Os jornalistas de Santa Catarina começaram a se organizar em associação de classe no ano de 1953, com a criação da Associação dos Jornalistas Profissionais. Dois anos depois já tinham a carta sindical que foi publicada em 13 de maio. Foi quando a associação virou Sindicato e desde então muitas foram as batalhas travadas em nome de melhores condições de trabalho, salário digno, registro profissional, respeito pela profissão. Grandes campanhas de valorização da profissão foram feitas por importantes jornalistas locais como Antunes Severo e Adolfo Zigueli.
No final dos anos 60 é o SJSC que começa uma campanha para a criação do Curso de Jornalismo na recém-criada Universidade Federal de Santa Catarina. Essa é uma mobilização que só vai dar fruto em 1979, quando, finalmente, é criado o curso na UFSC. Esse foi um período difícil e turbulento, por conta do regime militar, mas muitos profissionais jornalistas se destacaram na luta pelas liberdades civis. Por outro lado, as direções que se sucediam atuavam de modo conservador, silenciadas diante da ditadura.
O ano de 1987 foi um marco para os jornalistas, pois a direção da entidade é finalmente conquistada pelo grupo de oposição, o MOS (Movimento de Oposição Sindical), formado por uma nova geração de profissionais que dá outra direção às lutas da categoria, bem mais ligadas às demandas reais dos trabalhadores e com um perfil político de esquerda. Foi um período histórico para os jornalistas, com grandes lutas, grandes mobilizações e debates. Como em todo o país, também os jornalistas participavam da rica ascensão da cultura democrática.
Com o passar dos anos, a comunicação em Santa Catarina foi se transformando. O grupo RBS chegou e foi esticando seus tentáculos na construção de um oligopólio. E, aí, também a vida dos jornalistas mudou. O poder da empresa gaúcha foi mexendo na vida, transformando o mercado de trabalho num espaço único. Com o fim do jornal O Estado, e a compra do Jornal de Santa Catarina (Blumenau) e do A Notícia (Joinville), a RBS abocanhou os mais importantes locais de produção do jornalismo. No começo as lutas foram grandes, mas com o tempo amainaram. A categoria, sufocada entre o medo e a indiferença, perdeu força.
Hoje, outra geração vai assumindo o leme do sindicato. Diante dos novos tempos, de domesticação de boa parte do movimento sindical, o SJSC também participa da corrente. Com a apatia da base – esgotada pela multifunção e a superexploração do trabalho – o sindicato luta para manter viva a chama da luta. Muita coisa há para fazer. Reorganizar os jornalistas, inspirar consciência de classe, lutar contra o oligopólio, batalhas pelas demandas maiores como a regulação da mídia. Um universo de lutas que precisam também da ação dos jornalistas.
O sindicato ainda é um importante instrumento de luta. Com ele pode ser difícil, às vezes, mas sem ele seria muito pior. A organização dos trabalhadores é a única forma que se tem para enfrentar a voracidade dos patrões. E um sindicato é mais que a direção. Ele precisa ser força viva, com participação real dos filiados. Sem isso, pouco se pode fazer.
Nosso SJSC fez 60 anos, tem uma linda história e ainda novas páginas em branco para preencher. Parabéns a todos que contribuíram na construção dessa ferramenta de luta. Foi bonito de ver, os colegas do passado – mesmo os conservadores que ainda hoje servem à classe dominante – e os do presente, buscando encontrar formas de melhorar a vida dos trabalhadores jornalistas. Há, na categoria, os que sabem que a luta não é apenas corporativa, ela passa também pela construção de outro modo de organizar a vida, não só para os jornalistas, mas para toda a gente. E é com esses que a gente procura caminhar.
De qualquer sorte, a homenagem da Assembleia juntou todo mundo, adversários, divergentes, amigos, enfim. O SJSC bem maior que todos nós. Longa vida e próspera. Que venha cheia de luta e de beleza.
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