Foto: internet
A vida do trabalhador é uma desgraceira. Não bastasse ser
explorado pelos patrões dia, noite e até quando pensa descansar vendo
televisão, ainda tem de pagar por todas as merdas que os que governam fazem. É
o que acontece hoje na capital dos catarinenses. O fim de tarde foi de completo
terror no terminal do centro. Por conta dos ataques que o crime organizado vem
realizando desde há dias, os trabalhadores do transporte coletivo decidiram
encerrar as atividades às oito horas da noite. Quem sai do trabalho as seis já
vem para o terminal na maior correia. As filas que se formam são imensas e os
empresários, com medo que queimem os ônibus novos, colocam só as carroças para
rodar.
Seis e cinco e a confusão era geral no terminal. Ninguém
mais sabia onde começavam e onde terminavam as filas. Rostos tensos, coração
aos saltos. Poucas horas antes um ônibus tinha sido incendiado no Saco dos
Limões, diziam os fiscais. E nada de horários especiais. Os ônibus estavam saindo
nos horários normais como se tudo estivesse em ordem.
A confusão cresceu quando por volta das seis e meia os próprios
fiscais começaram a gritar, dizendo para as pessoas entrarem nos ônibus porque
aquele poderia ser o ùltimo. “O sindicato vai fechar o terminal do Rio Tavares”,
diziam, e as pessoas, apavoradas, com medo de ficar no centro, corriam para
dentro do ônibus, se empurrando e se acotovelando. Os carros saiam com gente
saltando pelo ladrão.
Eu estava na fila esperando chegar na ponta, para ir sentada,
e já tinham passado seis ônibus. Os caras sempre com a mesma conversa de que
era o último. Eu fique doida com aquele
papo de que era o sindicato que estava fechando o terminal, porque já tinha
gente na fila xingando os trabalhadores. Comecei a gritar com os fiscais,
dizendo que aquilo que eles estavam fazendo era criminoso. Em vez de agilizar a
coisa e acalmar a população, eles estava tocando o terror e ainda colocando a
culpa no sindicato. Porra, a culpa é do governador do estado que parece que não estar nem aí para o que acontece. “Ah é.. então tu quer morrer queimada”,
retrucou o fiscal, continuando com a algaravia de que era o último ônibus. Eu
continuei gritando que se a gente estava vivendo aquele horror era por culpa do
governo que promovia a violência nos presídios e agora deixava o povo a ver
navios. Nada, olhares de ódio.
Quando finalmente entrei no ônibus, alucinada com tudo
aquilo, ainda tive de vir escutando aqueles comentários grotescos de exigência
de mais violência contra a violência. De matar. A chuva caindo, o ônibus lotado, as pessoas em
confusão. Tudo porque o fiscal anunciara que o terminal do Rio Tavares fecharia
às sete e meia.
Como quem tem carro foi trabalhar com ele, o trânsito estava
um caos, agravado pela chuva. Demoramos mais de uma hora para chegar ao Rio
Tavares. Lá, a balbúrdia estava formada porque os ônibus, de fato, já tinham
parado. Única saída era seguir “na bota”, andando. Para quem mora mais perto a
coisa não é tão ruim, mas e o povo da Caiera, do Ribeirão, da Tapera¿ Absurdo
total. A cidade de Florianópolis está há dias refém do crime organizado. A
polícia está tonta. O governador diz que na quarta-feira vai chegar reforço
federal. Reforço do quê¿ Ninguém sabe.
As pessoas, andando pela estrada afora, cabeças baixas,
corpo curvado, levarão horas para chegar à casa. Molhadas, cansadas, humilhadas.
Amanhã, levantarão cedo e irão para o trabalho. Santa desgraça, Batman... Por que
será que a gente não se revolta contra quem realmente merece¿¿¿¿¿
Um comentário:
Elaine, enquanto o crime está organizado, o governo Colombo é uma desorganização total. Quem mandou a população Ressuscitar o Jorge Bornhausen....
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