segunda-feira, 27 de julho de 2015

Seguem as greves no funcionalismo público




Estive na última sexta-feira, em dia de muita chuva, na assembleia dos trabalhadores da previdência. O encontro foi embaixo de uma lona, em frente ao prédio central da Previdência, próximo à catedral. Convidada que fui para fazer uma análise de conjuntura, não pude deixar de arrepiar ao ver a disposição dos trabalhadores em discutir sobre a realidade nacional. Gritos, palmas, palavras de ordem. Um frisson de alegria, entusiasmo e esperança na luta. Coisa difícil de encontrar em muitas categorias de trabalhadores atualmente. Caso semelhante, nos últimos tempos, só a greve dos trabalhadores da prefeitura, que mobilizou de maneira belíssima mais de seis mil pessoas na rua. 

Na assembleia, o tempo de discussão da conjuntura foi de 30 minutos, contando ainda com outras avaliações de companheiros de outras categorias que foram levar seus informes e também outros olhares sobre a realidade nacional. Categoria atenta e sedenta de informação. 

As greves no funcionalismo público crescem em todo o país, mas ainda são movimentos isolados, cada um no seu quadrado. A tão sonhada unificação é estrada dura, difícil de ser palmilhada. E tem um certo sentido essa dificuldade de unir. O governo sempre joga na desagregação, chamando as categorias em separado, oferecendo saídas particulares. E, no mais das vezes, o que começa unificado, vai se esgarçando, fruto das saídas de greve, de uma ou outra categoria que consegue avançar mais nas suas pautas específicas.

Um sinal de maturidade das lideranças seria o de compreender que as negociações de pauta específica são naturais e não deveriam servir de desculpa para a não-unificação das lutas. Existe uma pauta que unifica todo mundo: melhoria salarial e a manutenção da qualidade do serviço público. Isso, por si só, já seria motivo mais do que suficiente para que todas as categorias de trabalhadores públicos se juntassem numa grande mobilização nacional. 

O governo já mostrou que jogará bem duro com os trabalhadores. Em duas reuniões que realizou com as representações das categorias em greve insiste no reajuste escalonado em quatro anos, bem abaixo da inflação. Uma proposta inaceitável. Tampouco está disposto a rever, dentro das pautas específicas, qualquer coisa que gere demanda financeira. Quando muito está propondo um aumento insignificante nos auxílios, deixando de fora os aposentados, como sempre. 

Por conta disso não deixa saída aos trabalhadores que não o fortalecimento da luta. A Federação dos Sindicatos das Universidades Federais (Fasubra) está chamando uma caravana para os dias 05 e 06 de agosto, e convoca as demais categorias para unificar nesse ato. A proposta é dar visibilidade à greve em nível nacional e pressionar ainda mais o governo para que avance nas negociações. Afinal, até agora, nada de positivo saiu das mesas de conversa, nem a mesa geral, nem a específica. No caso da educação, na última reunião com a FASUBRA, houve a fala de que o governo poderia pensar em baixar uma portaria garantindo as 30 horas, mas não para todos, em setores específicos. A proposta ficou no ar, sem especificação, por isso ainda há muito que caminhar.

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