A Universidade federal de Santa Catarina recebe
mais de 400 jovens de assentamentos e acampamentos do MST para um trabalho de
formação na área de Comunicação e Arte, setores que o movimento sempre
considerou altamente estratégicos.
A atividade se plasma no Seminário Regional da
Juventude, organizado pelo Projeto de Extensão
“De olho na terra”, coordenado pelo Laboratório de Educação do Campo e
Estudos de Reforma Agrária, do CCA/UFSC.
Quatro dias de intensos debates e oficinas para
analisar a conjuntura brasileira, pensar a comunicação dentro desse cenário e
apontar caminhos para o futuro.
Para o MST sempre foi fundamental pensar a mística,
a estética, a cultura, as manifestações artísticas, a forma eficaz de passar
informação e o processo de formação através da comunicação. Basta só olhar para
a maneira como organizam seus eventos. Tudo está interligado. A forma e o
conteúdo. Não é sem razão que esse movimento nascido nos anos 80 se mantenha
forte e atuante, apesar dos erros e retrocessos.
Nessa semana, participando das atividades com os
jovens, percebe-se que está aí mais uma geração de gente lutadora, os filhos
dos acampados e os novos acampados, dispostos a avançar cada dia mais na
construção de uma reforma agrária que ainda não se cumpriu.
Conversamos com eles sobre a necessidade de ultrapassarmos
a proposta da democratização desse sistema comunicacional que está aí, que é manipulador
e mentirosos, e avançar para a soberania comunicacional, que significa não
apenas produzir uma comunicação livre, mas a luta pela apropriação dos meios
massivos de comunicação.
Na mesa, eu e o jornalista Raul Fitipaldi, pudemos
sentir a vibração vinda da plateia, formada por uma geração que também quer
lutar e transformar o mundo. Para eles, já consolidados na proposta de ocupar, resistir
e produzir na terra, ficou fácil entender que a comunicação no Brasil também é
um latifúndio produtor de ideologia, e que também esse campo precisa ser
ocupado para que floresça a informação livre, formativa e produtora de
conhecimento.
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