domingo, 12 de fevereiro de 2017

Das esperanças



Sim, acredito na possibilidade dessa coisa que tanta gente abomina: o comunismo. Um modo de vida sem estado, sem classes, sem preconceitos de etnia, religião ou orientação sexual, no qual ninguém explora ninguém, onde não há medo e a riqueza gerada coletivamente é repartida conforme a necessidade. Ah... o mundo perfeito! Sei que é difícil chegar lá, mas vou caminhando nessa trilha, tropeçando aqui e acolá.

Sempre há quem diga: isso é loucura. Esse mundo nunca virá. Eu escuto e sorrio. Não acredito nessas pessoas, porque vejo coisas no mundo que me dão sinais, bons sinais. “O mundo só tem gente ruim”, insistem. “Veja o que fizeram na segunda guerra com os judeus”. É, um povo inteiro seguindo um louco. 
Gritando com o braço erguido, aplaudindo a morte de milhões nas câmaras de gás. Mas ai eu penso naqueles que arriscaram tudo para salvar um vizinho, nos que escondiam judeus ou que trilhavam com eles caminhos de fuga. 

Penso nessas pessoas que ajudam os fugitivos de guerra a fugir, ou naquele francês que carrega os imigrantes pela fronteira. Penso nessas mulheres incríveis que andam por aí salvado bichos de rua ou animais abandonados. Ou nos que andam pelas noites perigosas para levar uma sopa aos que não tem um canto onde descansar a cabeça.

Penso nos companheiros e companheiras que ofereceram o peito à bala na luta contra a ditadura, nos que perderam tudo por ter ajudado um comunista nos tempos sombrios. Ou as mães da praça de maio a rodar buscando os filhos, enfrentando os generais.

Penso nos que, no cotidiano da vida comum, nas cidadezinhas e aldeias, estão sempre dispostos a matar a fome de alguém, a fazer algo grandioso, sem nenhum holofote. Penso na juventude que ocupou escolas e na que se organiza em partidos de esquerda ou movimentos populares.

Ah, para cada fascista tem uma multidão. Pessoas que, ás vezes, nem sabem o que vem a ser esse tal de comunismo, e na sua estrada andam, por carregarem tanto amor.

Hoje, quando o dia amanhecia e eu via o meu pai tomar seu café da manhã, vi o celular tocar. Era uma amiga me dizendo para ver uma postagem no facebook. Um cara, em Vitória, capital do Espírito Santo, onde se vive um momento de medo e terror, andando com seu carro pela noite da cidade. Um alto-falante tocando a música de John Lenon, “Imagine”, e um canhão de luz jogando sobre casas e prédios uma mensagem singela: “sem medo”.

Vendo isso, como não se encantar? Como não acreditar? Das janelas as pessoas gritavam, acenavam. “Tu não tem ideia do efeito positivo que aquilo deu na nossa alma”, disse uma moradora, que filmou a cena da janela. E, como um vírus, as pessoas ficaram esperando que ele passasse na rua delas, para se encherem de esperança. E na sua página começaram a chover pedidos: "passa aqui".

O nome desse cara é Rike Soares e ele mexe com a paz. Com a arte, com a beleza. Trabalha com eventos e fez o que fez num impulso de amor.

Não sei quem ele é , não sei que posições políticas compartilha. Não sei. Mas o que eu sei é que coisas como essa que ele fez são as que fazem a diferença. Ele pode até nem ser comunista, mas que sua alma anda por essa estrada é de certeza.

Sei lá, mas tem gente legal nesse mundão de deus... Ah, tem...

Veja o vídeo de suas andanças... 




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