sexta-feira, 28 de outubro de 2011

31 de outubro - Dia do Saci

Nesses dias em que a mente colonizada celebra o Dia das Bruxas (que é uma bonita festa nos EUA), nós, recuperando nossos velhos mitos, celebramos o Dia do Saci. E para quem não conhece a história desse negrinho de uma perna só, que carrega o barrete vermelho da liberdade e fuma um petenguá, segue a belíssima produção de Rudá K. Adrade e Sylvio do Amaral Rocha: Somos todos Sacys.



Vale a pena ver o filme inteiro... é bonito demais! Viva o saci!!!




Somos Todos Sacys from Confraria Produções on Vimeo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Abdon!!!



No Centro Sócio-Econômico da UFSC, por onde circulam centenas de alunos dos cursos de Economia, Serviço Social, Administração, Contábeis e até do Direito, duvido que exista alguém mais bem informado do que Abdon. E ele nem aluno é. Atende na lanchonete Assim Assado, que fica na entrada do Centro. Chega todos os dias às 10h e já tem o resumo completos dos fatos que estão na crista da onda mundial. Compreende a política venezuelana, sabe das crises da vida boliviana, conhece os ideais de Bolívar, acompanha todos os acontecimentos na África árabe, sabe das mazelas do continente negro, discute a política nacional, faz críticas à revista Veja (reduto da mentira) e aos meios televisivos. O Abdon sabe tudo.

Não bastasse tudo isso ele ainda é flamenguista. E discute tudo sobre o time, apaixonado e desprovido de qualquer razão, como bem cabe a um fanático torcedor. Com ele não tem tempo ruim. Está sempre alegre e disposto a um bom papo. Ente um salgado, um café, uma torta, ele aprende e ensina. É uma dessas pessoas capazes de tornar o mundo mais bonito.

Todos os dias eu compro meu pão com manteiga e tomo minhas lições diárias com Abdon. Com ele compartilho idéias e risos. Coisa cada dia mais rara de acontecer. Hoje de manhã eu cheguei e perguntei: - E aí Abdon, qual é boa? E ele, abrindo os braços, no seu jeito expansivo: A China vai salvar a Europa. Por essa nem Mao Tsé Tung esperava, não?

E assim é o Abdon, um jornal ambulante. Mas, alto lá. Não é qualquer jornal. É crítico e formador. Coisa rara também!

Caminhar é uma questão vital


Por Rubens Lopes

Caminhar é essencial para a vida. Digo não só no sentido físico, mas também caminhar por um objetivo, um ideal. Assim, para mim tem-se tornado o ato de escrever. Escrever é uma questão vital, como caminhar.

Essa manhã fui caminhar até a praia do Campeche, onde (passados quatro anos) pela primeira vez vi o mar, na companhia do querido Stive Biko, o cachorro da casa, que recebeu seu nome em homenagem ao grande lutador africano. Ali ele também desvirginou os olhos diante do mar, quase que com o mesmo espanto que eu.

E, na praia, vi uma bela imagem, que muito me impressionou, tanto pela luz da manhã como o que ela tinha a dizer. Era um pescador, que usando chapéu de palha, bermud e camiseta, descalço caminhava na praia. A luz do sol refletida pela água lhe deu uma silhueta definida de claro-escuro contra a luz. Fiquei admirado diante daquela imagem cheia de significados. A imagem do homem do mar diante daquela imensidão aparecia apenas como um punctum, toda a beleza da espuma das ondas que chegam até a praia, aquela luz...

E foi isso que me levou a pensar sobre o ato de escrever e o que ele partilha com o caminhar. Ainda não caminhei nem um terço da vida e apenas começo a engatinhar na escrita. Assim, como na minha pequena caminhada, ao escrever às vezes titubeio, caio, me levanto, me machuco e levo comigo as cicatrizes para contar das dores que já vivi. Mas também levo muitas alegrias, memórias de lugares por onde caminhei, imagens, sons, pessoas, sorrisos e até lágrimas comungadas. Tudo isso me ajudou na caminhada e a ter as ideias que tenho.

Agora, continuo a caminhar e a escrever com um objetivo em mente: me tornar um jornalista. Mas, assim como o poeta, acredito que o sentido da caminhada não está nem no início nem no fim, e sim no meio.

A Noite Humana

Por Raul Fitipaldi. - Aos jovens

Em Desterro, 23 horas, as costas doendo, os olhos vermelhos de emoção e cansaço, o pensamento sobrevoa por cima da nossa América do Sul, linda, algo morna hoje, desde a latitude 27 até a Província de Buenos Aires.

Tati de Almeyda, mãe das Madres de Plaza de Mayo, proclamou: “Meu país não sabe de vingança, sabe de justiça”. E sabe de JUSTIÇA! Trás a constante luta do povo argentino e latino-americano, o resultado desejado começa a se desenvolver, a justiça histórica ocupa seu lugar e 12 repressores da ditadura argentina, que seqüestraram, violaram, torturaram e desapareceram estudantes, trabalhadores, homens e mulheres, obtiveram a sentença esperada: cadeia perpétua.

O crime nunca, em nenhum caso deve ser esquecido. Jamais o covarde pode ficar ileso pela sua sanha, pela sua ilegalidade, pela sua imbecilidade de acreditar-se acima dos outros por ter a cumplicidade imunda da classe social e política à qual serve. Jamais deve o violador ser isentado, jamais o torturador deve ficar livre, jamais o vil açougueiro que moeu a carne inocente pode caminhar junto das pessoas comuns, dos cidadãos livres. Jamais o assassino de aluguel, a serviço dos impérios viciados em ódio, pode ocupar o espaço das gentes, nunca quem se serviu da brutalidade pode ter o prêmio da amnésia social. Nem o esquecimento nem o perdão lavarão a alma da democracia. Jamais o esquecimento e o perdão trarão paz, harmonia, lucidez e futuro. Jamais o medo tratará felicidade.

Aos jovens preciso dizer, que estas democracias nas quais foram nascendo, pobres, imperfeitas, precárias, mas, que hoje fazem da América Latina algo bem mais interessante que um Império decadente, que uma Europa doentia e invasora, servil, bajuladora dos Estados Unidos, foram possíveis pelo sangue valente, rico, pacífico, sonhador e humanista de milhares de estudantes, de trabalhadores, de mães, de poetas, artistas, intelectuais que o derramaram a serviço do futuro que se começa a perfilar, algo melhor tal vez, que os da minha geração poderíamos ter sonhado quando o coturno retorcia nossas cabeças contra o asfalto.

É na memória dos nossos irmãos caídos, desparecidos, desses corpos jovens, bonitos, que foram destruídos de forma miserável, jogados desde aviões ao mar, enterrados em lixões, nos fundos de quartéis, em fazendas, calcinados, desaparecidos, que hoje levantamos nossa voz mostrando nossa felicidade, porque o julgamento acontecido umas horas atrás na Argentina, a aprovação pelo Senado brasileiro da Comissão da Verdade sobre as violações cometidas em nosso país desde 1946 a 1988 e a decisão no Uruguai da sua Câmara Alta de acabar com a Lei de Caducidade que impedia julgar aos assassinos da ditadura uruguaia (se aprovada na Câmara Baixa), só trarão paz, unidade e justiça aos nossos povos, e darão um duro golpe na impunidade da qual gozaram os setores dominantes das nossas sociedades, 500 anos exploradas, torturadas e desmembradas.

Os jovens, aos quais se negou a Verdade da História, precisam conhecer e compreender o que aconteceu nos seus países, e o caminho que traçaram os povos marchando incansavelmente durante mais de meio século, para que nunca mais, estes jovens, e os que virão, despareçam por defender seus legítimos direitos. Uma noite destas, na Argentina, no Brasil e no Uruguai abre as portas amorosas da Nova Era que desde o início deste século vive América Latina, com defeitos, muitos, demasiados talvez, mas, em democracia, que no rumo que assumimos, um dia será direta e para todos. Como dizem os ativistas hondurenhos: “a lei já é igual para todos, precisamos que a Justiça também seja”. Juntos, vamos construir os próximos passos. Esta Noite Humana foi um bom começo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Já passamos da fase do descontentamento"

Em entrevista no jornal El Mostrador, do Chile, Camila Vallejo, presidente da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile, mostra o quanto o movimento está forte e consciente do que representa para o país e para toda América Latina. Segundo ela, o que acontece hoje no Chile não é fruto de uma mobilização espontânea, mas sim resultado de um longo processo de luta contra a injustiça e na busca por uma alternativa para o país. “Entendo a luta dos indignados, mas no Chile nós já passamos da fase do descontentamento”, afirmou, ao ser indagada se o movimento estudantil estaria na mesma linha do movimento dos “indignados” europeus.

América Latina na frente!!!!