Conheci o Pedro numa das Jornadas Bolivarianas no Iela, em 2006. Jornalista da velha cepa, daqueles que sabem farejar uma boa pauta, seja onde for que estiver. Lembro-me dele, numa das mesas, dando conferência bem compenetrado, mas quando o outro convidado começou a falar coisas sobre Cuba ele imediatamente sacou do bolso o gravador – extensão do seu corpo - e registrou a fala. Aquilo era notícia. Óbvio que me tomei de amores. Desde aí ele tem sido nossos olhos e nosso coração em Cuba.
Nascido num fevereiro de 1937, na bela Santa Clara, ele é filho de poeta, o mesmo que lhe apontou o amor pelo jornalismo, pelo rádio e por Cuba. De família pobre, começou a sua vida de trabalhador muito cedo. Aos 12 anos já tinha emprego, bem como os outros quatro irmãos, ajudando no sustento da casa. Com 16 anos já estava na escola do Comércio, seguia trabalhando, e ainda encontrava tempo para a militância anti-Batista editando jornais mimeografados contra o ditador. Não demorou muito e lá estava ele no Movimento 26 de Julho.
Quando a revolução se fez vitoriosa ele estava na Universidade e já no primeiro ano largou tudo para ajudar o novo governo, indo trabalhar no Ministério de Relações Exteriores como diplomata, exercendo funções no Equador e no Chile onde também continuou fazendo jornalismo, sua paixão. De volta à Cuba em 1964 ele funda a revista OCLAE, ligada a organização dos estudantes, atua nos órgãos da Juventude Rebelde e na Prensa Latina. Desde aí não larga mais a caneta nem o microfone. Seu destino seria o de narrar a vida.
Em 1973 chega à Rádio Havana, onde está até os dias de hoje, incansável, na sua missão de informar. Ali já cumpriu praticamente todas as funções, além das coberturas jornalísticas nacionais e internacionais. Não bastasse isso ainda seguiu para Angola nos anos 80, quando ajudou na luta sendo formador de jornalistas em Luanda. De volta a Cuba seguiu sua saga de formador, como professor titular da Universidade de Habana, mas sem nunca largar o microfone.
O Pedro é um desses seres gigantes que, na sua humildade de revolucionário cubano, atua silenciosamente e sem parada. Hoje, com mais de 80 anos, segue sua rotina de “reportero” e dirigente da Rádio Habana. Já recebeu todos os Prêmios possíveis, e segue com seu riso fácil e sua absurda capacidade de doação à revolução cubana e à revolução mundial.
Alto, magro, elegante, ele é uma mistura adorável de ternura, alegria e capacidade de trabalho. Ele é repórter com letras maiúsculas. Ele é jornalista, narrador. Mas, mais que tudo, ele é um cubano repleto de amor pela sua gente e pela sua revolução. A ele faço reverência e registro meu mais profundo amor. Ficará marcado para sempre na minha memória nossas alegres caminhadas no Centro de Florianópolis, com o equatoriano Fernando Sarango, nos encantando com as bugigangas do Mercado Público, do mesmo jeito que nos encantamos nos mercados de rua de Quito. Compartilhamos, cúmplices, desse mesmo amor pelas coisas simples, populares.
Amo-te Pedro Martínez e agradeço aos deuses por esse encontro. Viga longa, meu amigo querido, a ti e a Cuba revolucionária.
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