesmo assim, as licenças ambientais foram dadas em tempo recorde, totalmente fora dos prazos, mostrando que o governo municipal se rende completamente aos interesses dos megaempreendimentos. O show era promovido pela AMBEV e a prefeitura, dois dias antes, se responsabilizou por tudo. Coisa que seria impensável se o evento fosse uma quermesse comunitária.

Os carros como senhores das ruas

Agora, no mês do aniversário da cidade, a prefeitura oferece à Florianópolis uma obra que mostra o quanto o governo segue surdo aos interesses da população e continua realizando coisas que só garantem lucros para grupos muito fechados. É o caso do elevado do trevo da seta, uma obra que desde que foi proposta recebeu o rechaço das pessoas que moram no sul da ilha. Qualquer criança pequena já sabia que a idéia de um elevado que desaguasse quatro pistas de alta velocidade numa única saída para o sul causaria o maior engarrafamento. Foram feitas análises, protestos e, junto com a discussão do plano diretor, foram oferecidas alternativas muito mais interessantes. Mas, a prefeitura não escutou. Seguiu com seus planos.

A grande reivindicação de quem mora no sul da ilha era por um trem de superfície. Transporte de massa, capaz de carregar centenas de pessoas de forma rápida e eficaz, saindo do modelo do transporte atual que consegue transformar um trajeto de 20 quilômetros em duas horas de sofrimento e estresse. Todo o projeto foi apresentado nas audiências públicas. O trem margearia o mangue, servindo, inclusive, de proteção, evitando assim que construções fossem adentrando pela região que é um criadouro de vida marinha. Para a prefeitura a proposta aparecia como inviável por ser muito cara.

Agora, com elevado da Seta, a prefeitura gastou 16 milhões de reais e acabou trocando seis por meia dúzia. Então, se investir no trem era caro, imagine o que é perder 16 milhões sem qualquer melhoria para o transporte do sul da ilha. No dia em que o elevado foi aberto ao público, as filas se formaram por longas horas. E o que era a espera desesperada no canteiro de obras, se fez, gloriosa, sobre o belo elevado. Dentro do ônibus, parado por intermináveis minutos, as pessoas observavam o caminho para o aeroporto totalmente deserto. “Essa obra é só para os ricos que pegam avião. A gente segue aqui, feito gado”, reclamavam as vozes anônimas fechadas, no calorão do final da tarde, dentro do ônibus parado. Era como se, finalmente tivesse caído a ficha, e todo o protesto feito pelos movimentos sociais, que haviam sido rechaçados como sendo “coisa de eco-chato”, agora fizesse sentido.

Na verdade a cidade de Florianópolis nunca foi pensada para as pessoas. Aqui imperam os carros e o “business”. O sistema viário só se preocupa com o transporte individual. O coletivo é ignorado. Todas as mudanças que acontecem visam desafogar as artérias para os veículos particulares. Abundam as lojas de venda de carro e os financiamentos em 60 meses. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito, a cada dia, circulam mais 27 novos carros. Em Florianópolis a relação entre população e carro per capita está em 1,9. Em 2010 a frota chegava a 270.463 carros na cidade. Ou seja, há um carro para cada duas pessoas. Isso pode parecer uma loucura, mas é fruto da completa incapacidade da prefeitura em organizar a cidade para que as pessoas possam se mover com qualidade. Tanto que é conhecida como uma das cidades com pior mobilidade urbana do mundo.

Todas as propostas que surgem de transporte de massa não passam da apresentação da idéia. Afinal, investir em trem, por exemplo, seria mudar todo o sistema, que já é feito para o lucro desenfreado dos poucos empresários que controlam as empresas de ônibus. Todas as linhas são loteadas, não há qualquer concorrência entre as empresas. O usuário é completamente refém deste tipo de transporte e não consegue encontrar alternativa. Como a cidade é pensada para os carros, nem mesmo a bicicleta consegue aparecer como saída. É praticamente uma ação suicida andar pelas ruas de Florianópolis montado em uma magrela. Atravessar para o continente, então, nem pensar. Não há ciclovias nas duas pontes que fazem a ligação. O que há são passarelas, sob a ponte, escuras, sujas e sem qualquer segurança.

Ainda no mês de março também o novo governador do Estado, Raimundo Colombo, igualmente enredado na mesma lógica da cidade para carros, lançou, através do Departamento estadual de Infraestrutura (Deinfra), a idéia de mais uma ponte unindo a ilha ao continente. A imprensa comprou a agenda e, durante dias, divulgou os desenhos ultramodernos da possível estrutura. Outra proposta que não leva em conta a necessidade das quase 200 mil pessoas que amargam o transporte coletivo da capital. Ao que parece só quem vai lucrar com essa idéia são as empreiteiras que farão a obra. Mesmo assim, a Assembléia Legislativa aprovou o Plano Plurianual que contém esta proposta. Ora, as absurdas filas que se formam no final da tarde, para quem precisa voltar para o continente certamente não vão diminuir com mais uma ponte. Pelo contrário. Quando menos se investe em transporte público, mais as pessoas procuram saídas individuais para tentar fugir da loucura que é viver nesta cidade. E aí, são mais carros nas ruas, num círculo que não tem fim. Nos últimos meses, a saída são motos, o que já tem provocado um aumento expressivo de acidentes. Segundo os diretores dos hospitais, 90% dos que chegam as emergências são vítimas de acidente com moto. Virou uma epidemia, sem que haja qualquer medida de redução de danos. É que ninguém mais agüenta o transporte coletivo do jeito como está.

Qualquer grande cidade do mundo já compreendeu que as pessoas que têm um bom transporte coletivo não fazem uso do carro. Com isso economiza-se energia, preserva-se o ambiente e as pessoas circulam com mais rapidez e eficácia. Isso já é coisa completamente incorporada nas políticas públicas destes lugares. Na Europa é coisa comum e na América Latina é caminho cada dia mais seguido.

Florianópolis parece não compreender que uma cidade com vocação turística, como seus governantes alardeiam, precisa garantir, no mínimo, a mobilidade das pessoas. Mas, como bem define o sistema capitalista de produção, os interesses de pequenos grupos se sobrepõem aos da maioria.

Hoje, um trabalhador que se utilize do transporte coletivo e que more num bairro há mais de 10 quilômetros do centro, perde quatro horas do seu dia dentro do ônibus ou nos terminais de baldeação. Algo praticamente inaceitável. Talvez a saída seja os sindicatos começarem a reivindicar estas horas nas suas negociações salariais como horas extras, a serem pagas pelos patrões. Afinal, nesta cidade, o ônibus só serve para isso mesmo: levar as pessoas ao trabalho. Raros são os que arriscam sair de casa no final de semana para passear. Uma saída de ônibus no domingo pode se transformar num transtorno tão grande que a pessoa acaba preferindo ficar em casa. Quem sabe se o patrão sentir essa fisgada no bolso, não começa a dar ouvidos às propostas que já existem e que não são levadas em conta.

A cidade de Florianópolis é um monumento à incompetência e ao servilismo aos grandes empresários. Aqui só o que interessa são os “negócios”, e de alguns. Alguns muito poucos!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Festival da Água e do Pacuca consolida união comunitária






A comunidade do Campeche, em parceria com o Movimento Saneamento Alternativo e Núcleo Distrital do Pântano do Sul, realizou neste dia 23 de março, o Festival da Água e do Pacuca (Parque Cultural do Campeche). O ato político cultural aconteceu no campo de aviação, onde desde há anos, a comunidade planeja construir um Parque, no qual as pessoas possam reunir-se, praticar esportes, viver momentos de lazer. Por incrível que possa parecer, o histórico bairro do sul da ilha não tem uma única praça onde as pessoas possam exercitar a convivência.

Não bastasse isso, o crescimento vertiginoso e desordenado que vem sendo registrado na comunidade incorpora novos desafios para a vida de todos os que ali vivem. Nos últimos meses, a proliferação de condomínios e a sistemática burlagem da lei, tem causando sérios problemas, como, por exemplo, o rebaixamento do lençol freático feito sem licenças, que pode trazer prejuízos ao abastecimento de água. Muitas denúncias foram feitas, mas só a ação da Polícia Ambiental colocou freio a este desperdício. Um único condomínio jogava pelo ralo cerca de 130 mil litros de água por dia.

Em função destes abusos, o Conselho Popular do Núcleo Distrital decidiu que era preciso fazer um trabalho de informação e conscientização com os moradores. Com o crescimento do bairro há muitas famílias novas vivendo por ali, as quais não têm conhecimento do intricado mecanismo que garante água pura nas suas torneiras. Assim, com a colaboração dos moradores do Pântano do Sul, dos militantes do Mosal e trabalhadores da Academia Sotália, realizaram o festival, que garantiu a distribuição de panfletos, longas conversas informativas e, de quebra, promoveu a reunião da comunidade no espaço que tem sido reivindicado para a construção de um parque.

A proposta do PACUCA já foi finalizada há anos, assim como foi respaldada pelas audiências públicas da discussão do Plano Diretor, logo, está completamente incorporada à vida da comunidade. Mas, o debate com a União, que é a dona do terreno de 323 mil metros quadrados, não tem avançado. Atualmente, a área está sob a proteção da aeronáutica, mas, na realidade, não tem qualquer função para esta instituição. Já a comunidade ressente-se de um espaço de convivência, coisa que jamais foi garantida pelo Estado. No projeto, desenhado de acordo com os desejos das pessoas que vivem no Campeche, estão previstas áreas esportivas, culturais e de lazer. Não é sem razão, que, recorrentemente, a comunidade ocupa o campo de aviação para reafirmar a decisão de garanti-lo para a vida local.

Neste Festival da Água e do Pacuca, as entidades do sul da ilha ainda tiveram uma grata surpresa: a visita de representantes do movimento SOS Canasvieiras, que vieram solidarizar-se com a luta pela preservação da água, uma vez que naquela comunidade do norte da ilha eles amargam a sistemática falta de água, fruto também do crescimento desordenado e muitas vezes – como no Campeche – à margem da lei. Segundo Nelson, a vida em Canasvieiras é o retrato vivo daquilo que não pode acontecer com o sul: “Hoje, nós sequer podemos tomar banho na nossa praia, pois não há um ponto que não esteja poluído. O bairro cresceu, mas a infraestrutura não acompanhou”. Para todos que fizeram o longo caminho desde o norte, a integração entre as comunidades é vital para que a cidade se uma e se organize para a conquista de seus direitos. Luiz Gabriel Vasconcelos, um dos organizadores do Festival, concorda com esta idéia: “Foi um dia maravilhoso, de união. Fizemos atividades com as crianças, plantio de árvores, apresentação de músicos locais, panfletagem, foi tudo muito bonito! Uma grande celebração de carinho. Carinho entre as pessoas, carinho pela terra, pelo nosso parque, pelo nosso bairro, carinho pela água e pelo futuro da nossa cidade. Futuro que esperamos seja repleto do que vivenciamos hoje. Por isso lutamos!”.

Durante toda a manhã, em frente ao campo de aviação, as pessoas mostraram seu carinho pela comunidade e por Florianópolis – já que era o aniversário da cidade. Com a participação da Rádio Campeche, os músicos locais puderam mostrar seu talento e as crianças que estudam música nos projetos sociais desenvolvidos nas Areias também encantaram o público. A Academia Sotália promoveu oficinas de pintura e os pequeninos coloriram seus desejos de água pura, vida digna, ambiente preservado. No campo, brigadas de voluntário plantavam árvores frutíferas e ornamentais. Foi uma manhã cheia de alegria e de partilha amorosa de sonhos. Aqueles que dedicaram parte do seu feriado para a luta comunitária saíram do festival com a alma lavada.

A integração com os moradores de Canasvieiras, do Pântano do Sul e das Areias mostrou que é possível ainda constituir projetos coletivos. “Se pudermos unir toda a Ilha (os movimentos organizados), não há força que nos vença nesta próxima investida contra o Plano Diretor Participativo”, afirmou Telma Piacentini. Janice Tirelli, representante do Campeche no Núcleo Gestor, estava emocionada. “É bom ver que o movimento cresce e se revigora”. Ataíde Silva, da Amocam, também estava vibrando. “Temos de ocupar esse espaço. Ele é nosso”.

E assim foi o festival. Muita alegria, emoção e vontade de lutar por um bairro onde a vida saudável e com qualidade seja possível. A luta pela água e pelo Pacuca seguirá firme, agora mais ainda, porque tecida com outras comunidades.

terça-feira, 22 de março de 2011

No campeche


Ali vinha eu, no meio da noite, cabelo ao vento, bicicleta sem freio. No Campeche é assim, a gente ainda pode andar pelos caminhos de terra, pelas trilhas abertas no meio dos matos, nas largas noites de outono. Despencava pela Gramal afora depois de uma longa reunião comunitária que organizara o Festival da Água, a acontecer amanhã, dia 23, no campo de aviação do bairro. No mesmo lugar onde antigamente descia, no seu avião, o escritor do “imorrível” Pequeno Príncipe.

Enquanto pedalava, sentia o cheiro inigualável das flores e dos matos nativos do Campeche. Um cheiro que embriaga, que entontece, que nos deixa mole, como se estivéssemos respirando o próprio hálito da Pacha Mama. Tudo parecia perfeito. A reunião fora significativa, muita gente, povo animado, muitas idéias, muita vontade de defender a água, o ambiente inteiro, as pessoas, a qualidade da nossa vida. A comunidade havia conseguido uma vitória contra as bombas que drenavam o lençol freático. A polícia ambiental viera e parara tudo. Ô alegria!!!!

Senti um pouco de medo, pois parece que quanto tudo está assim, pleno, sempre acontece algo para estraçalhar esse sentimento. Desacelerei as pedaladas ao escutar o barulho do busão. Como a rua é muito estreita, a melhor saída é parar, subir na calçada e esperar que ele passe. Passam voando. Perigo puro. Então vi a lua. Enorme. Brilhava em todo o seu esplendor a ponto de se poder ver Jorge e o dragão. Fiquei maravilhada a balbuciar: mama killa, mama killa, deusa mãe.

De volta à estrada enveredei pelos caminhos do Castanheiras até chegar a à minha rua: Coruja Dourada. Nela há um cheiro de dama-da-noite, doce, sensual. Aspirei e sorri. Então, enquanto eu ia passando com minha bicicletinha de aro 20, as corujas iam levantando vôo. Uma cena mágica. É que na minha rua as corujas simplesmente fazem morada. Como há pouco movimento, elas chegam a dormir por ali. Algumas, familiarizadas com a gente, nem se movem, apenas nos fitam, com aqueles olhos enormes. Os vaga-lumes voejam por sobre a nossa cabeça, como se fossem pequenos guias naquela hora já tardia.

Chego a casa, porto seguro, e os gatos estão sobre o muro. Esperam por mim. Vislumbram a bicicleta e pulam, correndo em direção à porta, esperando um manjar. O cachorro, Steve, pula em completa alegria. A vida fica parecendo bela demais.

Quando as coisas pesam e tudo se enreda na trama da vida, nada melhor pode nos acontecer do que uma reunião comunitária bem sucedida, um passeio de bicicleta, com lua, corujas, vaga-lumes, gatos, cachorros e cheiros de mato. Depois, um beijo molhado, uma noite serena, embalada pelos passarinhos. A vida e suas coisas pueris.... Que coisa boa!!!

Nesta quarta-feira, às 10h, no campo de aviação, Festival da Água no Campeche. Povo reunido! Nada mais posso querer...

Seminário: Nosso eu Africano – Uma viagem particular pela realidade da África


O jornalista Osíris Duarte percorreu, durante 22 dias, três países africanos com um objetivo claro: contar histórias. Apenas com uma câmera fotográfica e a meta inicial de realizar uma cobertura jornalística para Sindicatos Catarinenses do Fórum Social Mundial 2011 em Dakar - Capital do Senegal - teve a oportunidade de vivenciar mais do que as discussões sobre política, sociedade e cultura.

Depois de seis dias em Dakar, seguiu viajem em direção ao arquipélago de Cabo Verde e em seguida para a República da Guiné Bissau. Nesses três países, com realidades e contextos sócio-políticos diferentes, pode experimentar um pouco da realidade dos africanos. “A África é um continente com uma das maiores diversidades étnico, cultural e religioso do planeta. Sendo assim seria impossível não trazer na bagagem, além das fotos e suvenires, um monte de histórias curiosas, peculiares, interessantes e informativas”.

Osíris pode acompanhar, durante o FSM, a queda de Hosni Mubarak no Egito e a festa dos militantes egípcios em Dakar. Viu a beleza das ilhas de Cabo Verde e o poder da influência da cultura e da mídia brasileira naquele país. Na Guiné Bissau viveu a realidade de um povo que se recupera de anos de guerra civil e exploração internacional.

Essas e outras tantas histórias, impressões e constatações tu também podes ouvir durante o Seminário: Nosso eu Africano – Uma viajem particular pela realidade da África, terça-feira, dia 29 de março, no auditório do SINTUFSC. Lá, Osíris te espera esperando partilhar essas histórias de luta e beleza...

O que?
Seminário: Nosso eu Africano – Uma viagem particular pela realidade da África

Quando
Terça-feira, dia 29 de março

Onde?
Auditório do SINTUFSC, Rua R. João Pio Duarte da Silva, 241 - C.Postal 5130 - Córrego Grande - Florianópolis/SC - CEP 88040-970

Quem?
Osíris Duarte é jornalista profissional, Bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela Universidade do Vale do Itajaí em 2005, fotógrafo, blogueiro e assessor de imprensa do Sindicato dos Bancários de Florianópolis e Região.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pequenos Agricultores e Agricultoras realizam 5ª Festa da Semente Crioula

Aconteceu nos dias 19 e 20/03, os festejos pelo 48º aniversário de emancipação política e administrativa de Anchieta (extremo oeste catarinense), em paralelo foi realizada a 5ª Festa das Sementes Crioulas. Mais de 8000 mil pessoas, segundo organizadores prestigiaram os dois dias de festa.

A 5ª Festa das Sementes Crioulas teve vários objetivos, entre eles os organizadores destacam: a exposição e troca de sementes crioulas e mudas nativas, alimentação agroecológica típica, debate e troca de informações sobre cooperação e cuidados com a natureza e a feira de artesanatos.

No domingo foi realizada celebração da missa, com o bispo da diocese de Chapecó Dom Manuel, logo em seguida a igreja foi palco do seminário para lançamento da “Campanha Permanente de Combate aos Agrotóxicos e Pela Vida”, conduzida em nível de Brasil, por mais de 60 organizações sociais, entre elas a Via Campesina.

Durante o seminário, ocorreu à palestra com Eloisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que abordou as questões técnicas do uso indiscriminado de venenos (agrotóxicos) e na agricultura e os prejuízos para a saúde dos agricultores e dos trabalhadores que estão consumindo alimentos produzidos com estes venenos. Walter Silva da coordenação nacional da Campanha Permanente de Combate aos Agrotóxicos e Pela Vida e do Movimento de Pequenos Agricultores – MPA, fez o lançamento oficial da Campanha no estado de Santa Catarina.

Entre outros assuntos destacados pelo pequeno agricultor do MPA, em sua intervenção durante o seminário, é o fato do Brasil, ter um dos piores o título do mundo. “Ser bicampeão no consumo de venenos, as vendas nos anos de 2008 e 2009 somam 13,8 bilhões de dólares. Ao dividirmos a quantidade de venenos usada, pelo número de habitantes de nosso país, vemos que foram usados nestes dois anos em média 5,2 kg. E infelizmente estamos caminhando para sermos tricampeões, já que os números extra-oficiais da ANVISA, já indicam que a venda de 2010 será maior que nos anos anteriores.

A 5ª Festa das Sementes Crioulas foi promovida pelo MPA, Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, Associação dos Plantadores de Milho Crioulo e Derivados e Prefeitura Municipal de Anchieta.

Fonte: Agência Contestado de Noticias Populares – AGECON

domingo, 20 de março de 2011

O que aplaudem os néscios?

Obama discursou no Municipal, esbanjou simpatia, falou português, contou histórias e discorreu sobre como Brasil e Estados Unidos podem estar juntos, fazendo negócios no mesmo patamar. "Somos duas grandes nações", disse. A cada frase, os que lotavam as galerias aplaudiam loucamente. A cada sorriso, novas palmas. Uma espécie de êxtase diante do rei. Enquanto isso, lá na Líbia, casas eram bombardeadas, assim como tem sido há sete anos no Iraque. O riso de Obama, sua adorável simpatia é só a conversa fiada do leão que tenta convencer o cordeiro de que mudou seus hábitos alimentares.
No primeiro momento de descuido, ele dá o bote. E lá se vai nosso petróleo, nossa biodiversidade, nossas riquezas minerais. José Martí já dizia há tantos anos atrás que é impossível confiar no império. Só os néscios, os bobos ou os patifes mal-intencionados podem crer em conversas no mesmo nível. Os Estados Unidos, desde o roubo do México, tem a mania de pegar à força tudo o que considera bom para si. Para isso usa a mentira deslavada, como fez no Iraque e segue fazendo. A democracia que quer para o mundo é a sua tutela.
Causou-me profunda vergonha ver aquela gente a aplaudir apaixonamente aquele que é verdugo de incontáveis famílias pelo mundo afora, e inclusive aqui no nosso país.
Ainda bem que há quem se manifeste contra isso. Foi assim no Rio, hoje, quando aqueles que não se curvam foram às ruas, protestar e exigir liberdade para aqueles que, como eles, também se recusam a lamber as botas de assassinos.