Rua Felipe Shmidt
Edifício Dias Velho
A ilha que hoje é parte de Florianópolis era chamada de
Meiembipe pelos povos originários que aqui viviam na época da colonização.
Gosto desse nome, melhor do que o que lembra Floriano. E se há um espaço nessa
cidade que me toma por inteiro de amor é o centro. Ô lugarzinho pra ser bom,
sô. É cheio de encantos e delícias, que se descortinam num rápido passeio pela
Felipe ou Conselheiro.
1- Dias Velho
O Dias Velho é um edifício alto, de 12 andares, construído
em 1973, época em que o centro passou por um surto de verticalização. Conserva
ainda sua escada original, feita de uma pedrinha cinzenta. Fica no coração do
centro e ali é uma profusão de pequenas lojinhas que oferecem os mais variados
serviços. Ourives, sapateiros, massagistas, advogados, imobiliárias,
sindicatos, técnicos, cabeleireiros, residências, enfim... Tudo o que há. O
legal é justamente ir subindo os andares e descobrindo as coisas. Vá com tempo
e calma. Mesmo nesses dias de janeiros, não há turistas. Só os locais, que
sabem o que por ali se esconde. A fachada não aparenta que dentro do prédio
exista aquela babel de mais de 200 unidades. É pura delícia andar pelos
diversos pisos com olhos de descoberta.
2 – Os informais
Nas calçadas do centro, agora, é possível encontrar os
imigrantes que ainda não conseguiram uma colocação em empregos formais, tocarem
suas vidas com vendas informais. São senegaleses, haitianos, equatorianos e
bolivianos. Vendem as coisas da moda, que viram febre de estação. Agora, no
verão, são os shorts. Estão também em frente ao terminal. Frequentemente gosto
de comprar alguma coisa de um e de outro, alternando, para poder conversar. Saber
das histórias, de onde vêm, como estão se virando. Vendem bermudas, saias,
bolsas, tênis e estão sempre com o coração na mão e alma em sobressalto,
esperado pelo fiscal. Se perderem as mercadorias estão de novo na lona. Havia
tempos que não se encontrava tantos informais nas ruas. Mas, agora, com a
crise, a tendência é aumentar. Os comerciantes, sem compaixão, fizeram até uma
passeata visando tirar o pessoal do centro. Ainda não conseguiram. Poderiam dar
emprego, em vez de enxotar. Eu particularmente gosto daquela confusão de gente,
sotaques e coisas.
3 – Caldo de Cana
Seja no verão ou qualquer outra estação ali estão as
barraquinhas do caldo de cana. Uma fica na pracinha no lado da Praça XV, outra
em frente ao camelódromo e mais uma dentro do ARS, outro prédio coalhado de lojinhas. Há alguns
carrinhos espalhados pela Conselheiro também. Seja onde for que bater a
vontade, tem um. É só chegar. Os preços vão de um real até quatro. Barato e
gostoso. Impossível andar pelo centro e não se deliciar com um.
Mesmo num dia de calor intenso, quando todos estão na praia,
o centro ainda é o melhor lugar do mundo.
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