quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Pequenas delícias do centro de Florianópolis

Rua Felipe Shmidt

Edifício Dias Velho

A ilha que hoje é parte de Florianópolis era chamada de Meiembipe pelos povos originários que aqui viviam na época da colonização. Gosto desse nome, melhor do que o que lembra Floriano. E se há um espaço nessa cidade que me toma por inteiro de amor é o centro. Ô lugarzinho pra ser bom, sô. É cheio de encantos e delícias, que se descortinam num rápido passeio pela Felipe ou Conselheiro.

1- Dias Velho

O Dias Velho é um edifício alto, de 12 andares, construído em 1973, época em que o centro passou por um surto de verticalização. Conserva ainda sua escada original, feita de uma pedrinha cinzenta. Fica no coração do centro e ali é uma profusão de pequenas lojinhas que oferecem os mais variados serviços. Ourives, sapateiros, massagistas, advogados, imobiliárias, sindicatos, técnicos, cabeleireiros, residências, enfim... Tudo o que há. O legal é justamente ir subindo os andares e descobrindo as coisas. Vá com tempo e calma. Mesmo nesses dias de janeiros, não há turistas. Só os locais, que sabem o que por ali se esconde. A fachada não aparenta que dentro do prédio exista aquela babel de mais de 200 unidades. É pura delícia andar pelos diversos pisos com olhos de descoberta.

2 – Os informais

Nas calçadas do centro, agora, é possível encontrar os imigrantes que ainda não conseguiram uma colocação em empregos formais, tocarem suas vidas com vendas informais. São senegaleses, haitianos, equatorianos e bolivianos. Vendem as coisas da moda, que viram febre de estação. Agora, no verão, são os shorts. Estão também em frente ao terminal. Frequentemente gosto de comprar alguma coisa de um e de outro, alternando, para poder conversar. Saber das histórias, de onde vêm, como estão se virando. Vendem bermudas, saias, bolsas, tênis e estão sempre com o coração na mão e alma em sobressalto, esperado pelo fiscal. Se perderem as mercadorias estão de novo na lona. Havia tempos que não se encontrava tantos informais nas ruas. Mas, agora, com a crise, a tendência é aumentar. Os comerciantes, sem compaixão, fizeram até uma passeata visando tirar o pessoal do centro. Ainda não conseguiram. Poderiam dar emprego, em vez de enxotar. Eu particularmente gosto daquela confusão de gente, sotaques e coisas.  

3 – Caldo de Cana

Seja no verão ou qualquer outra estação ali estão as barraquinhas do caldo de cana. Uma fica na pracinha no lado da Praça XV, outra em frente ao camelódromo e mais uma dentro do ARS,  outro prédio coalhado de lojinhas. Há alguns carrinhos espalhados pela Conselheiro também. Seja onde for que bater a vontade, tem um. É só chegar. Os preços vão de um real até quatro. Barato e gostoso. Impossível andar pelo centro e não se deliciar com um.  

Mesmo num dia de calor intenso, quando todos estão na praia, o centro ainda é o melhor lugar do mundo.


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