sábado, 2 de abril de 2011

O bispo vermelho morreu dormindo...


Para José Comblin


Tenho um bom amigo que odeia a igreja. E eu às vezes odeio também. Mas, nascida e criada no mundo ocidental, mergulhada na fé cristã, eu aprendi a diferenciar o pensamento jesuânico do pensamento da instituição. Era ainda menina quando conheci as Comunidades Eclesiais de Base, que anunciavam um reino na terra, repartido e digno. Encantei-me com isso. Parecia que aquele Jesus de quem eu tinha notícias através da minha mãe, se materializava de novo, agora entre nós. Não era um cara pregado na cruz, morto e impotente. Era uma espécie de água viva, tocha ardente, labareda, capaz de incendiar nossos desejos de mudança e transformação. E mais, a partir de sua palavra revolucionária os mortos reviviam, os paralisados voltavam a andar e os cegos recuperavam a visão. Todos os dias eu presenciava milagres assim.


“Bendito o povo que marcha, tendo Cristo como guia”, cantava-se nas romarias que já não pediam por uma vida de alegrias no céu. Nelas, pedia-se reforma agrária, o fim do regime militar, justiça, comida, liberdade. Ah, aquele padres jovenzinhos, de barba cerrada e olhos de lâmpada que caminhavam à frente, armados de um Jesus companheiro, um deus amigo, uma promessa de vida boa e bonita agora mesmo, já. E com eles seguiam as gentes. Os camponeses, os trabalhadores, as donas de casa, as crianças. Daqueles encontros clandestinos nas capelas de interior nasceram os movimentos de mulheres, de sem-terra, de rebeldes inconformados com a mordaça e o terror.


Depois, já nos anos 80, pude vivenciar a força da fé, essa fé vermelha, socialista, revolucionária, nas caminhadas do MST gaúcho. Nos barracos de lona preta os agricultores sem-terra construíam catedrais, não de pedra, mas de sonhos, que iam se fazendo reais pela força da luta concreta, terrena, pé no chão. Terras ocupadas, terras grávidas, parindo uma vida nova. Naqueles dias todos sabíamos que havia uma guerra. A Igreja vermelha, fruto de Puebla e Medelin, a igreja dos pobres, dos desgraçados, dos desvalidos, a igreja latino-americana, contra a igreja dos príncipes, do poder, eurocêntrica.


Foi uma longa batalha e deixou rastros de sangue pelo chão. Ao final, a igreja vermelha perdeu. Na queda de braço, venceu o conservadorismo, a tradição institucional. O Cristo da festa, do vinho, da vida plena foi vencido pela idéia cristalizada de um deus vingador e insensível, capaz de condenar a alegria e o prazer.


José Comblin foi um padre vermelho, socialista, anunciador desta heresia profética: de que havia um deus que se unia aos desejos dos pobres, que caminhava com eles, que lhes dava força e coragem e lhes incitava a lutar contra os vilões do amor. Era visto como um espinho incômodo pela “instituição”, mas amado pelas gentes que com ele construíam esse mundo de belezas tão próximo do sonho de Jesus. Padre José anunciou essa boa nova, fez dela sua razão de viver... E viveu tanto! Nos últimos tempos andava triste, sem esperança, não conseguia compreender porque não viera o esperado reino. “Nunca mais uma geração como a de Medelin” , dizia...


Pois neste dia 27 de março ele encantou. Morreu dormindo, como cabe a um homem bom. Eu imagino a surpresa que teve ao abrir os olhos e se ver diante daquele que tanto amava. Porque ele era um jesuânico, apaixonado por aquele deus que dizia: "Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” E imagino ainda esse Jesus tomando-lhe os ombros a mostrar-lhe coisas que ele, perdido nas veredas do Brasil, não conseguia ver. E, baixinho, em seu ouvido, o querido mestre haverá de sussurrar: “Sim, nunca mais haverá uma geração como a de Medelin, mas haverá outras, José, capazes de reacender a verdade aparentemente vencida pelo poder. E o mundo chegará ao ômega, a uma vida boa e bonita para todos. Porque é assim que tem de ser...” E lá de cima, José observaria todas as lutas e pequenos milagres que seguem acontecendo por esse mundão de deus.


Então, o velho bispo vermelho, que andava triste, haverá de sorrir outra vez. Nessa hora, em inúmeros lugares do mundo brotarão fogueiras, que, de novo, irão incendiar... Por que uma coisa tão poderosa e bela não morre assim no más!

Seu Lidinho é rei!

Seu Lidinho, no "Canto do Noel"
Ele já é mais que um homem. É uma lenda... Em Florianópolis, onde bate o samba, lá está. Aparece como mágica, sem que ninguém precise chamar. É como se a própria música feita de cavaquinho, pandeiro e tambor o materializasse. Seu corpo rodopia, balança, saltita. É o samba feito gente.

A primeira vez que o vi foi num baile no antigo Clube 15, lá pelos anos 80. Era impossível desgrudar o olho do seu gingado, fosse no samba ou na lambada. A mulherada fazia fila para dançar com ele e ele concedia, como um deus. Enquanto dura a música, ele não pára.

Hoje, deve andar para lá dos 70, mas o corpo pequenino e magrinho parece ter 16. É energia pura, incansável, serpenteando no asfalto pela noite afora. Camisa vincada, chapéu branco, ele é reverenciado por onde quer que vá. Faz parte da cultura da cidade, é monumento vivo, filho amado de Zumbi. Velha guarda da Copa Lord, seu Lidinho é história. Não há carnaval sem ele, nem samba, nem batucada. Quando chora a cuíca ele aparece, o corpo molinho, o passo gingado.

Seu Lidinho é o rei do samba e pontifica com seu riso de menino nos bares, na passarela do carnaval e nos pagodes. Sua corte somos todos nós, que nos afastamos, reverentes, para que ele passe, feito um Oxalufã, a nos encher de todas as bênçãos que só o samba pode dar.

Seu Lidinho é rei!!!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Estudantes da UFSC enfrentam processo por fazer luta por bolsa de estudo

Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina estão sendo julgados em processo crime após a luta que levou a conquista da BolsaPermanência. Nos dias 05 e 06 de abril acontece uma audiência na qual serão ouvidos os estudantes processados na ação que deriva da realização do Conselho Universitário em Outubro de 2005, momento no qual os estudantes da UFSC conquistaram o direito a ter uma bolsa Permanência. Entre os arrolados como testemunha estão o então reitor da universidade, alguns conselheiros universitários que na época govazam do cargo de Diretores de Centro e outras testemunhas presentes que foram arroladas pela defesa e pela promotoria.

Entenda o caso


Vale ressaltar que a Bolsa Permanência surgiu como política afirmativa na UFSC em 2005 como uma conquista através da luta desses estudantes agora processados e de todo o movimento estudantil e tornou-se modelo para as demais universidades como política de assistência estudantil. Inclusive o Governo Federal adotou um modelo de bolsa permanência para estudantes carentes do PROUNI. Quanto aos processos: Justiça Federal, Seção Judiciária de Santa Catarina, 2ª Vara Federal Criminal de Florianópolis. Ação Penal nº: 2005.72.00.013455-0/SC O processo pode ser acompanhado via: www.jfsc.gov.br mediante informação do número da ação penal.


No ano de 2005, (ano efervescente no mov. estudantil e popular em Florianópolis) os estudantes bolsistas da UFSC resolveram cruzar os braços, partindo de um decisão praticamente espontânea, oriunda da situação insuportável em que estes encontravam-se. Muitos bolsistas sequer participavam do movimento estudantil na época, porém indignados com a sua a situação: recebendo R$ 200,00 para trabalhar no lugar de servidores em vários setores, no hospital universitário em condições insalubres (manipulando exames, radiografia) e cuidando de crianças na creche da universidade (inclusive trocando fraldas e limpando o chão) sem que sequer tivessem cursando cursos com alguma afinidade com as atividades, pelo contrário, muitas vezes os trabalhos prejudicavam o seu desenvolvimento no curso.


Fato que fez o Ministério Público autuar Universidade em 2005. Os R$ 200 não cobriam sequer as despesas com moradia, pois a universidade não oferece Moradia Estudantil suficiente, possuía apenas 174 vagas para um universo de 19.000 estudantes (hoje beira aos 30 mil) e a especulação imobiliária e forte nos arredores da Universidade o que encarece o preço da terra e consequentemente eleva o valor dos aluguéis. Os estudantes que recebem essa bolsa são estudantes que possuem um cadastro socioeconômico aprovado no Serviço Social da PRAE – Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (o que chamávamos de nosso atestado de pobreza).


Inicialmente alguns setores começaram a parar e a noticia foi se espalhando pela Universidade de boca em boca: - “Os bolsistas estavam em greve!?!” Logo a adesão ocorreu em massa, o que a princípio pareceu chacota logo revelou a fragilidade da estrutura da universidade devido a sua dependência dos bolsistas, causada em função da política de longos anos sem abertura de concurso público para servidores técnico administrativos nas universidades. Setores importantes da universidade começaram a parar, os servidores não podiam ir ao trabalho porque tinham que ficar com seus filhos visto que a creche do campus parou, a biblioteca fechou, não era mais possível repôr os livros na prateleira e os mesmos empilhavam-se nas mesas, o Laboratório de Informática fechou pois funcionava apenas com bolsistas, vários setores do Hospital Universitário fecharam, inclusive o de marcação de consultas.


O DCE e os demais militantes, antes meio que desconfiados do que estava acontecendo, resolveram entrar na briga e organizaram uma ocupação de reitoria que resultou no 1º Cun (Conselho Universitário) que se destinava a "resolver o problema”. Os conselhos e o "motivo" do processo: Esse Conselho Universitário (instância máxima de deliberação da Universidade) foi aberto a participação da comunidade universitária em função de um pedido estudantil, dessa maneira a reitoria mostrou através de uma planilha de gastos que teria dificuldade em aumentar o valor das bolsas, também apresentou argumentos para não modificar o caráter da mesma, porém se responsabilizou em fazer um estudo para viabilizar o aumento que fosse possível.


Os Estudantes pediam bolsa de R$ 330 reais e mudança na legislação das bolsas, onde a principal mudança seria a obrigatoriedade de desenvolver um "trabalho" relacionado com a área de estudo.Muitos estudantes, por inocência ou inexperiência, acreditaram na sinceridade das promessas da reitoria e resolveram aguardar o próximo conselho, porém em assembleia os grevistas decidiram não retornar às atividades antes de um aumento. Ocorreram então, o segundo e o terceiro Cun (Conselho Universitário) e sempre a decisão se adiava, seja por pedido de vistas ou por estar no final da pauta e não haver tempo hábil para contemplar a discussão, o que começou a inquietar os estudantes, ao mesmo tempo a pressão para retornar ao trabalho por parte dos departamentos era grande, tanto sobre os estudantes via assédio moral, quanto sobre a reitoria por parte dos departamentos e setores paralisados em função da greve.


Por fim, aconteceu o Cun em que mediante Ad Referendum foi determinado uma mudança na legislação de bolsas através de uma comissão mista composta pela reitoria, servidores e estudantes e aumentou-se o valor das bolsas naquele ano para R$ 300,00. Infelizmente, pela manifestação política nesse mesmo Cun, estamos sofrendo processo. Como ocorreu o suposto “sequestro e cárcere privado” Era o 4º conselho sem resposta, seja por pedido de tempo para estudar a realidade financeira, ou porque algum conselheiro dizia não ter subsídio suficiente para votar e queria estudar a relatoria do setor de finanças, etc.


E assim adiava a decisão. Nesse conselho, quando a votação estava sendo posta pela mesa, para que houvesse um aumento do valor das bolsas e se criasse a comissão para alterar a legislação, um conselheiro pede a palavra fazendo uma questão de ordem e dizendo que não estava a vontade para votar naquele momento devido a sua falta de esclarecimento sobre o tema, nesse instante, os mais de 500 estudantes presentes no auditório da reitoria, onde ocorria o Cun, manifestam a sua revolta e palavras de ordem começam a ecoar em alto e bom som até que alguém puxa um grito: "ai, ai, ai, ai, ninguém entra ninguém sai!" e as portas se fecham em meio a confusão, começava ali um debate que durou das 9h da manhã até as 17:30h.


Por fim, depois de muito debate, o reitor resolveu assinar um Ad Referendum autorizando o aumento, esse não era o pedido dos estudantes o pedido era que fosse votado pelo conselho, mas alegando que havia encerrado a reunião do conselho e não poderia pôr mais nada em votação naquele dia, o reitor tomou essa decisão. A bolsa passou a R$ 300,00 e não 330,00 e a comissão foi criada. Mas, no mesmo dia, no momento em que o reitor assinava o documento um delegado da Policia Federal se fez presente a pedido do reitor e seus aliados, fato que pareceu-nos estranho, mas de qualquer maneira a sua presença não foi relevante naquele momento.


Passados alguns meses a Reitoria instalou um processo administrativo que posteriormente foi arquivado por falta de provas e além disso enviou mais de 20 nomes à Polícia Federal, acusados de mandantes do “ato criminoso”. Passa-se a tratar então um ato político como crime. Alguns conselheiros alegam que teriam sofrido cárcere privado ao ser impedidos de se retirar da reunião. As acusações e o andamento do processo: “ Sequestro e carcere privado” Em 2006 aconteceu a primeira rodada de investigações e 17 estudantes foram chamados para depôr, em 2008 novamente mais estudantes são chamados a depôr.


O resultado é o indiciamento dos estudantes e a convocação para um acordo no ano de 2009 por parte da Justiça Federal, os termos do acordo eram: pagar R$ 1.000,00 ao Estado como multa, apresentar-se de 3 em 3 meses a um delegado e passar relatório de atividades, e não ausentar-se do estado sem autorização do Juiz, tudo isso durante um período de 2 anos para que o processo não fosse adiante. As opiniões dos estudantes injustamente processados foi divergente, as ameaças por parte do Estado e a pressão familiar foi grande e muitos acabaram aceitando o acordo que manteria de qualquer maneira a “ficha limpa” dos acusados. Outros estudantes, decidiram por não aceitar o acordo por entender que não haviam cometido crime algum e não considerarem o acordo justo.


Esses são os estudantes que agora pedem o apoio dos Movimentos Sociais, das Organizações e da Sociedade para que seja divulgado esse ato contra a livre manifestação política, desmascarado esse pretenso Estado Democrático de Direito que persegue os Movimentos Sociais e oprime a voz do povo!


"Quando o nível moral duma sociedade baixa ao ponto em que está hoje, esperamos antecipadamente que a revolta contra esta sociedade tome por vezes formas que nos farão estremecer; mas não condenamos por isso a revolta."

Piotr Kropotkin


Abaixo a ditadura travestida de democracia! Viva a autodeterminação dos povos! Viva a Rebeldia! Viva a Juventude! Viva o Movimento Estudantil sem amarras! Viva a Liberdade!

Câmara de Vereadores discute a mobilidade do sul da ilha


A Câmara de Vereadores, através de iniciativa do vereador João Aurélio Valente Junior (PP) realizou Audiência Pública para discutir a construção da terceira pista na SC 402, que vai para o sul da ilha de Santa Catarina. Segundo o vereador, a audiência se deu em função da necessidade de discutir os problemas que o sul vem enfrentando com o trânsito e a completa irresponsabilidade da prefeitura da capital em inaugurar uma obra, como a do elevado do trevo da seta, sem que ela estivesse realmente concluída.

Durante a sessão, manifestaram-se vários vereadores, comerciantes da região sul e moradores das comunidades. Todos foram enfáticos em informar o caos que se tornou o sul da ilha nos horários de pico. As obras do elevado não melhoraram em absolutamente nada o problema para quem vive fora das áreas do aeroporto ou do campo do Avaí. “É impossível aceitarmos que uma obra passe a dar problema uma hora depois de inaugurada”, enfatizou o vereador Aurélio.

A Câmara de Vereadores se colocou disposta a assumir a luta por uma melhor mobilidade no sul junto com a comunidade, mesmo que a obra seja estadual e que a responsabilidade maior tenha sido do executivo municipal. Eles entendem que é papel do vereador acompanhar as questões da cidade e que não se furtarão a essa responsabilidade. O professor Lino Perez, que tem uma longa militância no debate da mobilidade também se manifestou, lembrando que a solução deve ser global e que urge a aprovação do Plano Diretor apresentado pelas comunidades.


quarta-feira, 30 de março de 2011

África: um continente em construção



A chuva caindo e dentro do Auditório José de Assis Filho, no Sintufsc, falava-se de África. O jornalista Osíris Duarte, que viajou à Dakar, no Senegal, para o Fórum Social Mundial, promoveu uma espécie de prestação de contas, já que só conseguiu atravessar o oceano com a ajuda de vários sindicatos de trabalhadores de Florianópolis. Queria dividir o que conheceu e aprendeu. Não foi surpresa ver que sequer os dirigentes dos sindicatos promotores da viagem apareceram, mas, é sempre muito frustrante observar que a própria esquerda se recusa a conhecer e compreender com profundidade a dramática situação africana. Por outro lado, a presença de um expressivo grupo de estudantes africanos tornou a conversa um debate rico e profundo, como há muito tempo não se via na universidade.

Osíris começou o seu relato falando sobre o Fórum Social que, este ano, reuniu bem menos gente do que os anteriores. Para se ter uma idéia, no acampamento da juventude, que já chegou a juntar milhares de pessoas, havia vaga para apenas 300. “Tampouco era como foi no Brasil, centenas de barracas coloridas e muita confusão. Não. Eram aquelas enormes barracas que se vê em campos de refugiados, o que deu um toque bem diferente ao acampamento”. Segundo Osíris, a troca de reitor na universidade de Dakar, três dias antes do evento, acabou inviabilizando o uso de vários espaços no lugar e o Fórum virou um caos. “Eu então decidi que não ia ficar confinado nos debates, mas fazer um mergulho na vida local”. Para Osíris a experiência no Senegal mostrou um país pobre, mas com uma gente cheia de vontade de estudar e crescer. “Na universidade são mais de 40 mil alunos, e eles vivem em condições muito precárias nas moradias estudantis que abrigam até sete mil estudantes. Seis ou sete pessoas nos quartos de quatro metros quadrados. Mas há uma fome de saber, uma vontade de ser alguém na vida, que nos deixa até emocionados”.

No Senegal quase 90% da população é de muçulmanos e a economia gira em torno da agricultura, da pesca artesanal e do artesanato. Também há extração do fosfato. Naquele país a cor é o símbolo da beleza. A tecelagem é rica em colorido e representações simbólicas. Impossível ficar imune. Lá, fala-se o francês porque o país foi durante muito tempo uma colônia da França. Outra peculiaridade é que o país abriga dentro dele um outro país, a Gâmbia, coisa bastante incomum.

Ainda no Senegal Osíris visitou a Ilha de Goreé, hoje famosa por ter sido o lugar de onde saíram mais de 25 milhões de homens, mulheres e crianças, seqüestrados de sua terra para serem vendidos como escravos na América. “É um lugar triste de se ver. O símbolo máximo da exploração humana”.

Depois de terminado o Fórum o jornalista seguiu para o Cabo Verde, um conjunto de dez ilhas com fortes características portuguesas. “Lá a gente pode perceber que há uma organização melhor, a população tem mais serviços públicos. Percebi que há muitos chineses nas ilhas, eles parecem tomar conta de quase tudo. O Brasil é muito presente e a Rede Record é televisão mais assistida. Fiquei impressionado”. A nota triste ficou por conta da Ilha do Sol, um lugar cheio de beleza, mas que está tomado pelo turismo europeu. Lá, a prostituição acaba sendo um dos poucos recursos que as jovens locais têm para garantir o sustento.

O terceiro país a ser visitado foi Guiné Bissau, o que mais o surpreendeu pela pobreza e pela grandeza do povo. “Eles ainda estão se recuperando de guerras civis, mas mostram uma força, uma capacidade de superação que é de arrepiar”. Segundo Osíris a Guiné Bissau padece de grandes problemas. A maioria da população não tem água, não tem luz e muito pouca alimentação. O estado parece inexistente e quem acaba proporcionando um mínimo de condições são os organismos internacionais que abundam no país. “Isso também me deixou bem desconfiado. Entidades como o FMI, a FAO, a Unesco e outras estão ali há anos, ocupam prédios enormes e bonitos, mas parecem fazer muito pouco pela gente de Bissau”. O jornalista conta que ficou na casa de uma família bem típica do lugar e pode acompanhar de perto o dia-a-dia do povo real. “É uma vida dura, mas a gente percebe que eles são famintos de beleza, de sabedoria. O rapaz em cuja casa eu fiquei é um garoto humilde, de vida precária, mas fala cinco línguas estrangeiras e cinco dialetos africanos. É uma gente culta, educada, alegre e cheia de fibra. Dói na alma vê-los tão abandonados e entregues a situações de completa falta de oportunidade”.

Depois da apresentação foi a vez dos estudantes africanos falarem. Ali estavam representantes do Cabo Verde, da Guiné Bissau e Angola. O primeiro a falar foi Joel Aló Fernandes, que se disse surpreendido pelo relato. “A gente sempre vê o pessoal falar muito mal da África, mas tu mostraste respeito com a nossa história e a nossa cultura. Estou agradavelmente surpreso”. Em seguida, o debate que se seguiu versou sobre as possibilidades dos países daquela região da África, os desafios que enfrentam na tentativa de superar a miséria que é decorrente de toda a exploração colonial, mas também da ganância de uma elite africana predadora. “Nossos males também vem de dentro. A corrupção é muito grande. Não há transparência no governo, não se sabe os termos dos contratos que eles têm com as empresas européias e sabe-se que os governantes têm muito dinheiro no exterior”. Por outro lado, a África é um continente que tem muito potencial e pode aprender com as experiências que vem dando certo.

Outro tema que esquentou o debate foi a Líbia. Osíris contou que em Bissau havia uma preocupação muito grande com o que acontecia lá porque historicamente o presidente líbio, Muammar Kadafi sempre ajudou ao país e consolidou a idéia de uma unidade africana. Por outro lado, as informações de que ele mantenha gordas contas no exterior geram desconfiança. “A gente tem sempre de desconfiar quando a mídia conta só um lado da história, ou quando reproduz a exaustão o que pretende seja a verdade sobre as coisas. A mídia mente muito, vejam o caso do Iraque, por isso pude perceber certa simpatia pelo presidente líbio”. Um dos estudantes, de Moçambique, também falou sobre a cruzada estadunidense para levar “paz” ao mundo. “Se perguntássemos a um iraquiano hoje se ele preferia o que tem agora ou o tempo do Sadan, eu duvido que a resposta não seja: o tempo do Sadan. Os Estados Unidos não levaram democracia. Levaram morte, guerra, sangue, dor. E agora, lá na Líbia, a gente vê os rebeldes felizes, mas o que virá depois da guerra, será bom?”

Para os africanos que enriqueceram o relato da viagem, o que falta aos países daquele continente é definir claramente o modelo de desenvolvimento que querem para a África. Uma vez definido isso, as coisas podem avançar. Sobre a fuga de cérebros, levantada por uma estudante brasileira, eles disseram que mesmo fora de seus países eles estão cotidianamente conectados e ajudando a transformar. Alguns africanos que saem da África para estudar até não retornam, mas, longe, atuam sempre no sentido de fomentar o processo de transformação. “Às vezes a gente não volta porque sabe que lá não teremos oportunidade. Mas nosso coração e nossa mente estão na África. Tudo que podemos fazer para mudar aquela realidade, fazemos. Lá ou em qualquer lugar do mundo”.

Denúncia do povo da cidade de Anitápolis


Estamos desde o dia 16 de março, denunciando uma série de Crimes Ambientais em Santa Catarina. No entanto, até a data de hoje, 22 de março de 2011, não saiu sequer uma notinha de fundo sobre essas denuncias.

CASO ANITÁPOLIS:

Toda a sociedade catarinense sabe sobre esse assunto graças aos esforços de muitas ONG's e Blogueiros. Se não fosse por essas organizações, jamais se saberia dos Crimes de todas as espécies que acontece no Estado de SC.

No caso de Anitápolis, ainda nessa semana, denunciamos o terror que a população desse pequeno município está passando. Depois do sufoco da Fosfateira, agora é a vez dos caminhões de uma “GANG” que está “Irregularmente” retirando terra das encostas da Mata Atlântica no local e ameaçando de morte os moradores que se pronunciarem ao contrário.

Muitas pessoas se devem estar perguntando: - Porque então não vão a Polícia? Pergunte isso para quem mora em um município pequeno como Anitápolis ou outro qualquer e constatará que não é bem assim. Nós, que somos uma organização de porte e com ramificações internacionais já passamos trabalho nas denúncias que trazemos ao conhecimento público imagina um simples morador fazendo uma denúncia dessas. Imaginou? Você faria isso?

É por isso que existimos, para dar apoio para essas sociedades que se encontram completamente abandonadas. Infelizmente só acontece alguma coisa no meio da imprensa escrita e falada se correr sangue. Onde há sangue é porque a notícia é boa e vende, mas se meter com bandidos organizados além de ser perigoso não trás lucros. Ou vocês da imprensa tradicional vão querer dizer ao contrário? Vocês podem enganar pobres coitados cidadãos, mas não nós. Na verdade vocês são mais covardes do que esses bandidinhos que estão atuando em Anitápolis.

Na matéria de Anitápolis de ontem, onde mostramos fotos de caminhões carregando terra retiradas de um encosta da Mata Atlântica, vocês não noticiaram nada. Falamos de uma denúncia de ameaça de morte naquele município e novamente vocês não noticiaram nada.

Hoje, apresentamos mais fotos vinda do local em questão e certamente vocês vão continuar não fazendo nada. Estão esperando o quê? Ah! Estão esperando que um pobre infeliz seja morto para poderem vender seus jornalzinho, vocês querem é sangue.

CASO CONTINENTE SHOPPING PARK

Noticiamos para toda a sociedade a grande suspeita de que a construção desse Shopping, está irregular, mesmo porque, o que mais nos chamou a atenção, foi uma foto tirada por satélite da área antes do aterramento onde havia uma nascente de um rio e em seguida, uma outra foto depois do aterramento da mesma área, agora sem as nascente que foi criminalmente soterrada. Isso já foi feito em Joinville pelo mesmo “empreendedor” que na ocasião aterro um rio para poder construir seu shoppinzinho, até a Lei municipal foi alterada para que isso acontecesse e agora vem para São José fazer o mesmo. E o que vocês da imprensa tradicional fizeram? NADA, ou melhor, fizeram sim. Compraram a ideia do senhor Jaimes de Almeida Junior, em fazer duas coletivas em menos de 48h. Depois que fizemos as denuncias, mas não perguntaram para ele a respeito das denuncias feitas por nós. Vocês são muito espertos, tão espertos que acabaram fazendo mídia de graça para ele e caíram que nem patinhos que são na lábia dele. Mas isso tudo para que? Para faturar mais tarde com anúncios e foi o que aconteceu. Na edição de hoje, vocês podem comprovarem duas páginas de anúncios a respeito do grande empreendimento da Almeida Junior em São José, mas a que preço?

Vocês que se dizem jornalistas deveriam é ter vergonha na cara e nem sair na rua para que as pessoas não vissem a cara de pau que vocês têm. É por isso que foi criado o WikiLeaks e os Anonymous, para terminar com esse tipo de canalhice que vocês fazem com as sociedades.

Nós vamos continuar lutando e vamos provar tudo isso que afirmamos até agora, assim como aconteceu com o “Projeto de Anitápolis” Estaleiro OSX” com a “Caça Assassina de Tubarões em Belém” e que vocês “Jornalistas “ só noticiaram depois que tudo terminou. COVARDES!

Assinado

Luiz Afonso Doanti Pasko

terça-feira, 29 de março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011