Na conservadora cidade de Florianópolis, os trabalhadores se manifestaram nessa sexta-feira, 13. Desde o início da tarde já foram chegando à frente da catedral, espaço histórico de luta, na Praça XV. Não foram poucos os que lembraram a “novembrada”, quando, naquele mesmo lugar, os estudantes, em plena ditadura, colocaram o presidente João Figueiredo para correr. Vieram aqueles que, na verdade, sempre estiveram nas ruas, em atividades e protestos. Os sindicalistas, acostumados às lutas corporativas, os trabalhadores sem-terra, sempre na batalha por reforma agrária, os trabalhadores do transporte, que inclusive estão numa luta intensa de proteção da vida dos motoristas de ônibus estaduais e dos passageiros, denunciando as condições desumanas de trabalho. Vieram os funcionários públicos, igualmente acostumados a peleias contra a privatização, por melhores salários e condições de trabalho. Vieram operários, comerciários, trabalhadores informais. Cada grupo trazia sua pauta.
A manifestação deste dia 13 tinha reivindicações claras: a defesa da Petrobras pública, contra a retirada de direitos, contra a política de arrocho, por uma Constituinte soberana e também pela defesa do processo democrático. Vieram os que defendem o governo Dilma e denunciam o golpe, e vieram os que criticam o governo, mas não aceitam os argumentos da oposição para um impedimento. A pauta unificadora estava colada aos interesses dos trabalhadores.
A marcha não apresentou maiores novidades na sua composição. Velhos militantes de lutas pretéritas, e uma juventude ligada ao PT e PC do B. Só não vieram os militantes do PSOL, PCB e PSTU – sempre uma força importante na luta dos trabalhadores - que declararam não apoiar qualquer das marchas, evitando assim se contaminar com o governismo e com o golpismo.
Durante a caminhada, que percorreu o centro da cidade, também nenhuma novidade na reação de quem saiu para ver a rua avermelhada pelas camisetas dos manifestantes. Pessoas xingando o MST, mandando que fossem trabalhar, um que outro xingando a presidente Dilma e a maioria observando em silêncio. Muitos tirando fotos com seus celulares.
A manifestação seguiu tranquila até a frente do terminal onde aconteceram falas, explicando para a população as pautas dos trabalhadores e terminou no Terminal Rita Maria, de ônibus interestaduais e intermunicipais, onde foi feito um protesto pelas más condições de trabalho dos motoristas. Só a empresa Reunidas já teve quatro ônibus tombados nesse ano, por conta do excesso de trabalho dos funcionários.
Participou da marcha um representante do sindicato dos trabalhadores da Petrobras, que contou para a população sobre a situação da empresa e afirmou que os trabalhadores sempre denunciaram a corrupção que havia na empresa desde os tempos passados, mas que as investigações nunca avançaram. “Agora, tudo é investigado e os ladrões estão sendo presos”. Lembrou que a Petrobras é uma empresa que investe mais de 300 milhões por dia no Brasil e gera mais de um milhão e 500 mil empregos diretos e indiretos, participando de 13% de toda a riqueza nacional. “Antes era só 3% a participação na riqueza, uma empresa que estava sendo sucateada, sendo entregue às multinacionais. Agora, é isso que está em jogo, a riqueza. E é isso que temos de defender.”
A mobilização terminou com os trabalhadores cientes das grandes lutas que precisam ser travadas, seja quem seja o governo. Sobre o dia 15 os trabalhadores sabem que é uma marcha chamada pelos empresários, pelos grandes meios de comunicação. Nessa não haverá policiais com cães, nem outros fotografando em cima dos prédios, nem xingamentos de “vão trabalhar”. Possivelmente devem participar também trabalhadores, defendendo a abstrata pauta de “contra a corrupção”, afinal, não há ninguém no mundo que seja favorável a isso. Será a marcha do “fora Dilma”, do “impedimento”, legítima também, dentro da luta dos interesses da pequena burguesia, de parte da classe média e da oligarquia dominante.
É a luta de classe, se fazendo concreta.
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