Ouvindo os programas eleitorais dos candidatos Angela e Gean
a gente pode notar o quanto, de repente, os problemas que tomam conta da nossa
vida cotidiana são falados e o quanto de promessas são feitas para resolvê-los. Os
postos de saúde que não tem médico, terão. Os postos que não têm remédio,
terão. As filas de madrugada para garantir ficha, acabarão. A mobilidade urbana
ficará perfeita. Haverá mais horário de
ônibus, faixas exclusivas, elevados, novos terminais de integração. Os que não
têm casa, terão. Os que não têm segurança, terão.
Ou seja, todas as promessas de campanha são consolidadas em
cima dos empobrecidos, dos trabalhadores, dos que realmente produzem a riqueza
na cidade.
Mas, os candidatos não dizem uma palavra sobre o que eles
realmente farão. Como são financiados por grupos de interesse, as propostas que
realmente serão executadas serão aquelas que dizem respeito às demandas e
anseios da classe rica, a qual de fato representam. Alterações de zoneamento
para construção em lugar irregular, licenças ambientais para construtoras em
áreas de proteção, grandes empreendimentos para melhorar o lazer dos mais
ricos, construção de grandes hotéis para incrementar o turismo predador,
alinhamento com os empresários do transporte. Sobre isso, nenhuma linha.
No geral, passa ano, sai ano, e as demandas da maioria por
transporte, saúde, segurança, lazer e educação não são levadas em conta. Basta
pesquisar as propostas dos candidatos vencedores nos últimos tempos. Sempre as
mesmas, porque os problemas não se resolvem. Mas, afinal, é justamente isso que
faz com que eles, elas ou seus iguais possam voltar e ganhar em cima de
promessas sobre os mesmos velhos entraves da nossa vida.
É de chorar...
Só que chorar não resolve. Há que ter informação e pensamento
crítico para observar a realidade, desvendar o engano que se esconde pro trás
das notícias de jornal e das propagandas dos partidos. E, a partir daí, lutar
para mudar as coisas.
Com os candidatos que temos hoje, para decidir domingo,
passaremos mais quatro anos amargando as dores no transporte, na saúde, na
educação, na segurança, na cultura, ganhe quem ganhe. Nenhuma mudança no
horizonte. Como é possível que as
pessoas não se deem conta disso? Afinal, Angela já foi prefeita e deixou essa
triste herança do transporte desintegrado, que nos mata noturnamente. E Gean
ocupou cargos públicos importantes em governos passados, sem melhorar de fato a
vida da maioria.
Hoje temos tantas fontes de informação além da RBS ou do
Diário Catarinense. É preciso que a gente escape dessas armadilhas ideológicas
e comece a ver quem, de fato, se importa com essa cidade e com sua gente. Não
precisamos de paizinhos ou mãezinhas para cuidar de nós. Podemos, juntos,
cuidar de nós mesmos, construindo a cidade que seja nossa de fato. Mas, para
isso é preciso se comprometer, atuar na cidade, lutar, reivindicar, participar
das batalhas travadas na Câmara ou junto á prefeitura. Comprometer-se é difícil
e implica em dispender tempo para isso. Talvez, seja o que afaste tanta gente.
Mas, sem luta, nada acontece.
Valamideuzi, eu acredito!!!
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