A rede Globo, dizem as boas
línguas, entra na casa de 180 milhões de brasileiros. É quase a totalidade das
gentes. E o programa Fantástico, nas noites de domingo também tem uma audiência
cativa, de quase 70% destes 180 milhões. Não é pouca coisa. E, invariavelmente,
como é comum na Globo, as informações são manipuladas, quando não mentirosas
mesmo.
Foi o que vimos nessa noite de
domingo do primeiro dia de julho. A reportagem da Globo realizou uma extensa
matéria sobre os Hospitais Universitários. Pura ideologia e manipulação. A
proposta era mostrar o caos na saúde pública, o que é muito louvável. E
principalmente a situação dos Hospitais Universitários, que são referência em
nível nacional em praticamente todos os estados onde existem. Isso também é
fato, há uma precariedade e falta de funcionários. Há demora no atendimento e
até mau atendimento. Até aí, tudo certo.
Depois de expor todos os
problemas, o Fantástico mostra os protestos de alunos de medicina em alguns
estados, exigindo melhorias. Também mostra as imagens feitas pelos alunos,
denunciando o péssimo estado de alguns HUs. E, finalmente, para fechar , mostra
a entrevista do presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares,
dizendo que, agora, com essa nova empresa, as coisas vão mudar e os hospitais
universitários voltarão a ter condições de atendimento, bons profissionais e
serviço de qualidade.
Isso foi o que a maioria do povo
brasileiro ficou sabendo: os hospitais são um horror, tá todo mundo indignado
com isso, mas o governo, através dessa nova empresa, vai ajeitar tudo. As
coisas ficarão bem. Certamente as famílias que se utilizam dos hospitais
universitários – e não são poucas – suspiraram aliviadas. Que bom.
E é aí que está o engano, a mentira e
a manipulação. Vamos aos fatos: É verdade que os hospitais universitários estão
sucateados. Vivem há anos mendigando verbas, que não são liberadas. Também
passaram mais de uma década sem contratação de novos funcionários e muitos
deles acabaram terceirizando serviços, o que serviu para piorar ainda a
situação. As contratações novas que aconteceram no governo Lula não foram
suficientes para suprir tantos anos de esquecimento e segue havendo um déficit
muito alto de pessoal.
A mentira: as manifestações nos HUs, que tem acontecido desde que
os trabalhadores das universidades entraram em greve, são de denúncia desse caos,
mas também são contra a EBSEHR, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares,
porque essa é uma empresa criada pelo governo, a qual ele chama de pública, mas
que é de direito privado. Isso significa que a partir de agora a lógica de
atendimento nos HUs será a das empresas privadas. Ou seja, doença vira
mercadoria. Os hospitais terão de cumprir metas de produtividade. E o que é
produtivo num hospital? Doença? A empresa também poderá contratar trabalhadores
via CLT, o que significa criar mais uma categoria de trabalhadores nos HUs,
esses fazendo as mesmas tarefas, mas tendo menos direitos que os trabalhadores
públicos.
Assim, a entrevista da
reportagem, que finaliza tudo, não por acaso é do presidente dessa empresa, a
qual levou dos cofres públicos mais de cinco (5) bilhões de reais para ser
constituída. Imaginem esse dinheiro todo indo para os HUs. Quanto bem não
fariam? Mas não, o governo preferiu injetar recursos numa empresa de caráter
privado. O mesmo de sempre. Os abutres que lucram com a dor humana ainda
recebem dinheiro público, dessas mesmas gentes, para depois cobrar novamente
pelo atendimento. Perversidade total.
A Globo, nessa noite de domingo,
cumpriu mais uma vez seu papel de referendar qualquer governo. Não importa sua
cor ou seu caráter. E o governo se utiliza – como sempre foi desde a sua
criação – dessa empresa que consegue chegar aos lares de quase todos os
brasileiros. Casamento perfeito para manter o povo enganado ou na esperança
interminável de que “agora sim”, a coisa vai.
O fato é que o estrago está
feito. Como desfazer essa ideia agora? Nós, com nossos panfletos, nossos atos
públicos? Como chegar a essas 180 milhões de pessoas e dizer que tudo aquilo
que eles viram no fantástico foi manipulação e mentira? Que os abraços nos HUs
são abraços de luta. Em defesa do serviço público e não do serviço privado que
essa empresa criada agora representa? Pois é! Tremendo desafio!
O que fica é a certeza de que o
velho Brizola estava correto na sua incansável luta para tomar a Globo. As
gentes precisam ter nas mãos o controle dos meios massivos de comunicação, para
evitar que mentiras como a que foi escancarada ontem à noite, não repitam mais.
7 comentários:
Nem tocar a greve dos servidores falaram. Nem falaram que o dinheiro do hospital de Porto Alegre 'brota em árvores no seu jardim'... se fosse oposição o PT estaria soltando fogos pelas vendas pela privatização; mas a Globo faz mais um favorzaço para o partido mais hipócrita e perigoso para os servidores da História do Brasil...
Desculpe-me a franqueza, mas seu texto, no final, beirou ao totalitarismo comunista de Stalin, ou o totalitarismo nacional-socialista de Adolf Hitler - para não evocar Evo, Kirshner, Chaves e Fidel.
Existe uma prerrogativa humana anterior ao "controle dos meios massivos de comunicação": liberdade. Quem critica a Rede Globo não vê que ela só existe por meio do consumo de ideias amplamente difundidas na sociedade brasileira de que ela é a verdade; porque ninguém conseguiu ser tão profissional quanto este empresa. Entretanto, há pouco mais de 5 anos, a RIC cresce no mercado da informação, criando um novo mercado no Brasil. No meio televisivo, a comunicação carece... mas a responsabilidade não pode ser de quem vende, mas sim do babaca que compra.
Antes de trazer uma proposta totalitarista e com ar de "vou salvar os fracos e oprimidos", que criemos uma concorrência. E, francamente, este tipo de texto à IELA é que não rola.
Só um dado, como gostas de escrever com veemência: os hospitais privados são os melhores do país; as escolas privadas, salvo a discrepância de dinheiro injetado, são as melhores do país, as estradas privadas são as melhores do país... a única coisa que o poder público consegue ser bom é no ensino superior (bem que eu acho a Casper Líbero bem melhor que qualquer UF - mas isso é gosto) e na arrecadação de impostos.
Vamos ser um pouco mais a favor das liberdade, né? O mundo já viu como funciona quando alguém se diz o detentor da sabedoria do que deve-se ou não fazer.
Abs
Olha, os alunos do Tambosi fazendo militância eletrônica. Gostei de ver..
Elaine,
assim você evoca o mais baixo argumento ad hominem, ou pior, uma falácia de culpa por associação.
Vamos ser razoáveis!
A única coisa que vejo, no seu argumento, é achar que você não está certa em restringir a liberdade. Ao invés de dar amplitude a ela, você propõe censura.
enfim... militância eletrônica seria mais pros vermelhinhos que acham que a esquerda e direita ainda é igual os tempos pré-1990.
Aí! Esta tal "Pravda" (правда) socialista ainda faz adeptos.
Vamos ler Adelmo? HAhaa
Quem luta pela democratização dos meios de comunicação sabe muito bem do que a Elaine está falando:terminar com os monopólios e ter algum tipo de controle social. Isto é democracia. Totalitarismo é condenar a humanidade a resolver todos seus problemas através da "livre concorrência". Por outro lado, citar Adelmo Genro Filho, só pode ser um deboche para um "articulista" que demonstra uma profunda indigência intelectual em seu texto, típica de "sere-produtos" destinados, pelo que parece, a serem peças de reposição da indústria jornalística.
Glauco,
parece que você não conhece a comunicação - de verdade. O único monopólio da comunicação existente é no Rio Grande do Sul, com a RBS... e claro, em Florianópolis na mídia de rádio (CBN é a única rádio de jornalismo na região). Mas Monopólio? Veja os índices! A CBN nem FM consegue ser... O único monopólio criado no Brasil surge com o Estado.
Segundo, ironia não é deboche. Adelmo está morto, enterrado e não sabe o que se passa - assim como toda a ideologia defendida por este blog.
Terceiro, minha indigência intelectual consegue, ao menos, entender que capitalismo é um modelo econômico e socialismo é uma ideologia política.
OBS: Realmente, não há como discutir com quem não sabe o que acontece com o jornalismo - porque está fora da esfera profissional - e ainda tenta ser um intelectual da área.
Abs
Não sou jornalista e nem eu nem qualquer pessoa necessita fazer parte desta "esfera profissional" para ter opinião sobre a sociedade e o modo como ela funciona, inclusive na área de comunicação e jornalismo. Infelizmente tua curiosa concepção quanto aos diferentes modos de produção e teu método para identificar o que seja um monopólio, confirmam o fenômeno da indigência intelectual a que me referi anteriormente. Quanto ao Adelmo, a obra dele e a concepção teórico filosófica que ele desenvolvia permanecem para serem lidas por quem queira fazê-lo, jornalista ou não. Se foi ironia tua referência a este jornalista, ela foi de péssimo gosto. De minha parte, dou por encerrada esta breve exposição de idéias, porque não vejo possibilidade de que isto se reverta em troca ou debate.
Postar um comentário