2019 passou. E o que me sobra é o pasmo. Como sobrevivi? Não sei! Talvez alguma poeira cósmica de energia e de amor, vinda sabe deus de onde.
E agora, é Natal. Penso no meu deusinho, que sempre vem me visitar. Às vezes ele vem menino, outras homem criado, depende da conjuntura. Eu gosto de passar a “noite feliz”, sozinha, esperando por ele, que é o aniversariante. Geralmente conversamos, rimos, dançamos, tomamos Pureza, fazemos coisas de criança, para manter a ternura do advento.
Esse ano, não sei, creio que vamos chorar. Foi um ano duro, no qual tanta maldade se produziu em seu nome. Não que tenha sido muito diferente ao longo dos tempos humanos, mas me choca que aqui, nesse espaço geográfico sempre tão caloroso, a crueldade tenha aparecido assim, com carimbo cristão. Penso que ao menino isso também vá chocar.
Ainda assim seguirei meus rituais de natal com presépio, luzinhas, capim para o burrinho e o sapato na janela. E esperarei Jesus como sempre faço, jesuânica que sou. Sua presença doce haverá de me animar para enfrentar mais esse novo ciclo, que igualmente não será fácil. Vamos conversar pela noite afora, sérios e compenetrados. Tristes. Talvez ele invente alguma graça pra me alegrar, e eu diga algum chiste para ver seu riso. E enquanto a noite adentra, ficaremos abraçados, ouvindo só o som do coração, emponchados na tristeza.
Na madrugada haverá de cair uma estrela e faremos um pedido. Então, sorriremos, cúmplices, porque saberemos que foi o mesmo. O dia de aniversário romperá invencível e trará com ele todas aquelas esperanças que nos movem. O menino irá embora, e eu seguirei trilhando os caminhos dessa vida terrena, até que venha o grande meio-dia. Sempre na estrada do amor, ainda que ele não vença sempre. Sempre na estrada do amor!
Feliz Natal pra toda gente. Força na peruca que esse mundo exige coragem. Vamos em frente, sem esmorecer.