Há mais de mil dias vivemos a mesma cena. Quando o relógio bate as sete da noite eu apareço com o remédio e o copo de água.
- Oi querido. Tá na hora de tomar o remédio.
Ele me olha com os olhos arregalados, na maior surpresa:
- Reméeedio? Que remédio?
- Sim, broto, o remédio da pressão. Tem que tomar agorinha.
- Ah... Então, tá.
Aí ele estende a mão, confiante, e bota o remédio na boca, engolindo logo em seguida com um pouquinho de água. E, sem mais delongas, volta a fazer o que estava fazendo, esquecido de mim. Na noite seguinte, se surpreenderá outra vez.
- Reméeedio? Que remédio?
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