O ônibus é o meu terror diário, mas, por outro lado, às vezes proporciona situações engraçadas. Dia desses vinha eu, amuada, depois de esperar 45 minutos pelo coletivo e ainda ter de ir em pé, com todas as sacolas pesadas. Tentava um mantra, para ver se abstraia a raiva. Mas, a fala estridente de três gurias no banco em frente me impedia a concentração. Resolvi prestar atenção à conversa, afinal, esses extratos de vida que surgem nos ônibus sempre rendem boas crônicas.
Entre risadas e milhares de fotos tiradas uma das outras com
o celular, elas falavam da vida. Essa louca vida de adolescente. Conversa vai,
conversa vem, uma delas diz:
- Aí a fulana passou, olhou pra nós e disse - mas, que
lindo, o Casal 20 - A gente riu mas não entendeu. O que ela quis dizer com
casal 20???
As outras gurias riram também, alegando que não sabiam.
- Gente louca!
Eu ali lembrei da série enlatada que chegou ao Brasil no
final dos anos 70. Ficou conhecida como Casal 20 e contava as aventuras de um
casal de milionários, sempre metido em loucas aventuras. O ponto central da
série era o amor incondicional e maluco que eles tinham um pelo outro. Vai daí que todo casalzinho arrulhando passou
a ser chamado assim. As meninas, de uns 13 anos, certamente não podiam ter essa
memória.
Lembro que eu mesma via as aventuras, lá em Minas Gerais.
Naqueles dias se vivia a luta pela anistia, no estertor do regime militar. E,
mesmo nós, que estávamos ligados na política, fazendo luta, sucumbíamos aos seriados
estadunidenses que ocupavam o horário nobre da TV. E não era só o Casal 20. Como
hoje ainda. Não resisto ao Big Bang Theory. Nossas contradições!
Veja aqui a abertura do seriado... para matar saudade ou
para conhecer...