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Vitor, presente!
Na imensidão da Biblioteca Universitária, se destacam, bem à entrada, duas mesas de exposição. São como uma ferida aberta no grande saguão ainda um pouco vazio, por conta das férias escolares. Ali, gritam figurinhas de animais, flechas, arcos, cestos e livros que falam da cultura indígena do estado de Santa Catarina. Os bichinhos, entalhados em madeira, representam a meninice e a brincadeira das crianças Guarani, Kaingang e Xokleng Laklãnõ, as três etnias que sobrevivem no estado.
No trabalho de tecer as ramas para o cesto, entalhar a madeira ou fabricar as flechas fica muito claro a relação que os povos originários, desde a mais tenra infância, mantêm com a natureza. A cultura brota da mata, num intercâmbio respeitoso e cúmplice com a natureza. São essas peças que representam de maneira muito profunda cada etnia e que os indígenas procuram vender para garantir o sustento das famílias, uma vez que, muitas vezes, sequer têm suas terras demarcadas, o que dificulta tremendamente qualquer possibilidade de subsistência dentro das aldeias. É, então, o artesanato que eles levam para as cidades, na tentativa de garantir o bem-viver.
Foi numa viagem assim que Vitor Pinto perdeu a vida. A família saiu de Chapecó (no oeste do estado) para o litoral, para aproveitar a presença dos turistas. E, como sempre acontece, não há qualquer estrutura para receber essas famílias. Elas vêm por conta e acabam se abrigando onde é possível. Naquele dezembro de 2015, a família de Vitor ficou na rodoviária e foi ali, na calçada, enquanto comia no colo da mãe, que o garotinho foi assassinado. Um crime tão vil que ainda não cabe na compreensão.
O assassino é um jovem de 23 anos, com uma triste história de abandono e exclusão, que já está preso. Mas, a prisão não traz Vitor de volta e muito menos abranda a dor causada pela perplexidade de uma morte sem razão. Assim, passados 30 dias daquele terror (o assassinato foi no dia 30 de dezembro), a singela homenagem desse grupo de Florianópolis à memória do pequeno kaingang procura marcar a necessidade do reconhecimento das terras indígenas para que as gentes originárias possam viver na dignidade.
A exposição foi montada pelo Museu do Brinquedo da Ilha, que funciona na Biblioteca da UFSC, a partir de uma articulação envolvendo pessoas e movimentos que atuam na causa indígena. A organização do acervo ficou a cargo de Viviane Vasconcelos, Telma Piacentini e Gleide Bitencourt Ordováz. O material pode ser visitado até o final de fevereiro.
Venha visitar e render homenagem Vitor .
* Horário da Exposição
Horário de Verão da BU/UFSC
Das 07:30 às 13:30 h de segunda à sexta até 26/02/16
Sábado e domingo fechado
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