sexta-feira, 5 de maio de 2023

Homenagem aos vivos - Nelson Rolim de Moura








Ele é uma dessas pessoas a quem a cidade e o Estado de Santa Catarina devem muito. Porque ao longo de sua vida dedicou-se a recolher e publicar gente daqui. Escritores, poetas, estudiosos, pesquisadores. Também escolheu publicar livros que não se prestam a grandes vendas, mas que são e serão imprescindíveis para a compreensão da realidade brasileira. É um sonhador, mas um sonhador que realiza. Falo de Nelson Rolim de Moura, diretor da Editora Insular. 

Nascido numa região de latifúndio, no Rio Grande do Sul, ele decidiu fincar raízes na capital catarina. Militante estudantil, lutador social, jornalista, escritor, Rolim arriscou tudo quando decidiu fundar a editora em 1994, ano em que entrava em vigor o Mercosul. E, o primeiro livro da Insular tratava desse tema, mas não da economia ou da política. Era sobre cultura. Rolim na contramão do capital, na direção certa da vida. 

Desde aí a Insular foi crescendo, com ele carregando seus livros por todos os eventos e cantos. Construía essa ideia na força do braço. Hoje, aos 72 anos, ele ainda deixa escapar o mesmo brilho nos olhos que tinha quando começou a sonhar com um Brasil livre e é capaz de contagiar todos a sua volta, com seu entusiasmo. “Não estou nisso por dinheiro. Quero é fazer circular a palavra”. Agora, quando a editora completa 29 anos de existência e já é uma referência em nível nacional, ele até poderia descansar. Mas, qual o quê. É como um menino serelepe carregado de novos sonhos. 

Seu projeto é escrever 38 livros, nos quais vai contar a história de todos os jornalistas que foram torturados e mortos pela ditadura de 1964. A história dos esquecidos. É nisso que está, debruçado sobre arquivos de todo tipo, fuçando a história. O Nelsinho é um dínamo, um bólide, um supersônico imparável que avança sem medo e com extremada alegria, a despeito de todas as agruras que passa nesse difícil ramo do livro. Nelsinho tem a pureza dos seus olhos claros, e tem a inquebrantável esperança de que é nas páginas dos livros que vamos encontrar importantes respostas. 

Por isso edita e publica e distribui. Hoje ele foi ao Iela e inundou o dia com sua imensidão, entre gestos largos e discursos inflamados. Pude registrar esse pequeno ensaio, o qual reverbera essa energia e esse amor pela vida. Obrigada Nelsinho Rolim, por tudo que fazes e por ser quem és. Eu te tenho muito amor, te homenageio e te honro.



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